quinta-feira, 31 de março de 2011

VIDAS PEQUENAS - Rogério Camargo



As vidas que se escondem na miséria,
que têm um medo enorme de sair
à luz do sol e nunca se dão férias
da vigilância feita pra fugir;

as vidas que sucumbem na matéria
como se não houvesse pr’onde ir,
levam consigo tanta coisa séria
que matam a vontade de sorrir.


As vidas que no escuro fazem ninho,
que apenas tropeçando no caminho
conseguem dar dois passos vacilantes

são vidas acabadas mesmo antes
de haver algum começo, e o mais mesquinho
é o quanto se comparam co’s gigantes.

ROGÉRIO CAMARGO 
31.03.2011

terça-feira, 29 de março de 2011

RIGOROSO - Rogério Camargo


Sou muito rigoroso pra comigo.
Não me perdôo coisas tão humanas
que, se é com outro, facilmente digo
que ele está tendo uma visão insana.

Em cada erro aponto eu um perigo:
a imagem rasga ali suas membranas,
torna-se frágil, como um vaso antigo
em mãos desajeitadas e profanas.


Olho com fúria para uma inocência
cheia de medos e de inconsequência
e sou-me um implacável julgador.

Tivesse um olho menos carregado
e não veria em mim tão projetado
o que não é pecado nem horror.

ROGÉRIO CAMARGO
28.03.2011

Dinah Perry - musical Divas em Mongaguá, dia 9/4


Espetáculo, que fez temporada de sucesso no Teatro Augusta, em São Paulo, homenageia as estrelas Marilyn Monroe, Liza Minelli, Cyd Charisse, Leslie Caron e Ginger Rogers.

O mágico e eterno encantamento provocado pelas estrelas do cinema foi o quê inspirou Dinah Perry a montar Divas, espetáculo de teatro musical que será apresentado dia 9 de abril, sábado, no Centro Cultural Raul Cortez, às 21h.


Dinah assina concepção e direção da montagem que mescla textos originais de Renato Possidônio, coreografias criadas e interpretadas pela própria atriz e bailarina e direção musical do maestro Edmundo Villani-Côrtes. O espetáculo conta ainda com participação de quatro bailarinos/atores que contracenam e dançam com Dina Perry: Felipe Rodrigues, Lurian Reis, Renato Possidônio e William Mazzar.


Divas é uma montagem que tem como referência o glamour das estrelas dos anos 30, 40 e 50 do século XX, que marcaram época pelo talento, versatilidade e charme. Dinah faz uma releitura desses “anos dourados” dos musicais de Hollywood, simbolizados pelas divas Marilyn Monroe, Liza Minelli, Cyd Charisse, Leslie Caron e Ginger Rogers, mulheres que usaram o corpo como uma forma de expressão.


As cenas e coreografias são inspiradas nas fitas originais do cinema e nas características que imortalizaram as estrelas homenageadas. As referências são explicitas em Divas, mas o espetáculo é uma adaptação das películas originais, feita por Dinah Perry. Inclusive a trilha sonora segue a mesma linha: são temas originais, criados por Villani-Côrtes, que trazem apenas referências das trilhas dos filmes. O cenário reconstitui um cabaré, proporcionando o clima apropriado à encenação intimista e densa. A música ao vivo, executada pela pianista Deise Trebitz, é outro artifício usado pela atriz e bailarina para promover interação entre as cenas e maior intimidade entre espetáculo e espectador.


As personagens vividas por Dinah são instrumentos para elucidar e explorar o universo feminino mergulhando em temas como paixão, sensualidade, melancolia e amor, traduzidos em diferentes situações vividas pelas “divas”. Ela quer mostrar de forma poética a força da mulher; uma mulher que deixa sua marca na história da sociedade por meio do comportamento e das posturas sociais e artísticas.


O espetáculo une teatro e dança com a linguagem artística particular de Dinah Perry. Ela selecionou algumas cenas marcantes de musicais, estrelados pelas atrizes em questão, e as traduziu para o palco explorando os simbolismos das expressões femininas universais, contrapondo a realidade e o sonho, características antagônicas comuns ao universo da mulher. A realidade aparece nos textos autorais lúdicos, abrindo cada cena teatral; já o sonho da mulher se revela em forma de idealismo e fantasia, quando Dinah incorpora Merilyn, Liza, Cyd, Leslie ou Ginger e o corpo dançante se revela como expressão máxima da alma feminina.


Ficha técnica

Musical: Divas

Concepção, direção e coreografia: Dinah Perry

Elenco: Dinah Perry e bailarinos/atores (Felipe Rodrigues, Lurian Reis, Renato Possidônio e William Mazzar).

Textos: Renato Possidônio

Música (composição e adaptação): Edmundo Villani-Côrtes

Piano: Deise Trebitz

Preparação vocal: Efigênia Côrtes

Preparação corporal: Fernando Machado

Ficha técnica

Única Apresentação: Dia 9 de abril – sábado, às 21 horas

Local: Teatro Ronaldo Ciambroni (C.C.Raul Cortez)- www.mongagua.sp.gov.br

Av. São Paulo, 3465 – Vera Cruz – Mongaguá/SP – Tel: (13) 3507-5477

Ingresso: R$ 30,00 (meia: R$ 15,00) - Bilheteria: a partir das 14h no dia da apresentação – Não aceita cheque nem cartões - Duração – 60 minutos – Gênero: Teatro musical

Classificação etária: 12 anos – Capacidade: 320 lugares - Ar condicionado.


As Divas


Cyd Charisse - atriz e dançarina americana, nascida em 8 de março de 1922 - Ficou famosa em Hollywood como partner de Gene Kelly e Fred Astaire. Charisse chamou atenção em 1943 ao lado de Don Ameche em Something to Shout About e contracenou com Astaire em Ziegfeld Follies, em 1946. A consagração veio em 1952 com Cantando na Chuva. Ela também atuou em A Lenda dos Beijos Perdidos e Para Sempre Em Meu Coração. Na sua biografia (Steps in Time) Fred Astaire a definiu como Uma dinamite formosa. Depois do declínio dos musicais, Cyd interpretou vários papéis no cinema e na televisão entre 1960 e 1990. Foi casada, com o cantor Tony Martin, por quatro décadas, até sua morte em 17 de junho de 2008, aos 86 anos.


Ginger Rogers foi uma premiada atriz, dançarina e cantora, tanto do cinema como do teatro dos Estados Unidos. Sua mãe foi grande incentivadora de sua carreira, que começou aos 15 anos em vaudevilles. Aos 19, estreou em Hollywood no filme Inconstância, produzido pela Paramount. Conheceu Fred Astaire na década de 1930 e com ele fez 10 filmes musicais, tornando-se uma das suas mais célebres parceiras. Em 1941, ela recebeu um Oscar de melhor atriz pelo papel dramático em Kitty Foyle. Trabalhou em Hollywood até 1971, casou-se cinco vezes e fez quase 100 filmes entre musicais, comédias e dramas. Ginger Rogers faleceu em 25 de abril de 1995, de insuficiência cardíaca congestiva, aos 83 anos.

Liza Minnelli é cantora e atriz norte-americana, nascida em 12 de março de 1946, Los Angeles, Califórnia. Seu primeiro filme foi aos 14 anos. Dois sucessos internacionais deram grande fama à Liza nos anos 70: o papel de Sally Bowles no filme musical Cabaret, de 1971, pelo qual ganhou um Oscar, e o hino à “cidade que nunca dorme”, New York, New York, tema principal do filme homônimo de Martin Scorsese (1977). Esta canção foi, desde então, interpretada por numerosos artistas, entre eles Frank Sinatra, com quem Liza iniciou, em 1991, uma série de concertos na Europa. A estrela que como menina prodígio atuou com a mãe, Judy Garland, e, como narradora do filme Isto é o Espetáculo, em 1974, com Fred Astaire e Gene Kelly. Recebeu Globos de Ouro em 1980 e 1985. No final dos anos 90 estrelou um espetáculo na Broadway, Minnelli on Minnelli e, em 2006, gravou a canção Mama em parceria com a banda My Chemical Romance.


Leslie Caron nasceu na França em 1º de julho de 1931 e tornou-se uma atriz reconhecida atuando em musicais da década de 1950. Iniciou a carreira como bailarina, mas logo foi descoberta por Gene Kelly, com quem atuou no musical An American in Paris, vencedor do Oscar de melhor filme de 1951. O sucesso do filme lhe rendeu contrato com a MGM e logo estrelou no The Story of Three Loves e foi indicada ao Oscar de melhor atriz pela atuação no musical Lili. Depois atuou ao lado de Fred Astaire (Daddy Long Legs) e protagonizou Gigi (Oscar de melhor filme). Outros destaques na sua carreira são Fanny, The L-Shaped Room, Father Goose com Cary Grant, Is Paris Burning e La Diagonale Du Fou. Sua última aparição no cinema foi em Le Divorce, em 2003.


Marilyn Monroe é uma das mais famosas estrelas de cinema de todos os tempos. Seu nome representa muito mais que uma diva da sétima arte e rainha do glamour. Para muitos ela é um ícone, sinônimo de beleza e de sensualidade. Marilyn Monroe personificou o glamour de Hollywood com incomparável brilho e energia que encantam o mundo até hoje e continua sendo um ícone mundial de popularidade do Século XX. Marilyn atuou em 30 filmes e deixou por terminar Something’s Got To Give. Torrentes de Paixão foi o filme que a consagrou, em 1953, mas o que a tornou inesquecível foi O Pecado Mora ao Lado de 1955, dirigido por Billy Wilder. Quem não conhece a cena em que seu vestido branco é levantado na pelo jato do respiradouro do metrô? Marilyn nasceu em 1º de junho de 1926 e faleceu em 5 de agosto de 1962.


Dinah Perry


Com formação clássica, teve um papel importante no contexto da dança dos anos 80 ao lado da Cia. de Dança Jazz Company, na qual assinou direção, além de contribuir ativamente com a formação do panorama atual da dança e teatro-dança no Brasil. Formada pela Escola Municipal do Teatro Municipal de São Paulo, trabalhou com grandes nomes do jazz da dança de Nova York como Lene Dalle, Fred Beijamin, Jojo Smith e Redha Beintejour, entre outros. Dirigiu e coreografou inúmeros musicais e eventos no Brasil e Exterior, entre os quais destaque para O Mágico de OZ, ganhador do Prêmio APETESP de Melhor Coreografia.


No campo da dança contemporânea, Dinah já trabalhou com Sandro Borelli, Zetta, Ivonice Satie, Anselmo Zolla, Henrique Rodovalho, Denise Namura e Michel Bugdan, Armando Duarte (radicado nos E.U.A.), Mário Nascimento, Luis Arrieta, Jorge Garcia e Sérgio Rocha. Em teatro, com grandes diretores como Jorge Fernando, Paulo Goulart, Wolf Maia, Abelardo Figueiredo, Bárbara Bruno e José Capraroli. Possui também ampla vivência em circo ao lado do Circo Escola Picadeiro, Oz e Denise Lopes. Ela foi primeira bailarina e coreógrafa da tradicional casa de espetáculos Palladium, além de estagiar na Alemanha (Berlim), na Companhia Friedrichstadst – Palast.


Como coreógrafa e bailarina, Dinah Perry trabalhou nas seguintes montagens: São Paulo Night and Day (com Wilma Dias, Agnaldo Rayol, Pery Ribeiro e Maria Della Costa); Em Dia Com a Noite (com Elizete Cardoso); Sampa Rio Samba (com Mielle e Rose Meyre); Fantópera da Asma (com Lucinha Lins e Cláudio Tovar); Burlesque (com Dercy Gonçalves); Spot Light (com Lucinha Lins e Mielle); Meu Brasil Brasileiro (com Vilma Dias, Osaka/Japão), Meu Refrão Olê Ola (com Tony Ramos), Dercy e Peri Ribeiro; Broadway 125 e Dança dos Corpos (de Cláudio Maksoud); Oh! Calcutá; O Show Não Pode Parar; Jazz Company in Concert; Muito Especial; Brazilian In Concert (Osaka/Japão); musicais Vanessa Rangel, Zezé de Camargo e Luciano (direção Wolf Maia) e Criança Esperança (direção Jorge Fernando).


Dançou nas companhias FAR 15 (de Sandro Borelli), Pults (de Marcelo Bucoff e Jorge Garcia) e Cia. de Dança de Diadema (de Ivonice Satie). Atualmente, Dinah desenvolve o projeto de pesquisa Teatralização do Movimento, ligada à dança, teatro e circo, que insere uma visão teatral na estrutura e conceito da dança, buscando novas formas de pensar e fazer a dança contemporânea. Trabalhos desenvolvidos dentro do processo desta pesquisa: O Mágico de Oz, dir. José Caprarole (intérprete, coreógrafa e criação corporal); Cinderela, de José Wilker (intérprete, coreógrafa e criação corporal); Look, Book, Hip, House, direção Bárbara Bruno (intérprete, coreógrafa e criação corporal); O Amor Venceu, direção Bárbara Bruno (criação corporal); Vertigem, da 7 Cia de Dança (intérprete, direção e coreografia); O Cavalo na Montanha (criação corporal e coreografia); Manifesto de Uma Pessoa Feliz”, (criação corporal e coreografia); X Y, A Verdadeira Diferença Entre os Sexos (criação, direção, interpretação e coreografia); Retiro dos Anjos (concepção, direção, criação corporal e coreografia).


Atualmente desenvolve seu trabalho de pesquisa de linguagem com a companhia Artista do Corpo, na qual assina concepção e preparação corporal de O Cavalo na Montanha; concepção e coreografia de XY A Verdadeira Diferença Entre os Sexos (+ direção), Fração de Segundo (+ direção), Sonhos de Uma Noite de Verão (+ direção), A Noite do meu Bem, Por um Triz, Ir, Pra Onde Ir?, Mulheres Alteradas (+ direção), Por Enquanto.... (+ direção), Solo, Duo e Trio (+ direção) e Pensando Sobre... (+ direção).


Assessoria de imprensa: ELIANE VERBENA

Tel (11) 3079-4915 / 9373-0181- eliane@verbena.com.br

segunda-feira, 28 de março de 2011

CHUVA FRIA - Rogério Camargo

Debaixo da chuva muito fria,
bem longe de casa e sem ninguém
para resgatar a companhia
que esta solidão me diz que tem.

Sozinho e cercado pelo dia
em busca do sol que não me vem
sob a forma pura da alegria
que atravessa tudo e vai além.

O sol que me chega é suficiente
para compreender que existe luz
ainda que tudo mude em sombra.

E esta chuva fria, insistente,
nunca fez idéia de onde eu pus
o véu da verdade que me assombra.

ROGÉRIO CAMARGO    
26.03.2011

DE JANEIRO A DEZEMBRO - Rogério Camargo

Não gosto quando esqueço de escrever,
pois gosto muito, muito quando lembro.
Não é questão de ser maior prazer,
ou ver-me de uma confraria membro.

Não há o que me aproxime mais de ser
uma inteireza que jamais desmembro.
Ali eu me contenho – e me conter
é ir desde o janeiro até dezembro.

Não vejo plenitude em outra cousa
e, quando é outra, é sempre ainda esta,
que mansamente em minha mão repousa.

Eu gosto muito disto: não é festa
maior que o sol que o tempo todo ousa
oferecer-se à treva que o detesta.

ROGÉRIO CAMARGO
25.03.2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

No Frigir dos Ovos - Guaraci Neves


Pergunta:
Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão "no frigir dos ovos"?


Resposta:
Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos.
Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa.
E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas. Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.

Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos. Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas, como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão. Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese... etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou. O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco.
Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente. Por outro lado, se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco... A carne é fraca, eu sei.
Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois, quando se junta a fome com a vontade de comer, as coisas mudam da água pro vinho. Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.

Entendeu o que significa “no frigir dos ovos”?


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Acompanhamentos

Como vimos, além de rica em cores e sabores a culinária brasileira também oferece ótimos eufemismos e deliciosas metáforas. Desempenhando uma função social que vai muito além da nutrição, a comida, no Brasil, está relacionada a diversas manifestações da cultura popular, entre elas a linguagem.

Dessa interação nasceram várias expressões famosas e corriqueiras, verdadeiras "pérolas" do colóquio nacional. Saber a origem de algumas delas pode ser tão prazeroso quanto provar um bom prato. O difícil é conseguir provar a tal origem, pois quando se trata de expressões populares cada um tem sua própria versão.

As descritas abaixo são as minhas versões, às vezes, inspiradas na de outros, já que andei pesquisando um pouco. Não acredite em tudo. Mas, por mais estapafúrdias que pareçam, certas origens podem muito bem ser verdadeiras.

- A carne é fraca – Essa expressão retirada da bíblia representa a dificuldade de se resistir a certas tentações. A gula (pecado ou não) está sempre nos mostrando isso, porque a carne pode até ser fraca, mas grelhadinha no molho de mostarda...hum! Fica divina. "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca". (Mt. 26:41)

- Apressado come cru – Como o microondas e o fast food são invenções recentes, até certo tempo atrás era preciso esperar um pouco mais para a comida ficar pronta, ou então comê-la crua. Nessa época a culinária japonesa ainda não estava na moda, logo comida crua era vista com maus olhos, e a expressão passou a ser usada para significar afobamento, precipitação...etc.

- Arroz de festa – Assim são chamadas aquelas pessoas que não perdem uma festa por nada, tendo ou não sido convidadas pra mesma. A origem dessa expressão talvez advenha do costume de se jogar arroz em recém casados. Mas o mais provável é que ela tenha surgido devido a uma antiga tradição portuguesa. Nas festas e comemorações das tradicionais famílias portuguesas nunca faltava uma sobremesa feita com arroz, leite, açúcar e algumas especiarias (arroz doce) e que era conhecida, na época, como "arroz de festa".

- Chorar as pitangas – Pitangas são deliciosas frutinhas vermelhas cultivadas e apreciadas em todo o país, principalmente nas regiões norte e nordeste. A palavra pitanga deriva de pyrang, que em tupi guarani significa vermelho. Sendo assim a provável relação da fruta com o pranto vem do fato de os olhos ficarem vermelhos, parecendo duas pitangas, quando se chora muito.

- Comer o pão que o diabo amassou – Significa passar por uma situação difícil, um sofrimento. Imagino que a origem dessa expressão venha do fato de que deve ser, realmente, indigesto engolir um pão amassado (amassar é o mesmo que fazer a massa) pelo capeta. Além da procedência, nada confiável, do produto (se vem do coisa ruim, boa coisa não pode ser) tem grandes chances desse pão vir queimado, já que foi assado no fogo do inferno.

- Dar uma banana – É das poucas expressões que são acompanhadas por um gesto. Aliás, neste caso, o mais provável é que o gesto tenha inspirado a expressão, já que ele existe em vários países como Portugal, Espanha, Itália e Brasil. Em todos esses lugares o gesto significa a mesma coisa: um desabafo ou uma ofensa. Já a alusão à banana é exclusividade tupiniquim e fica por conta da criatividade, tão peculiar ao brasileiro.

- Farinha do mesmo saco - "Homines sunt ejusdem farinae" esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. Como a farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha ruim, faz-se essa comparação para insinuar que os bons andam com os bons enquanto os maus preferem os maus.

- Pagar o pato – A expressão deriva de um antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado, sendo assim passou-se a empregar a expressão para representar situações onde se paga por algo sem obter um benefício em troca.

- Ser de meia tigela – Na época da monarquia portuguesa muitos jovens habitavam os castelos, eles prestavam serviços domésticos à corte e recebiam alimentação e moradia por isso. Entre estes jovens, haviam vários vindos do interior, que pela pouca experiência e origem humilde, eram desprezados pelos veteranos, sendo ironicamente tratados por "fidalgos de meia tigela", já que embora habitassem o palácio não participavam de rituais importantes da corte. Como em alguns desses ritos quebravam-se tigelas, dizia-se que eles eram de meia tigela porque nunca quebrariam a tigela, privilégio reservado aos nobres.

Bom, essas são algumas das histórias mais interessantes, mas se você se interessou pelo assunto e quer continuar a desvendar a origem das expressões, pode recorrer a sua própria criatividade, a sua avó e as amigas dela do jogo de biriba ou então aos seguintes livros:

- De onde vêm as palavras, Deonísio da Silva (Editora A Girafa, 2004). - Neste livro se encontram milhares de verbetes explicando a origem etimológica de várias palavras e expressões. Mais do que desvendar a origem, Deonísio explica, em alguns casos, a história das palavras e como elas se modificaram desde o seu surgimento.

- Mas será o Benedito?, Mario Prata (Editora Globo, 1996) - Várias histórias criadas pelo autor para explicar a origem de algumas expressões populares faladas por nós estão presentes neste livro. Privilegiando mais o humor que o rigor científico, Mario Prata assume que inventou a maioria dos verbetes sem se preocupar com a verdade histórica. O livro também pode ser encontrado na Internet, no site do autor está disponível uma versão integral do texto, o endereço é: www.marioprataonline.com.br
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 Texto acrescido à partir do blog O Bonde possivel fonte original encontrado em http://www.bonde.com.br/ficha.php?id_bonde=1-14--1688-20050520&oper=imprimir(Danny Marks)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ela - Maneisha (Joelma)


Desejo que chegue leve e mansa, mas também intempestiva. É necessário que ela não seja rude comigo, mas que alie-se a mim, já que sempre estivemos do mesmo lado. Tomo isso como um compromisso diplomático, nós contra a vida.

Nos dias em que desisti da disputa, ela não esteve ao meu lado, o que me deixou muito, muito sorumbática. Que tipo de aliada é você? Dona da Foice? Que inferno, qualquer um pode ter uma foice, mas se não for para foicear, de que serve?

Por favor, seja branda e pontual. Não me mate assim aos estrebuchos, isso não é decente. Se impossível ser branda, seja repentina, ao menos, um acidente fatal, que tal?

Prefiro não encontrar-te na cama, a não ser que seja numa noite de sono, não leve a mal, é que você não me excita, apesar de ser assim tão jovem branca e atraente sob o seu capuz. Não se insinue com o cabo! Nada de estupros ou empalações!

Você é o tipo de gente que a gente encontra só uma vez na vida mesmo, e normalmente não podemos conversar bem. Se fosse possível adiantar algumas perguntas, eu as faria, tipo... Quem foi sua consultora de moda? Tudo bem que é necessário, mas, foice e capuz? Com esse corpinho magro, eu me apresentaria de shortinho. E não me ameace com o inferno! Isto não está na sua jurisprudência, exijo meu advogado!

É você? Retiro o que disse, prefiro ficar sem advogado mesmo.
Essa sonsa malacabada vai me levar de qualquer jeito. Opz, sonsa malacabada estava falando da minha colega, claro que não de ti, chegue mansa, branda, de repente, isso. Obrigada por entender.
ZAZ!

Gostaria de dizer agora, no último momento, que eu peço perdão por nada, que faria tudo novamente, pois é da minha natureza, que fiz o melhor que pude, o que não foi, claro, grandes coisas, ou não.

Gostaria de dizer que errei muito, gostaria de dizer que te amo, gostaria de te amar, gostaria que meus órgãos fossem aproveitáveis e gostaria de ser cremada, se possível, embora as cinzas não devessem ser entregues a ninguém especial, pois qualquer um pode jogá-las no ralo da pia, tanto faz.

Gostaria de dizer que tanto faz como tanto fez. Que se foda, que se dane, que se exploda. Gostaria de não ter nascido, aliás, mas nasci, a gente nunca é livre de fato.

Perdi a conta de quantas vezes quis morrer, e também de quantas vezes quis viver, mas nunca tive coragem. Gostaria de ter coragem, da próxima vez.
Gostaria de ser eu mesma, com um olho diferente. Gostaria de um olho de mosca ou de fuzil. Gostaria de morrer logo, mas que inferno!
Gostaria que fosse agora, mas não é.

AS TRÊS MENINAS DO ÔNIBUS

No ônibus as três meninas iam
numa conversa super animada.
E geralmente uma conversalhada
assim bem mostra o quanto só se fiam

os muito jovens no que mal aliam
de uma percepção equivocada
com fantasia tão descalibrada
quanto os motivos pelos quais se riam.

Aquelas três, porém, contrariavam
todo um histórico (meu, inclusive)
de inconsequência e de futilidade.

Inteligência no que observavam
e uma alegria limpa de quem vive.
Em meu silêncio fui cumplicidade.

ROGÉRIO CAMARGO
19.03.2011

MOMENTO - Rogério Camargo

A paz que a brisa da simplicidade
me trouxe num momento quase mágico,
até me pareceu felicidade,
de tanto que afastou o clima trágico.

Trocar o peso pela suavidade
num estalar de dedos, simples átimo
de dar um passo ao lado, na verdade,
sem que medisse o mínimo ou o máximo.


Deixar cair, deixar passar, deixar
que siga o seu caminho a natureza
que tanto dificulta minha vida.

Eu sou a minha casa, eu sou meu lar.
Ninguém afora eu, me põe a mesa
ou vai me preparar toda a comida.

ROGÉRIO CAMARGO
21.03.2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

Linhas Tortas - André Frutuoso

Queria eu ter o talento
Dos célebres poetas de além-mar
Que lindas mensagens deixaram
Com seu dom para rimar.

Desenho palavras ao vento
Que do meu coração escapam
Esperando que encontrem abrigo
Nalgum ouvido sereno.

Sinto-me como carpinteiro
Que com as ferramentas que possui
Constrói com zelo e respeito
Frases de amor e alento.

Um dia vou conseguir
Bela obra construir
Não para me vangloriar
Mas para muitos abraçar.

André F. Frutuoso

FALSO ALEXANDRINO II - Rogério Camargo

Digo de mim o tempo todo e poderia
dizer de ti se me deixasses conhecer-te.
Não é possível ser profundo com um flerte
que passa rápido e fugaz na fantasia.

Há muita cor mesmo na sombra em qualquer dia.
Fechando os olhos, como podes aprender-te?
E com ouvidos assustados, eu dizer-te
é quase igual a não dizer: sem garantias.


Não vem de fora o que é de dentro e permanece
ditando regras mesmo após conhecimento
que, menos mal, revoluciona quase tudo.

Preso na forma o apegado não se esquece,
vive de si, de ser a fome e o alimento.
Falar-lhe, então, é a mesma coisa que ser mudo.

ROGÉRIO CAMARGO
17.03.2011

terça-feira, 15 de março de 2011

Soneto - Rogério Camargo

É tudo muito, muito, muito intenso.
Cabe uma vida num fim-de-semana.
O clima interno é tão espesso e denso
que, lá de longe, distensão me abana.

É um fato triste: vivo sempre tenso,
mas nem por isso esta visão se engana:
a intensidade e seu valor imenso
viaja aonde a fantasia plana. 


Se isso não morre enquanto vive aquilo,
nada mais é do que a normalidade
seguindo adiante pelos seus trajetos.

Não se tem ego para destrui-lo,
mas para ver com ele uma verdade
que ao fim da estrada nos fará completos.

ROGÉRIO CAMARGO 
13.03.2011

quinta-feira, 10 de março de 2011

VIROSE - Rogério Camargo


Dizem que deve ser uma virose
e não sou eu quem vai lhe discutir.
Só sei que se instalou como um vizir
e eu não desejo repetir a dose.

Mesmo que a normalidade pose
de perturbada e faça-me sentir
dificuldades para prosseguir,
convivo bem com sua tortuose. 


Mas dessa coisa que atrapalha tudo,
que deixa fraco, tonto e manietado,
eu dela gostaria de distância.

Muito infantil, eu sei, me lembra a infância,
aonde eu me sentia inconformado
numa guerra sem lança e sem escudo.

ROGÉRIO CAMARGO
10.03.2011

quarta-feira, 9 de março de 2011

Para ler como um Escritor - Danny Marks



O primeiro passo para ser um escritor é aprender a Ler, claro que não me refiro aqui a simples interpretação dos signos lingüísticos alcançada através do letramento, o conceito de “Ler” que estaremos usando é o de interpretação do mundo, seja ele interno (psiquismo pessoal), externo (psiquismo interpessoal) ou universal (dos ambientes gerais do mundo: sócio, políticos, econômicos, etc).
Todos os seres vivos nascem com uma determinada capacidade de ler o mundo que é necessária a sua sobrevivência  e ajustada às características de sua espécie.
No ser humano, essa ferramenta embora muito complexa desde o nascimento, precisa ser aprimorada ao longo de toda a vida devido às infinitas possibilidades geradas nas relações interpessoais que a humanidade cria a sua volta. É fundamental que isso ocorra para que o ser humano possa sobreviver e se comunicar, e desta forma evoluir gradativamente.
Como pode ser observado, o letramento é apenas uma das ramificações que o LER permite. Mesmo antes de obter o letramento, ainda no colo da mãe, o bebê já consegue ler o seu entorno e ir aos poucos construindo o seu espaço interior, onde sua mente e os seus sentimentos serão guardados e poderão acumular experiências e desenvolvimento que propiciarão a maturidade psíquica.
Uma das ferramentas que a mente utilizará para ampliar e construir a riqueza desse mundo interior é a imaginação. Através dela será possível captar o entorno, as projeções feitas pelo Outro (qualquer pessoa que não seja o próprio agente da apreensão) e as leituras do mundo dito real. Através da imaginação é possível extrapolar os conceitos absorvidos e devolve-los ao mundo com as próprias projeções, estabelecendo a comunicação.
Portanto para que haja uma comunicação é necessário que seja desenvolvida a capacidade de Ler o mundo, interiorizar essa leitura tornando-a parte do psiquismo pessoal que vai se desenvolvendo com o uso da imaginação e, por fim, devolver ao mundo a sua leitura daquilo que foi absorvido e interpretado para que possa ser lido e apreendido pelo Outro.
O conceito básico é bem simples: Só se pode dar o que se possui.  Portanto só podemos devolver ao mundo o que foi internalizado e processado de forma a fazer parte do que somos para então poder ser projetado de volta.
Todas as tecnologias advém desse processo de apropriação => processamento => ampliação do conceito => construção da realidade.
O homem observa a natureza e se apropria através dessa leitura de mundo de conhecimentos que lhe permitem desenvolver-se e projetar novos meios de interação com o ambiente. Quanto maior o conhecimento for absorvido e integrado, ou seja, amalgamado com o Ser, maiores serão as bases para o “Salto Criativo” que é uma extrapolação de um conceito para algo muito além dos vínculos diretos possíveis.
Esse salto criativo é dado pela imaginação que é capaz de vencer as linearidades do raciocínio lógico e criar novos raciocínios paralelos e perfeitamente compatíveis. A imaginação é a ponte que liga os conceitos e as possibilidades de extrapolação (ampliação não linear) dos mesmos.
Esse mecanismo é o que permite associar a queda de uma maçã de uma arvore ao conceito de atratividade dos planetas, ou seja a teoria da gravitação universal , ou o que permite a uma criança ler uma HQ e transpor conceitos de relações interpessoais para a sua própria vivência através do lúdico.  As brincadeiras dos leões com os seus irmãos, permite que ele aprenda a arte da caça. As brincadeiras das crianças em uma roda de amigos, permite que ela compreenda como se comportar em sociedade. Todos esses são exemplos de extrapolação de conceitos simples para conceitos mais amplos através do uso da imaginação aplicada a leitura de mundo e interiorização do entendimento das relações implícitas.
Como pode-se perceber, a extrapolação de conceitos não é um recurso usado apenas pelos grandes gênios da humanidade em casos extremos, é algo comum a todos e que permite que uma criança que nunca viu um prédio de apartamentos (casas empilhada umas sobre as outras) entender facilmente o que é visto porque um dia ela empilhou caixas ou outros objetos. O mesmo conceito com aplicabilidades diferentes e sem uma relação direta racional, e sim paralela. Uma relação direta permitiria a criação de arquivos com gavetas, mas não a construção de prédios. Por outro lado a compreensão de como é um prédio permite entender o conceito que a natureza utiliza para células e como são organizados os órgãos internos, e estes permitem que se compreenda a organização de uma sociedade.
Para que seja feita uma associação direta entre um prédio de apartamentos e um arquivo de gavetas, por exemplo, é necessário que haja uma característica imaginativa que transforme os conceitos em algo facilmente trabalhado pela imaginação, linkando-os através do uso metafórico. Este é o processo que os artistas usam para construir sua visão de mundo e tornar as suas leituras formas abstratas de arte, ligando diretamente o mundo interno e sua realidade ao mundo universal e sua concretude conceitual sem que haja perda de uma “leitura” passível de ser reapropriada pelo outro.
Os artistas possuem a capacidade desenvolvida de perceber essas ligações não tão explicitas e torna-las claras para todos através do que chamamos de arte, ressaltando através dos seus recursos justamente o que de outra forma passaria despercebido.
Portanto, para que se possa ser um escritor, é preciso antes de tudo:
- Ser capaz de fazer leituras do mundo cada vez mais intuitivas e perspicazes criando links entre as possibilidades lógicas e suas extrapolações.
- Desenvolver a imaginação de forma que ela possa dar esses Saltos Criativos e através deles fazer as pontes conceituais.
- Desenvolver a habilidade de transmitir as imagens e interpretações do seu mundo interior e traduzi-las de uma forma compreensível para o Outro de forma a ampliar as possibilidades de comunicação eficiente.
Propiciar elementos que permitam aos nossos leitores conquistarem essas habilidades e as desenvolverem de forma satisfatória para os diversos usos possíveis é a proposta deste espaço e das aulas que serão ministradas.
Que a viagem através desse universo interior possa ser agradável e instrutiva a todos e possamos com esses novos mecanismos construir realidades cada vez mais coerentes com o que somos e o que desejamos ser.

Projeto Oficina


Seja bem vindo a este espaço cultural.
O objetivo da construção deste espaço é levar uma luz à esse fantástico mundo da Arte e da Expressividade Humana buscando, de forma simples e objetiva, construir uma ponte que permita vislumbrar a qualquer pessoa interessada o universo de possibilidades de comunicação, auxiliando no desenvolvimento das ferramentas básicas para ampliar essa expressividade.
As propostas que serão apresentadas aqui, foram desenvolvidas para atingir o maior numero de pessoas, instruindo-as sobre o processo criativo de uma forma divertida e interessante e possibilitando que aqueles que nos acompanhem nessa jornada possam ampliar as suas capacidades criativas para os usos que se fizerem necessário.
O foco central será a dar dicas sobre a preparação básica para a formação de um escritor, mas mesmo os que não tem a pretensão de tornarem-se profissionais da escrita também poderão beneficiar-se deste espaço informativo.
Como em toda atividade comunicativa a interação é desejável, senão necessária, e os leitores podem se manifestar através do espaço de comentários para solicitarem ampliação dos temas, efetuarem perguntas pertinentes aos temas ou apenas opinarem sobre os rumos apresentados.
Este espaço é democrático, para ser utilizado de forma coerente com os interesses de aprendizado dos que o acessam e através do seu uso fomentar uma melhor qualidade de leitura e escrita para os usuários.
Eu sou Danny Marks, autor do livro Universo Subterrâneo (Ed Multifoco), ativista cultural, formado em ADM e cursando Letras, Editor responsável pelo selo CÉLULA de FC da editora Multifoco, e serei o seu guia e orientador nesses primeiros passos na arte da Escrita que é uma das principais formas de levar cultura, conhecimento e lazer de forma acessível a todos.
Conto com a sua participação, divulgação e compreensão para que possamos desenvolver um trabalho de excelência e referência para a construção de um mundo melhor para todos.

Obrigado,

Danny Marks

Resenha Portal Fahrenheit - por Breno J. Portugal (recebida e encaminhada por email por Nelson Oliveira)






Recebi esta resenha escrita pelo Breno J. Portugal, aluno de Letras da USP sobre o Portal Fahrenheit e encaminhada pelo Nelson de Oliveira, organizador do projeto do qual participei com o conto Mesozóide (vide resenha no corpo do texto) e, como o projeto prevê, estou colaborando na divulgação da mesma.
 
Um excelente texto, vale a pena ler.

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Caro Nelson, saudações.

Não sei se você vai se lembrar de mim… Conversamos rapidamente durante o lançamento do Portal Fahrenheit, na biblioteca Viriato Corrêa, e você até me presenteou com um exemplar da revista. Fui ao evento levado por alguns amigos, e apesar de não ser fã de carteirinha de ficção científica, li com muito interesse os contos publicados por vocês. Atendendo ao seu pedido, envio-lhe minha resenha do Portal Fahrenheit. Atualmente estou cursando Letras na Usp, e planejo mostrar a revista e minha avaliação também aos meus colegas de faculdade. Acho importante abrir as janelas da sala de aula e deixar entrar o contemporâneo. Talvez eu apresente o texto também como trabalho final, em uma das disciplinas.

O projeto de uma revista com cara de livro (os europeus fazem muito isso), mas sem finalidade comercial, me causou certo espanto. Como assim? A revista não será vendida? Esse pessoal da ficção científica está sempre inventando moda, pensei. Mas no final gostei da proposta. É uma forma pouco comum de cortar a corrente que liga a literatura ao comércio. Como se vocês dissessem: a grande arte não pode ter preço.

Durante a leitura fui dividindo os contos em três categorias: os de linguagem simples e enredo complexo, os de linguagem complexa e enredo complexo e os de linguagem complexa e enredo simples. Como você sabe muito bem (você me disse que fez pós-graduação na FFLCH, certo?), nós, da academia, estamos sempre de olho na intensidade e na personalidade da linguagem literária. Mas isso não significa que uma categoria seja intrinsecamente melhor do que a outra. São apenas diferentes.

Linguagem simples e enredo complexo

O mundo dos seus sonhos, de Mustafá Ali Kanso. Achei interessante o autor trazer o amor para a cena, usando-o como base num conto de ficção científica. Kanso narra, com sentimento, o incômodo na rotina de um casal em que o homem ama mais e daí “a dor e a humilhação de não ser correspondido… A espera de migalhas”. Na busca desesperada por uma saída, o homem recorre a um livro que ensina como conseguir a lucidez onírica por meio de técnicas trazidas da Antiguidade clássica. Então ele consegue esse sonho perfeito e nele se realiza. Encantado, ele vai cada vez mais fundo com as técnicas, desenvolve um aparelho e a partir daí a história se desenrola. A trama é bem construída, começa muito bem e vai num crescendo que envolve tecnologia futurista e tudo o mais. No entanto, se o conto provoca reflexão sobre os perigos da acomodação e dos descuidos no casamento, o final deixa a desejar, porque Kanso adiciona açúcar demais na mistura do encerramento, não permitindo ao leitor que viaje no desenvolvimento dessa receita.

Em O bunker cretáceo, de Ataíde Tartari, um prestigiado professor de Geofísica é chamado até a Antártida para ajudar a solucionar o seguinte mistério: a descoberta de uma enorme edificação de concreto que data de 65 milhões de anos. Como assim, concreto naquele período? Aprofundadas as escavações, os cientistas descobrem que a edificação, mesmo tendo permanecido debaixo da terra todo esse longo período, é habitada por uma raça excepcionalmente mais evoluída que a humana. Com bom domínio do texto, esse escritor nos traz uma história bem construída, bem contada e com final aberto, sobre como o passado remoto e escondido pode voltar para assombrar o futuro. E o humor é o grande diferencial dessa narrativa, pois Tartari, de forma hábil e mão leve, aplica uma fina camada de ironia sobre os conflitos naturais entre duas raças: a dos geofísicos e a dos paleontólogos, ambas disputando espaço em suas áreas de pesquisa. Uma leitura prazerosa.

Em Tempestade solar, de Roberto de Souza Causo, encontrei uma viagem interplanetária, um asteróide laranja e uma adolescente transformada na mais perfeita arma humana. Pronto, com esse ponto de partida, Causo, tarimbado ficcionista e ensaísta, nos fala de um futuro em que um importante laboratório de pesquisas médicas patrocina pesquisas de engenharia genética ilegal para a criação de trans-humanos. Com todos os artifícios e a terminologia própria do gênero, o autor soa confortável ao narrar a aventura de Shiroma, a garota que perde a mãe aos 5 anos e, desde então, vem sendo manipulada para dar conta de ações quase suicidas. Mas esse conto tem uma virada e a garota manipula seu destino. E aí está o ponto-chave nessa ficção deliciosa de ler, que abre a imaginação do leitor. Enredo e personagens tão bons, que pedem continuidade, e certamente atrairão cineastas e o pessoal dos quadrinhos. Eles que não bobeiem.

A trama de Réquiem, de Petê Rissatti, se passa num futuro não explicitado, onde o ato de sonhar é terminantemente proibido por lei, “sob pena de multa e até de execução”. Para evitar que as pessoas sonhem, o Governo Mundial distribui um medicamento específico (o Réquiem: Repressor Químico para Ecmnésia Mensurada, daí o título) e elas o tomam por medo de infligir as regras. Mas o conformado Ivan certa noite esquece de tomar a tal pílula e o inevitável acontece. A partir daí ele passa a ser perseguido, rebela-se, ingressa num grupo revolucionário e assim transcorre toda essa aventura. Um texto bem criado e bem conduzido por esse jovem autor, que descreve com detalhes consistentes a sociedade futurista por ele imaginada, até com pitadas de bom humor. O final cumpre a promessa estética do conto, pois surpreende, abrindo espaço para mais história na cabeça do leitor.

Deus é brasileiro?, de Sid Castro. O título não faz jus à diversão que encontrei nessa narrativa. A partir da imagem de um Cristo removido do corcovado, o autor instaura o movimento da Revolução de Deus nos Campos de Fé do Brasil. Dividido em três pequenos capítulos, a introdução apresenta com profundo sucesso o universo da guerra entre o Apostolado dos Trezentos Pastores e os pecaminosos Darwinistas, Coelhistas e Xavieristas. A Igreja Internacional Deus é Brasileiro salta das páginas a qualquer leitor que já tropeçou em um dos programas evangélicos que são transmitidos madrugada adentro. Há cenas dignas de um Tropa de Elite do Senhor, e é no final apoteótico dentro da Catedral de Brasília onde se desdobra o verdadeiro significado de um Apocalipse para a FC brasileira. As raízes culturais, a ironia levada a sério e o ritmo alucinante da narrativa tornaram esse conto um de meus favoritos.

Aspieville, de Laura Fuentes. Aqui a autora navega no tempo e por diferentes locais e países, e mergulha no Mal de Asperger (doença que vem ganhando bastante visibilidade) para criar uma ficção sobre uma época em que a ciência será capaz de criar seres portadores dessa doença, com o intuito de aproveitar a extrema concentração de seus portadores. Em prosa poética, Laura nos leva a conhecer melhor o cotidiano de crianças especiais, o seu desenvolvimento, e apóia sua narrativa no perigo das corporações utilizarem esse tipo de trabalhador em prol do incremento da produtividade e do lucro. A leitura é prazerosa e ao mesmo tempo assustadora, pois o futuro que a autora imagina está aí, na virada da esquina, uma vez que recentemente foi divulgada a notícia de que já conseguiram localizar o cromossomo responsável por essa doença. Fica a questão: será que esse conto deveria estar nesta antologia dedicada à sci-fi?

O apanhador do tempo, de Márcia Olivieri. A autora, em uma narrativa na primeira pessoa do singular, nos revela o testemunho de um réu estranho e misterioso, mas perde uma boa oportunidade de correlação com outro clássico Apanhador. Dono de uma longevidade alquímica, o protagonista segue justificando ao leitor muitos crimes inexplicados no decorrer do conto. A narrativa apressada não aprofunda muito bem o personagem ou o enredo, e me incomoda no que tange à verossimilhança de um relato perante um júri. Por fim, a história questiona o leitor, com um desenlace aberto que melhora o texto em certo aspecto, mas ainda assim me parece deslocado dentro de si mesmo.

Adorei o miniconto de Ricardo Delfin, Minhas férias. Uma vez vi alguém falando na televisão que tecnologia é tudo aquilo que foi inventado depois de nós nascermos. Achei engraçada a ideia das crianças circulando e tratando de temas comuns da ficção científica de forma bastante despachada, sem o menor respeito, sem a menor noção de perigo. Isso me fez pensar se não vivemos, nós, adultos, uma situação parecida, indiferentes ao alto preço que as próximas gerações irão pagar por tudo que andamos fazendo com o mundo. Essa é minha modesta interpretação… Mas a verdade é que se pode ler e rir muito com esse conto.

Linguagem complexa e enredo complexo

Meu amigo que acompanha o Projeto Portal comentou que o conto de Mayrant Gallo, Invasores, segue uma linha oposta daquele publicado no Portal 2001. Nesta nova narrativa não estamos em um Brasil superpotência, mas sim em uma realidade pós-apocalíptica na qual sofremos uma invasão alienígena que acabou por provocar uma regressão da civilização. A atmosfera acaba sendo a de um faroeste futurista, onde o Estado desapareceu e as comunidades precisaram se reorganizar um pouco por si mesmas. A maior força de Invasores está no crescente relacionamento entre os humanos e os invasores, mas eu penso que seria preciso mudar o foco da trama para o rapto em si, para que a ideia seja melhor aproveitada.

Mesozóide, de Danny Marks, é uma mistura breve e súbita de conceitos de FC — ciborgues, pós-humanismo, física atômica, viagens estelares e temporais —, em que o ficcionista nos apresenta sua versão de um exterminador do futuro mais possível, mais familiarizado com o universo da FC, que veio tentar evitar o que o autor batizou de Grande Erro. Ao final, a narrativa nos deixa a pergunta: será que ele teria sido bem-sucedido ou ainda virá a ser? Curto e dinâmico. Agradou bastante.

Pesquisando no Google descobri que (Ficção especulativa), conto de Brontops Baruq, usa uma referência antiga: o conto Ondulações no mar de Dirac, publicado há anos na revista Isaac Asimov Magazine, sobre uma máquina do tempo diferente. Ela só podia retornar ao passado, mas as ações realizadas lá não interferiam nos acontecimentos no momento presente. Ondulações, de Geoffrey Landis, usa essa ideia para tratar da vida estranha do protagonista, capaz de viver grandes peripécias, mas todas elas inúteis, sem resultado. A máquina de Brontops, apesar de usar o mesmo princípio, é usada para a investigação e a vigilância dos cidadãos, e vemos a história sob o ponto de vista de uma dupla de policiais. Desconfio que existem vários pontos para discutir neste conto, mas, para mim, sobressai a questão do poder da autoridade.

