terça-feira, 25 de novembro de 2008

Iniciação

Iniciação

Giz de cera - papel canson

25x25

Antes de qualquer coisa quero agradecer ao Danny o convite para postar em seu blog e falando da minha experiência em Arte-Terapia, me dando a oportunidade de contar um pouco sobre o que eu acredito.

Ha 16 anos num processo de revisão de vida e conseqüentemente, de carreira, resolvi que seria importante acoplar à prática médica a arte.

Desde pequena me interesso pelas artes plásticas e música, mas nunca havia pensado que poderia transpor a minha experiência pessoal com a arte na terapia das pessoas.

A prática da dermatologia no dia a dia pode ser muito maçante, a grande parte das queixas estéticas tinham mais relação com as insatisfações pessoais do que com uma mancha, ou uma ruga. Eu estava cansada de ouvir: - "Dra ou a sra tira esta mancha do meu nariz ou eu me mato", ou ainda, - “A sra não conta o creme que usa".

Tomei coragem e comecei um curso de arte-terapia gestáltica e após um ano voltei novamente para a residência médica a fim de me instrumentar melhor para poder atuar como terapeuta.

Eu era dermatologista ha sete anos e para minha família e amigos foi um choque largar uma carreira sólida e começar do zero, mas fui em frente. Não poderia ter feito coisa melhor.

Hoje em dia trabalho com usuários de serviços públicos de saúde mental, portadores de transtornos mentais severos em programas alternativos à internação psiquiátrica (CAPS e Hospital Dia).

É um pouco desta vivência que vou contar aqui pra vocês.
Os trabalhos apresentados são de minha autoria e refletem as minhas idéias.

O salto criativo


O salto criativo

Óleo sobre tela

30x40

O que nos impele a ir em frente?
A qualidade da ruptura inserida no ato de criar.
O imput que inicia o processo é multifatorial, composto por forças internas que convergem, seu efeito vai se perpetuando pelas obras até que se manifeste em toda a sua potência, diminua e se esvazie para dar espaço ao próximo, reciclando a energia em novas obras, como ondas.

Mar - Flávia Fongaro


(Mar) Técnica mista – aguada sobre papel canson
A4

Através da experiência artística é possível dar estes saltos, e é isso que busco no ateliê terapêutico.

Minha experiência tem me ensinado muito, principalmente que o mais importante é abrir as portas da sala e dar condições que o fazer artístico aconteça.

Muitas pessoas perguntam se vou examiná-las ou descobrir seus segredos pelo que expressam nas suas obras.

Eu as asseguro que não e explico que trabalho com a facilitação do processo expressivo e sua realização. A leitura que é feita é puramente formal, isto é, devolve-se para o indivíduo o que ele expressou na forma. Como ocupou os espaços, onde ha mais luz ou peso, a qualidade dos traços e etc.

O conteúdo só é discutido com o sujeito se ele o permite e a partir de suas próprias considerações.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Resenhas de Réquiem para o Natal



Divulgando as Resenhas que fiz para Réquiem para o Natal. Uma visão do que vão encontrar no livro.

O Apartamento 666 – Celso Júnior

Quando a religião se une ao desespero de uma mente doente, o inferno se faz presente.


Carta Atrasada - Felipe Castilho

As vezes, no Natal, um velhinho vestido de vermelho pode realizar mais um pedido que o faz se sentir muito melhor. Dar um presente pode ser, paradoxalmente, receber um presente!


Minino Mau – Marcelo Pirani

Crianças não sabem o que fazem, pelo menos até descobrirem o resultado do que fizeram, então pode ser tarde demais para voltar atrás.


O Sacrifício de Natal – Sóira Celestino

Todos temos desejos secretos. Sonhos, diriam alguns, pesadelos diriam outros, e sempre há a possibilidade deles se realizarem...


O Último Natal - Marcos Carvalho

Algumas pessoas buscam muito mais do que a paz no Natal, elas buscam o calor que essa data pode proporcionar. Algumas buscam um calor infernal...


Cai o Véu – Juliana Vermelho Martins

Em uma noite em que tudo deveria estar em ordem, o espírito de natal invade a casa, e as coisas nunca mais serão as mesmas.


Labirinto Branco – Chico Anes

Tradições, elas procuram nos mostrar o caminho para longe do perigo, são como um fio desenrolado em um labirinto. Melhor não abandonar as tradições, pode ser o último erro de sua vida.


A Ceia Inesperada – Claudia Finamore

A família reunida, os novos tempos e as lembranças de outros natais. Meia Noite é hora de fazer um pedido ao Papai Noel, mas se ele não existe, não é? Então quem vai atender o pedido?


O Bom Velhinho e suas Tradições – Franklin César Flores

Algumas tradições são bem antigas, de um tempo que as coisas eram diferentes. Mas isso não impede que as pessoas continuem a segui-las ano após ano, com seus segredos especiais.


Em Família – Danny Marks

Na época de natal é preciso passar por cima de todas as desavenças, todos os erros e enganos e perdoar o passado para que se possa ter verdadeiramente uma ceia em família.


Doce Presente – Andréa Cisne

Natal doce festa para aqueles que desejam uma vida feliz, ainda que seja uma vida eterna.


Uma Bola de Vidro Natalina para não refletir – Bianca Fiorentino

Um sentimento de solidão invade as pessoas em certas épocas, uma vontade imensa de estar com os seus, sua família. