terça-feira, 14 de abril de 2009

Invasão



GIZ EDITORIAL E ADEMIR PASCALE SELECIONAM TEXTOS PARA A ANTOLOGIA DE FC INVASÃO

A Giz Editorial, selo sediado em São Paulo, e o organizador cultural Ademir Pascale, o convidam para fazer parte do livro INVASÃO.

INVASÃO será uma obra do gênero ficção científica que reunirá próximo de 26 textos, novelas ou contos, selecionados pelo organizador Ademir Pascale.

O tema INVASÃO já nos remete ao conteúdo da obra, ou seja, o planeta Terra sendo invadido por seres hostis. O organizador Ademir Pascale, no entanto, resolveu deixar algo mais amplo que a clássica obra A Guerra dos Mundos de H. G. Wells, assim as histórias inscritas poderão conter tanto enredos com alienígenas, como robôs, personagens de outras dimensões, viagens no tempo e espaço, insetos gigantes, etc., desde que seja relacionado com o tema principal: INVASÃO.

A Terra sendo invadida por terríveis alienígenas gigantes? Robôs que se rebelaram contra os seres humanos? Viajantes do futuro que resolveram mudar a história invadindo a Terra no passado ou vice-versa? Monstruosos seres intraterrenos que saíram dos confins da Terra para invadir a nossa planície? São apenas alguns exemplos, mas é o autor quem criará a novela.

Não perca a oportunidade de fazer parte de uma grande obra!

Acesse a página do regulamento: http://www.cranik.com/invasao_coletanea.html

Entre para a comunidade da coletânea INVASÃO no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=54799936

Solárium


Neste trabalho eu participo com o meu conto "Centro Médico das Civilizações" e a minha querida personagem, Dra Nash.
Se você não a conhece, eis a oportunidade de conhecer a divertida e corajosa Dra Nash em uma de suas aventuras malucas através do Universo. Você nunca verá uma Psicoexobiologista, especializada em Exobiologia Comportamental, tão irreverente e simpática quanto ela, e jamais vai esquece-la seja em qual quadrante estelar que esteja.

Centro Médico das Civilizações

Danny Marks

O bom senso mandava eu cair fora dali. Nunca tive bom senso.

Dra Nash

A Doutora Nash abriu o seu arquivo particular e começou a digitar:

CMC – Data Estelar 15072008 AD.

Sou movida a encrencas. Um talento que tenho. Eu fujo dos problemas, eles é que me encontram, como hoje.

Achei que, finalmente, teria um plantão tranqüilo, como me prometera o Paul a uns dois anos.

_ Um posto sossegado, longe da guerra.- disse ele - Apenas alguns casos especiais que necessitem dos Exobiologistas.

Com cinco cervejas arcturianas na cabeça estava pronta para acreditar até que a Federação das Civilizações promovia a paz entre os povos de outras galáxias, e não aquela guerra idiota e sangrenta.

Odeio políticos, mas Paul é meu amigo, não ia me colocar numa fria. Preciso rever meus conceitos.


(trecho do livro)


DRACULEA - O LIVRO SECRETO DOS VAMPIROS





VOCÊ ESCRITOR, PARTICIPE COM O SEU CONTO



OBJETIVO DA ANTOLOGIA:

Reunir cerca de 30 escritores com contos voltados para o mundo secreto dos vampiros. Os participantes deverão escrever contos sobre os segredos dos vampiros ou de apenas um vampiro. Você poderá ser um vampiro, como eu, que se rebelou contra o mestre Vlad Draculea e agora se vinga revelando os seus segredos. Poderá ser um detetive em busca de segredos, ou um dos súditos de Erzsébet Báthory que descobriu todos os seus manuscritos ocultos, ou mesmo um padre que guarda a sete chaves textos infernais que jamais poderão ser revelados. Lembre-se, Vlad Draculea tinha muitos inimigos, e você poderá ser um deles. Solte a sua imaginação...



Criação e Organização: Ademir Pascale (Cinema – Despertando seu olhar crítico, Editora Alyá e Invasão, Giz Editorial).

Prefácio: Nelson Magrini (Anjo, A Face do Mal e Relâmpagos de Sangue, Novo Século e Amor Vampiro, Giz Editorial).

Participação especial: J. P. Balbino (A Seita do Caos, All Print) e Adriano Siqueira (Amor Vampiro, Giz Editorial).

Pretensão: reunir um clã de 30 escritores.

Editora: All Print



Veja o regulamento completo em anexo ou na página: http://www.cranik.com/draculea.html



Link para baixar nosso Briefing: http://www.cranik.com/draculea.pdf



Link da comunidade "Draculea" no Orkut:

http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=83487941

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Visão Critica e Mercado Literário (1/2)


O que é SER Escritor?

Escrever é uma capacidade que toda pessoa alfabetizada possui. Até mesmo uma criança pode escrever, colocar suas idéias e sentimentos em signos gráficos, porém para ser escritor é preciso algo mais do que simplesmente saber escrever, é preciso que haja um letramento.

O letramento ocorre quando desenvolvemos a leitura crítica, aquela que analisa o que está sendo visto (não apenas em termos de gostar ou não) descobrindo os signos e significados que o autor queria transmitir com a mensagem.

O letramento também contribui para expandir o universo interior dando a possibilidade de visualizar cenários a partir da escrita propriamente dita.

Cada palavra é importante dentro desse contexto, podendo fazer a diferença entre uma mensagem clara e uma com ruido.

Quando o leitor crítico se conecta com esse limbo imaginário, ele passa a usufruir um universo mágico que torna sua vida emocional e intelectual mais rica. É quando ocorre o apaixonamento pelas letras e, com isso, a necessidade de interagir mais com esse objeto de paixão.

Costuma-se dizer que o escritor sente uma compulsão para colocar uma idéia no papel, e essa idéia o persegue noite e dia até que ele a realize ou fique louco.

Essa é uma das formas que a paixão pela escrita assume. Essa vontade de se expressar pelas palavras e transmitir o que está habitando o universo interior é avassaladora e tende a aumentar com o passar do tempo.

A recomendação de muitos autores é: Livre-se disso, se puder, ou assuma que é o seu Karma e dedique-se intensamente a ele.


O Texto e suas várias formas

Cada texto tem um formato que deve se ajustar ao que se deseja transmitir e ao público que será o objetivo dessa mensagem.

Existem histórias complexas contadas com poucas palavras, outras exigem uma prolixidade maior para obter o seu efeito. Alguns textos exigem conhecimentos básicos para poderem ser interpretados, outros apenas o padrão cultural geral.

A questão passa a ser, qual a melhor forma de se comunicar com o seu público.

Bem, para isso é preciso que o autor conheça a si mesmo, descubra sobre o que gostaria de falar e se existe um público disposto a ouvi-lo.

Então pode fazer uso das inúmeras formas de literatura e produção de textos existentes, quanto mais técnicas dominar, melhor será a transmissão da mensagem.

Para um autor iniciante o recomendado é que procure se aperfeiçoar primeiramente no que gosta de ler. Se gosta de poesias e escreve nessa área, dever buscar as melhores técnicas para a produção de poesia, ler os grandes mestres e estudar as suas formas e habilidades para poder se apropriar desse conhecimento.

Depois que já se sente mais confiante, o autor deve buscar outros formatos, como o hai kai, o microconto, a crônica, o conto, a noveleta ou mesmo o romance.

Textos técnicos possuem um formato muito mais restrito, para se enveredar por esse caminho é preciso que o autor tenha habilidade em outros formatos, ainda que não os use com freqüência, para poder dar ao seu público o nível de acessibilidade a mensagem que um romancista dá aos que o lêem.


Conhecer-se é o caminho

Para que se tenha a pretensão de transmitir algo para alguém, é necessário que haja alguma coisa a ser dita que seja relevante. Mais do que transmitir uma mensagem de forma perfeita é necessário saber o que se quer transmitir e para quem.

Portanto, é preciso que o autor conheça o seu universo interior de forma a escolher o que quer divulgar de si mesmo para o mundo, eternizá-lo em um texto que será desnudado por outros e apreciado ou rechaçado por estes à exaustão.

A prática da escrita é uma forma de auto conhecimento, que induz uma análise interior mais aprofundada e, por conseqüência, uma oportunidade de aprimoramento pessoal.

Nem todos os leitores serão capazes de entender o que o autor quer transmitir, alguns farão correlações erradas e poderão amar ou odiar o que está sendo interpretado, mas não exatamente o que foi dito.

Richard Bach diz que devemos falar a nossa verdade sem medo de como ela possa ser distorcida pelas interpretações que podem ser feitas, pelo simples fato de que precisamos falar as nossas verdades para poder olhar para elas com outros olhos e ver como elas se sustentam a partir daí.


Construindo um Conto.

Algumas pessoas tem a visão, errada, de que para se escrever um conto é preciso apenas ter uma idéia, qualquer idéia serve, o que importa é o talento.

Isso é um mito totalmente prejudicial. Para se escrever um conto ou qualquer outro texto, é preciso sim, em primeiro lugar, definir o que se quer transmitir e por que.

Definida a IDÈIA BASE, é necessário uma boa pesquisa sobre o tema a ser desenvolvido.

Por exemplo: Se a idéia versa sobre um romance entre um homem e uma mulher no século XIX, é preciso que se saiba como se vestem, o que comem, qual o nível social em que estão inseridos e o que isso resulta em termos práticos de influência na construção da personalidade dos personagens.

Alguns dirão que se o romance for nos dias atuais fica mais simples. É um engano. As pessoas que moram na periferia de São Paulo vivem de uma forma diferente das que moram no centro. Os sotaques, as roupas, as perspectivas de futuro, as formas de amar e odiar, tudo isso é condicionado pelo ambiente em que suas personas se formam e influencia as suas decisões. Imaginem então se for em outra cidade ou pais? Cada cultura é ao mesmo tempo global e local. Sem falar que é necessário um conhecimento do ambiente em que os acontecimentos irão ocorrer. Escrever sobre uma casa com quintal é diferente de escrever sobre um apartamento, as vivências são diferentes.

Depois de feita a pesquisa e se apropriado de todo o conhecimento base é preciso definir o formato.

Um conto pode ser em primeira ou terceira pessoa, pode ter um orador onisciente ou a perspectiva do personagem, pode ter um ou mais oradores, cronologia ascendente, descendente, intercalada, enfim, cada detalhe tem que influenciar a trama de alguma forma e criar um clima que seja atrativo.

O fundamental é deixar a idéia fluir nos primeiros instantes, depois que se pensou bastante nela, que se pesquisou todos os detalhes, que já se tem os “quadros mentais” na cabeça, despeja-se tudo isso na tela do computador ou em uma folha, da forma como vier.

Depois se enterra essa coisa em algum lugar pelo tempo necessário para que nos esqueçamos de tudo o que foi escrito.

O próximo passo é acionar o sensor interno, buscar o revisor mais chato e crítico que conseguirmos desenvolver em nós mesmos e ler, minuciosamente, como se o texto não nos pertencesse e com a arrogância de um grande mestre da literatura.

O objetivo é percebermos que podemos escrever melhor do que “aquilo” que “alguém” escreveu.

Corte sem pena os adjetivos, veja se alguma palavra é realmente necessária ou se pode ser arrancada do texto sem que faça falta na trama. Cada objeto, personagem, palavra, pontuação tem que estar ocupando um lugar objetivo no texto, para que a mensagem seja clara e não haja distorções na interpretação.


EU SOU DEUS e meu Conto é minha Criação

O EGO é o pior inimigo de todo artista.

Quando o Ego fica maior do que o talento, a sombra projetada por ele apaga o brilho da obra e a carreira desmorona.

Para evitar que o ego interfira com a sua criação, é preciso que seja objetivo, faça perguntas do tipo:

- A mensagem original está lá? (Narrativa Curta)

- Ela se basta sozinha ou precisa de algo mais para complementá-la? (Noveleta)

- Fica a impressão de que algo está faltando, mesmo tudo o que precisava ser dito esteja no texto, como se fosse um resumo da ópera? (Romance)

- A forma como foi escrita a idéia é a correta ou ela fica melhor de outra forma? (Estilo)

Claro que conhecer os formatos padrão de escrita ajuda muito nessa fase, basta lembrar que eu já mencionei a necessidade de muito estudo e leitura. Conhecer o objeto da paixão é poder usufruir melhor desse prazer, tornando mais prazerosa a relação.


Textos Curtos X Idéias Complexas

Quando se chega à intimidade com a escrita, passa-se a brincar com as letras, a experimentar novas formas de prazer.

Uma única palavra pode conter uma miríade de significados, pode ser a chave para o entendimento de uma narrativa

E já que estou falando de prazer porque não brincar com uma palavra complexa que traduz idéias diferenciadas?

SEXO

Quando eu digo essa palavra, muitas pessoas imaginam imediatamente alguma coisa, que pode ou não ser a idéia que eu quero transmitir.

A palavra “Sexo” escrita em uma folha em branco pode assumir qualquer significado, é uma idéia complexa.

Inserida em um formulário sobre biótipo ela fica limitada à natureza física: Sexo Feminino, Sexo Masculino.

Se inserida em um texto sobre sexualidade ela pode assumir um ar acadêmico, tratando sobre as relações sexuais.

Se inserida em um texto ficcional ela pode assumir a forma de uma fantasia, um desejo, uma solicitação.

Enfim, a palavra em si assume vários significativos dependendo da forma e do veículo onde é utilizada.

Esse é o princípio da complexidade dos textos e da formatação das idéias. Cada palavra inserida mudando o contexto da idéia anterior, complementando ou modificar uma idéia, ou ainda, inserindo uma idéia completamente diferente.

Quando se escreve textos curtos a subjetividade aumenta e a complexidade do trabalho também. Um exemplo clássico é do microconto de Ernest Hemingway:

“Vende-se: sapatos de bebe. Nunca Usados.”

Todo um romance pode ser escrito a partir dessa idéia complexa e no entanto está tudo o que precisa ser dito neste pequeno espaço de seis palavras.

O leitor critico vai automaticamente se perguntar: Porque os sapatos estão sendo vendidos? Porque nunca foram usados? Há todo um enredo por trás desses sapatos, que está implícito neste conto. Pode-se imaginar uma mãe que por algum motivo não poderá ser mãe. Será que ficou estéril, será que o relacionamento se perdeu e ela desiludida se desfez dos seus sonhos? Porque vender algo que, todos sabemos lhe é tão caro, além do valor comercial? Porque não dá-los de presente? Existe todo um conflito por trás dessa simples história que nos remete a nuances cada vez mais profundos e complexos.

E se eu tentar remover uma única palavra, tudo se perde. Tente por exemplo tirar o “Vende-se” e todo o clima se desfaz, a frase muda de sentido e a idéia se perde.


Visão Critica e Mercado Literário (2/2)



Genialidade Construída

Claro que ninguém espera que todos os autores iniciantes tenham o poder de síntese de um Hemingway, o que se espera é que tenha talento suficiente para que possa transmitir as suas idéias de forma a impactar de alguma forma o leitor, prendendo a sua atenção a ponto dele se sentir impelido a fazer uma crítica (boa ou ruim, não importa) do que acabou de ler.

Parece absurdo dizer que uma crítica ruim não importa, mas isso é um fato, porque a PRIMEIRA necessidade do autor é que ele seja lido. Não adianta nada ter um texto genial que nunca foi apreciado por pessoas críticas de verdade. E não estou falando de parentes ou amigos, mas de estranhos que não o conhecem, que não tem um vinculo emocional com o autor. Esse é o publico efetivamente falando. É preciso primeiro convencer esses estranhos, que muitas vezes jamais veremos pessoalmente, a ler o que temos para dizer.

Como fazer isso? Tornando o texto uma idéia genial.

Parece difícil? Com certeza é, felizmente, porque senão haveria tantos autores que não teríamos condições de dizer quem mereceria nossa atenção por alguns minutos que fosse.

Essa é a questão fundamental, tornar-se um escritor genial é um processo longo, tortuoso, difícil, com altos e baixos homéricos. E é justamente esse o prazer que se possui em conquistar esse espaço.

Mas como se pode ensinar a ser genial?

Esse é o “pulo do gato”, não há uma formula qualquer ou seria simples alguém usá-la e não estou falando de escritores com um bom marketing, estou falando de escritores que realmente tem talento e que são difundidos pelos leitores que adquirem, na melhor propaganda que existe, a chamada Boca a Boca. É quase como um beijo, por isso que é tão bom.

Claro que não se pode ensinar o talento, mas pode-se lapidá-lo para que ele deixe de ser algo um pouco acima do normal para se tornar algo verdadeiramente genial. E é importante dizer que CRIATIVIDADE é o nosso negócio. Portanto um autor tem que descobrir como vai lapidar o seu talento para se tornar único e imprescindível na vida e na leitura de seus futuros fãs.

As oficinas literárias, os textos de mestres consagrados, o olhar crítico sobre o TEXTO literário e o mundo, a leitura de todos os autores contemporâneos que alcançarmos, tudo isso contribui para aprimorar o talento, seja pelo exemplo positivo, seja pelo negativo, porque não basta saber o que é bom, é preciso conhecer o ruim para saber quando ele está se inserindo no nosso caminho, em nossas escolhas, em nosso trabalho.

Escolhendo o Estilo

Quando eu falo em Saramago, todos já sabem que se trata de um romancista filosófico. Se pensar em Gabriel Garcia Marques, quem o conhece vai saber que é um romancista com um humor sutil e complexo que vai da fantasia a filosofia em segundos e sem escalas perceptíveis. Já um Luiz Fernando Veríssimo é famoso por suas crônicas de humor.

Cada autor tem um estilo em que se desenvolve melhor, mas isso não é um limitador, como pode parecer, é mais uma escolha pessoal. Como dizer que se prefere pessoas baixas ou altas, negras ou brancas, loiras ou ruivas.

Preferências todos temos, para qualquer coisa na vida, e nos conduzimos de forma a satisfazer o máximo que podemos essas preferências. É o nosso Estilo Pessoal, uma marca que seguimos e que nos identifica como indivíduos e como parte de um determinado grupo.

Para o autor iniciante, a recomendação é que busque o que gosta de fazer, busque conhecer o seu estilo e passe a investir maciçamente nele, aprimorando o seu toque pessoal. Sem, porém, abdicar de tentar outras formas.

Não é porque eu sou bom em escrever contos e crônicas que não vou tentar escrever um romance ou uma noveleta, ou uma peça de teatro. Eu posso adorar escrever sobre humor, mas nada me impede de me aventurar em poesia e prosa romântica, ou mesmo um terror sombrio.

Diversidade é a palavra, é ela que nos diz onde estão os limites de nossa arte, e o que podemos absorver desses limites. Conhecer uma limitação nos dá o direito de escolher aceitá-la ou tentar superá-la, mas a escolha tem que ser consciente das dificuldade e dos benefícios que podem advir delas.

Feito o Texto, o que fazer com ele?

Uma ótima idéia que não é realizada não serve para nada. Então é preciso ter coragem para expor o seu texto (e a si mesmo) para o mundo.

Em primeiro lugar procure pessoas amigas, de preferência aquelas que terão uma visão crítica e que, acima de tudo, serão capazes de lhe dizer como está ruim o seu texto, aconselhando a destruí-lo imediatamente e nunca mais fazer isso novamente.

É verdade, se não tiver alguém assim por perto, então você está em sérias complicações, porque pode embarcar na idéia de que o seu texto é maravilhosamente bem feito e querer pagar uma importância fabulosa para vê-lo impresso em formato de livro para ser publicamente rechaçado.

Existem muitas editoras interessadas em publicar textos de qualquer qualidade para obterem o lucro DELAS, afinal VOCÊ esta pagando para isso. Não há nenhum crime nisso, é apenas um negócio para eles. Se o autor tem necessidade de ver o seu texto em um livro e eles podem lucrar com isso, então quem está enganando quem?

Claro que o seu livro pode ser vendido para os amigos e parentes que vão, normalmente, dizer que é um bom texto, mesmo sem nunca terem lido. Mas isso não faz de você um autor de verdade, apenas uma pessoa que publicou um texto.

Por isso a necessidade de se ter um LEITOR BETA, essa pessoa intima o suficiente para dizer onde está errando. Se esse leitor beta tiver conhecimento técnico de escrita melhor ainda porque ele pode apontar o POR QUE está errando, sugerindo caminhos para superar essa deficiência. Algumas pessoas são leitores beta profissionais, cobram para ler os escritos e descem a lenha com a maior tranqüilidade. Mas é sempre melhor poder apanhar de um amigo do que de um desconhecido, pelo menos não está pagando para isso.

O fundamental é ter humildade de reconhecer que o texto precisa ser melhorado (ou até esquecido) e tentar de novo com algo melhor.

Feito isso, e aprovado o texto pelo nosso carrasco pessoal, então se está pronto para ir para uma fase mais difícil: expor o texto ao mercado literário.

Antologias

Normalmente os novos autores fazem textos curtos, os chamados contos e crônicas, sem mencionar os que escrevem poemas.

Atualmente existe um mercado editorial muito vasto e receptivo para esses novos autores, que fazem publicações de antologias temáticas.

Uma antologia temática reúne em um mesmo livro, textos de vários autores versando sobre um tema comum a todos, como por exemplo: Vampiros, Medieval, Poesia Contemporânea, Seres Sobrenaturais, etc.

Essas antologias podem ser, basicamente, de dois tipos:

Por concurso: onde o autor remete o seu texto para ser avaliado e se for aprovado no processo de seleção, terá o seu texto impresso em formato de livro sem custo adicional, com uma bonificação pelos direitos autorais de impressão naquele livro.

Por Demanda: Este tipo mais comum, também passa por um processo seletivo inicial, mas, sendo aprovado, o autor se compromete a vender uma cota de livros da publicação, cobrindo parte dos custos de impressão e obtendo o seu lucro na venda desses exemplares.

Qual o melhor caminho?

Ambos, é necessário para o autor iniciante buscar uma divulgação do seu trabalho, e passar por um processo seletivo em uma antologia já é uma demonstração de que possui o que se chama de “qualidade literária” ou seja, que se está apto a ser considerado um autor. Mas isso não significa que seja um bom autor, apenas que está no caminho certo.

Conhecer os trabalhos da editora para a qual se deseja enviar os textos é importante. Ter um texto publicado em um bom livro (com outros bons autores) é ter uma boa propaganda sobre o seu trabalho, sendo o inverso verdadeiro, também.

Publicação de Livro Solo

Publicar em antologias é um caminho mais fácil para iniciantes, mas o objetivo do autor deve ser o de ter um livro solo, ou seja, aquele em que é o único autor.

Para isso deve ir reunindo material inédito (de preferência) para uma publicação mais ousada.

Esse é portanto um passo mais complexo que exige um estudo do mercado literário, mais especificamente das editoras. Cada editora tem o que se chama de “Selos”, coleções que tratam de um determinado estilo de publicação.

Não adianta tentar enviar um livro de contos para uma editora que só publica romances ou livros técnicos. Como também não tem sentido algum enviar um romance para uma editora cujo estilo seja livro de auto-ajuda.

Então é necessário que o autor saiba em que estilo o seu livro se encaixa e busque as editoras que trabalham com esse estilo, avalie o material publicado por ela e veja se é interessante estar tentando uma publicação.

Algumas editoras não são tão conhecidas, mas estas são justamente as que terão maiores chances de atender a um autor iniciante. Claro que se pode tentar negociar com uma editora grande e até conseguir um espaço nela, mas deve-se levar em consideração a dificuldade envolvida.

Por uma questão de ética profissional, não é recomendado tentar negociar com duas editoras ao mesmo tempo sobre a mesma obra. Se for enviar para uma editora avaliar, espere, por um tempo razoável, o resultado para depois tentar com outra editora. Ser recusado por uma editora não significa que o material é ruim, apenas que não atende a visão daquele editor em particular.

Também, por uma questão de ética, é recomendado que se envie os originais de sua próxima obra para a avaliação por uma editora com a qual já publicou.

O mercado literário é competitivo, porém todos os editores se conhecem e uma falha de ética pode literalmente matar todas as chances de se tornar um autor reconhecido e aceito.

Trocando de Editora

Claro que nenhum autor está obrigado a permanecer em uma editora, havendo chance de fechar negócio com outra editora melhor. Mas essa é uma questão que deve ser avaliada com cuidado para que haja uma continuidade da carreira.

É bom lembrar que as obras publicadas são regidas por contratos de publicação que garantem os direitos do autor e da editora. Negociar esses contratos é uma questão complexa e exige cuidado. Se o autor puder contar com um bom advogado para orientá-lo, ajuda muito. Não se deixe levar pelo entusiasmo de estar publicando e cair em uma armadilha que causará muitos transtornos.

Inegavelmente, o Marketing é fundamental para qualquer tipo de negócio. Sem que seja divulgado um produto, não há como vendê-lo adequadamente. Garantir que a editora em que está publicando tenha uma boa divulgação para sua obra é uma coisa a ser pensada.

O que muitos autores iniciantes esquecem é que a imagem do autor também é um produto e precisa ser divulgada de todas as maneiras possíveis.

O Marketing pessoal é uma ferramenta importante para um autor, seja ele iniciante ou não, e precisa ter uma atenção toda especial. Alguns caminhos simples podem ser utilizados de forma bastante produtiva.

- Ter um blog pessoal com suas obras e tendências, e um dos fatores mais elementares e fundamentais. Um blog pode falar sobre quem é o autor, divulgar seus textos “abertos”, aqueles que estão disponíveis para o público em geral, como uma amostra do trabalho do autor.

Saber produzir um blog é uma forma de arte também, um texto mal redigido, uma apresentação errada, pode fazer o efeito inverso de uma boa divulgação. Portanto cuidado quando for montar o seu blog, é uma parte do seu trabalho e visível a um número maior de pessoas interessadas.

- Participar de comunidades de relacionamento, também é um bom caminho para conhecer não apenas outros autores, como também editoras e editores. Sempre lembrando que é preciso saber se conduzir com ética e postura de um profissional. Pode-se fazer muitos amigos nesses sites de relacionamento, mas também é possível se fazer inimigos.

A recomendação é que seja você mesmo, e tenha a sensibilidade de reconhecer e respeitar o outro. Como tudo o que é dito fica registrado por tempo indefinido, é possível que muitos questionamentos possam ocorrer devido a palavras antigas ditas em momentos de pouca reflexão. Esteja preparado para assumir os erros e discutir suas idéias atuais com embasamento.