O conto do Abílio Godoy, COMum, como o de Kanso, parece ter recebido influência do filme A origem. Afinal ambos tratam da capacidade de se adentrar no mundo dos sonhos… Ou algo parecido com isso. Mas o resultado é bastante distinto e bem menos pirotécnico, e a linguagem do conto é tratada com bastante cuidado… Talvez seja o mais relevante, nesse sentido. Porém, não sei se por isso mesmo, me deu a impressão de muita frieza ou melancolia. É a história da desilusão de um cientista que participou do planejamento e da criação de um sistema para navegação coletiva em sonhos… Mas ele foi expulso da jogada porque o projeto foi encampado por corporações interessadas em lucrar com o aparelho. Foi desenvolvido então uma espécie de jogo (o COMum) no qual o melhor ilusionista ganha a competição. Eu não gosto de dar explicações alegóricas, mas entendi essa narrativa como uma crítica ao sistema artístico e como este acaba se curvando às necessidades econômicas. Eu poderia resumir assim a mensagem final: quando o sonho deixa de ser sonho, vira realidade.

O conto Devoção, de Izilda Bichara, é uma deliciosa narrativa nonsense protagonizada por duas figuras do universo on-line: o Homem Google e a Mulher Antivírus. Quem aprecia as criativas e irreverentes ficções de autores como José Agrippino de Paula e Paulo Leminski, vai se divertir muito com as peripécias dessa dupla de cores e formatos estranhos. A autora certamente é apreciadora da arte e da literatura surrealista, pois Devoção mistura sonho e realidade, dialogando de modo muito criativo com o trabalho de Salvador Dalí e Luis Buñuel, dois criadores que sempre me agradaram muito.

A Senhora do Lago, de Georgette Silen, única autora que eu conhecia nessa revista. Conheci a narrativa cadenciada de Georgette no conto O caçador de Deus, da coleção Paradigmas, e já li uma entrevista da autora no site Criando Testrálios. Fã declarada de As brumas de Avalon, nesse conto a autora cria uma versão middlepunk de um relacionamento às avessas entre Galahad e Arthur. Nela, Merlin possui um implante de canhão no lugar de um braço e os cavaleiros da Távola redonda cavalgam bestas metálicas articuladas com engrenagens de estanho. No universo da autora, Morgana de Avalon faz um papel alienígena junto aos seus, “os Celtas, o povo que veio das estrelas”. Diante de uma Excalibur prismática, menestréis testemunham espadas com fio a laser cerzindo juramentos de lealdade tirados das novelas de cavalaria. Uma boa surpresa num livro de FC, para quem, assim como eu, se declara um fã da saga pendragoniana. Não vejo a hora de buscar Lazarus, o mais recente lançamento da autora.

Os olhos do gato, de Luiz Bras, é sem dúvida um dos meus favoritos na coletânea. Fiquei fascinado com a maneira que o contista combina forma e conteúdo dentro da literatura de gênero. Nesse conto, acompanhamos uma versão moderna do mito das amazonas, onde mulheres, homens e gatos de estimação compõem uma fábula breve sobre os horrores, as maravilhas e as verdades de se tornar um adulto. A fórmula estrutural simula uma sucessão de flashbacks entremeada por cortes como os de um filme, facilitando muito a imaginação do leitor ao longo da narrativa. A coisa que mais chama a atenção são as nuances emocionais da protagonista, que vão da doçura à frieza calculista bem feminina. O trecho mais marcante na minha leitura foi: “Crescer é se perguntar todos os dias: de quantas maneiras uma pessoa pode se ferir?”

O banho de Diana (sonata tripla em pi menor), de Bruno Cobbi, protagonizado apenas por mulheres guerreiras, investe na releitura paródica de certa história da mitologia grega. Diana, grávida, acorda num vagão de metrô deserto, numa estação vazia. Sua solidão é física e metafísica, e o suspense começa a tomar conta da trama. Cobbi foi muito competente ao criar um enredo de mistério e solidão, com final cíclico surpreendente. É curiosa a atitude do autor em explorar conceitos de matemática, geometria e mitologia grega na FC, algo que me parecia inédito até então. O conto é repleto de pequenas referências e vale uma segunda leitura com olhos bem atentos ao título.

Novembro / 3001, de Marco Antônio de Araújo Bueno, traz uma linguagem contaminada pelo vocabulário acadêmico, o que torna seu narrador metódico e irônico. Reconheci em seu labirinto narrativo certas imagens de autores célebres como Machado de Assis e Euclides da Cunha. O conto, apesar de curto, é um vasto mosaico distópico e bizarro, no qual cabe quase tudo: pós-humanos, contrabandistas de órgãos, milícias tribais, mortos-vivos, criaturas andróginas, programas de reabilitação etc. O comentário de meu amigo especialista em FC foi: “Esse conto não chega a pertencer à estética cyberpunk, tampouco à new weird, mas está confortavelmente instalado entre ambas.”

Linguagem complexa e enredo simples

On, de Cláudio Brites, investe na forma modernista, com toques de surrealismo e expressionismo, ao apresentar um misterioso diálogo inserido num único fluxo discursivo. Não há travessões nem aspas, o diálogo ocorre separado apenas por vírgulas, num parágrafo longo e solitário. Esse parágrafo monolítico e a trama bizarra sobre uma cabeça sofrendo uma pane mental instauram o mais puro horror. O jovem contista talvez tenha alguma ligação com o teatro, pois On, na minha opinião, é uma narrativa curta que também ficaria muito bem no palco, como certos esquetes de humo negro, de Beckett e Ionesco.

A palavra tundra remete a um ambiente congelado, com pouca vida. Não é o que acontece no conto Tundra, de Tiago Araújo. Aqui tudo é bastante expressivo e vivo. A linguagem das ruas é empregada em um ambiente estranho (ou seria um ambiente cotidiano tornado estranho por essa linguagem?). Apesar das cores fortes, expressionistas, a história não me soou muito clara: boa parte dela descreve policiais e enfermeiras em uma padaria… Tem-se a impressão de a cena ser parte de um universo maior (a referência ao tal Coletivo-dos-Anjos) e de um mundo no qual pode-se morrer e arrumar um novo corpo em seguida. Talvez a tundra esteja na frieza com a qual morre-se bestamente e na indiferença dos “canas rasgando o cu do mendigo”.

Maria Helena Bandeira (descobri agora há pouco que ela é sobrinha do poeta Manuel Bandeira, meu predileto) comparece com quatro narrativas curtas, todas excelentes. Confesso que sua ficção poética e melancólica, em que o estranho aparece casado com o maravilhoso, me encantou fortemente. Penso ter divisado em seus contos (principalmente em Por uma flor e a boca vermelha e Em um dia de verão marciano, amor), em que a água parece ser um elemento transformador, algo de Borges e de Ray Bradbury. Ou seja, um modo de tocar fundo na inteligência emocional do leitor, mais do que em sua inteligência racional.

Finalizo esta mensagem dando os parabéns ao organizador e ao grupo de contistas. Não li os cinco números anteriores da revista, mas se apresentaram a mesma qualidade deste Portal Fahrenheit, e acredito que apresentaram, não resta dúvida de que o conjunto conseguiu atingir o objetivo proposto: fazer circular, fora do gueto, a boa ficção científica brasileira.

Um abraço do

Breno J. Portugal

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