- Conhecer os Editores, é o melhor meio de se ingressar no mercado editorial. Não que o simples fato de se ter um amigo editor vai tornar alguém um escritor aceito, mas aumenta as chances de ser avaliado pela empresa e até de ser indicado para outras editoras.

- Oficinas e eventos literários, é um bom meio de estar conhecendo os profissionais do mercado, aprender sobre técnicas e receber dicas de pessoas que já estão nesse meio. Quanto mais lançamentos e palestras puder participar, melhor, muitos contatos são feitos dessa forma e nada melhor que um “corpo a corpo” para divulgar uma imagem pessoal. Cabe lembrar que os editores e autores tem uma memória muito boa, cuidado com o que diz e para quem diz. O mercado literário é bem sensível e com muitos egos inflados.

- Mais do que ser um escritor, é preciso ser um leitor critico. Isso implica em estar sempre se atualizando, lendo muito, participando desse mundo em todos os sentidos, construindo a sua visão crítica e o seu estilo pessoal, observando as novas tendências e buscando novos meios de fazer mais e melhor aquilo que se dispôs a fazer: escrever.

- Aumentar a capacidade de observação e dedução, isso ajuda não apenas no conhecimento e relacionamento com os integrantes do mercado literário e o público em geral, como também na hora de escrever. Os textos são baseados na vida real e devem traçar paralelos com ela, observar o que ocorre a sua volta é fundamental para ser um bom escritor.

Conclusão:

Nessa rápida pincelada, já deu para sentir que ser escritor não é uma coisa fácil, mas pode e deve ser um fator de prazer pessoal para o autor e seu público.

Como costumo dizer, não é um objetivo, é um caminho para se encontrar os objetivos que vamos descobrindo ao longo dessa jornada.

Querer ser um escritor, publicar uma idéia, é tentar dar o melhor de si para pessoas que nunca viu antes e que talvez, jamais venha a conhecer, sem pedir nada mais em troca do que uma oportunidade de contato da sua alma com a alma do seu leitor.

Conquistar essa oportunidade é um prazer que não pode ser descrito corretamente, nem pelo maior de todos os escritores do mundo, mas confesso sem reservas, é algo que vão querer fazer pelo resto de suas vidas.

Eu espero ter contribuído um pouco para que isso se realize com sucesso.

Obrigado!

Danny Marks


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Dia de Pinóquio


Sem dúvida alguma, o dia 10 de abril de 2009 vai ficar na história deste escritor.
Não é todo dia que se pode voltar a ser criança, ouvir o grilo falante, ter uma cara feita da mais pura madeira e tudo isso diante de uma platéia inteligente e atenta.

Quando fui convidado para dar uma palestra para alunos de letras, veio imediatamente a sensação de prazer e medo. Há mais de vinte e cinco anos que não dava uma palestra, e nunca sobre o assunto sugerido: Visão Critica e Mercado Literário.

O gênio do ego falou: Ah, moleza, é como andar de bicicleta, uma vez que se aprende não se esquece jamais. Ok, estou pronto para a aventura então.

Três meses de pesquisa, formatação e reformatação do que seria dito, duas semanas de ensaios, marcação de texto, revisão e finalmente chega o grande dia.

E começam os problemas, inimagináveis até que aconteçam.

Cadê os exemplares do novo livro para apresentar para o público? Meu amigo editor passou madrugadas insones para tentar cumprir o prazo, não conseguiu.

Duas horas de viagem, alguns contratempos pelo caminho e estou no local do evento. A ansiedade crescendo e o medo também. Revisões mentais para não esquecer nenhum detalhe, cada palavra é importante, a mensagem precisa ser transmitida de forma clara para ser compreendida e absorvida.

O que é Visão Critica? O que é Texto Literário? O que é SER escritor?

Três coisas fundamentais para a compreensão do Si Mesmo e do mundo.

Tudo certo, apresentação, inicio e... Opa!

A música não entra, mas nos testes estava ok. A ansiedade aumenta e o terrível fantasma que assola a vida de todo escritor aparece, branco como uma página desejosa de ser completada, mas sem uma única virgula nela, apenas um grande ponto. O que era mesmo para dizer aqui? Pequenos flashes de memória.

Tento o grande recurso do ao vivo e a cores, relaxe, este é apenas um teste, você vai lembrar o que ia dizer, já está dito em algum lugar da sua memória.

Algumas pessoas na platéia se ajeitam melhor e fecham os olhos cansados depois de um dia exaustivo de trabalho, aproveitando o momento para relaxar, basta cumprir com a obrigação de comparecer. Corpo presente, alma distante, quantas palestras não assisti assim? Esta é a primeira que estou do outro lado verificando o efeito no orador.

Uma rápida pincelada e vamos em frente, é preciso lembrar que há um tempo a ser cumprido, outro fantasma da vida moderna: Ou você corre ou o tempo te devora.

Ah, o texto literário escrito com areia e luz, detalhes se somando e construindo a mensagem, o talento, a técnica e a forma perfeita no ambiente perfeito.

O grilo falante grita no ouvido da alma: Ei, cadê a sua participação

Bem, é hora de trabalhar, já relaxado pela exposição à beleza da arte, ensaio algumas mensagens importantes, melhor dizê-las logo antes que o fantasma do branco surja novamente. Não há como exorcizar esse monstro medonho devorador de palavras e idéias. Todo modelo ensaiado perdido, então o melhor é construir outro on line.

E o grilo falante gritando: Como é? Não vai concluir o que havia dito?

Não há tempo reclamo, há muita coisa para ser dita e o tempo está correndo, então o melhor é...brincar.

Eis uma nova pausa para relaxar e brincar com o público, verdadeiras estrelas desse momento, já que todos os esforços são dedicados a eles. O primeiro brilho, da luz indireta já está lá, faltam apenas mais dois.

Voluntários corajosos são engajados, o público pega o ritmo da brincadeira e instantaneamente a mágica do Texto Literário se faz, as pessoas se identificam, compreendem a mensagem, interagem com o texto e com o ambiente.

Essa magia é poderosa, o cansaço desaparece, os erros são superados, o riso substitui a preocupação, e todos se nivelam em entendimento, receptivos à mensagem que deve ser transmitida. Mas qual é mesmo a mensagem?

Ei, está fugindo do assunto, volta aqui diz o grilo que deveria se chamar revisor de tão chato que é.

São tantas coisas que gostaria de estar passando para essas pessoas que estão iniciando e nem sabem das maravilhas e armadilhas que encontrarão em sua viagem fantástica – respondo tentando ser razoável com o Grilo.

Ser razoável com o seu Revisor interno, é praticamente impossível.

Você não é Deus, volte ao seu trabalho – grita ele inconformado.

Não adianta, já estou envolto da magia do texto literário, a visão aguçada e a mente ágil e respondo imediatamente, sem interromper o andamento.

Claro que não sou Deus, ou a palestra sairia perfeita, sem fantasmas ou defeitos, mas, eis a grande questão, é por não ser perfeito que sou escritor.

O grilo não cede, tem que ser duro ou então o cara de pau nunca vai ser um menino de verdade, mas tem que reconhecer um talento para as palavras então usa um recurso cruel, aponta para o relógio e diz: Dez Minutos.

Que horror, o tempo voou e eu nem senti, preocupado eu olho para as pessoas e não vejo mais o aconchego dedicado ao cansaço. Vejo sim, o brilho do olhar e o do sorriso satisfeito, interessado, poderíamos continuar a viagem por séculos afora mas temos que retornar ao duro mundo da realidade sem magia.

Contabilizo rapidamente o quanto ainda faltou ser dito, registro as falhas para referência futura, anoto os detalhes para uma futura revisão e faço o encerramento desse momento que começou trêmulo como todo primeiro encontro, mas que se estendeu em prazer depois das barreiras quebradas. Ah, se fosse possível usar a realidade da mesma forma que acontece no texto literário, cortando as partes desnecessárias e deixando apenas o essencial. Revisando e tornando a revisar para poder lapidar até ficar perfeito para ser exibido.

Reconheço que tenho muito a aprender, sempre temos, e é isso que torna a vida interessante. Descobrir que não se sabe é o primeiro passo para buscar o conhecimento que nos torna mais humanos. Vejo a bela Fada Azul sobrevoando os aplausos sinceros e ouço aquela voz irritante que me acompanhou por todo esse momento difícil dar o seu veredito:

Bom trabalho, mas não pense que vou facilitar da próxima vez, vai ter que se esforçar mais, senão...

Ainda me sinto em dívida com este meu público especial, colegas de letras, formadores de opinião. E me comprometo a dar continuidade aqui e onde desejarem, até que satisfaçam todas as dúvidas que porventura tenham despertado nesse dia mágico de primeiro de abril, dito dia da mentira, onde ouviram algumas verdades essenciais para se tornarem os próximos a ocupar o lugar de destaque diante de todos. Palavra do Cara de Pau, que se tornou menino pela magia do texto literário, na frente de todos, para provar que é possível, embora não seja tão simples quanto parece.

Assim será.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...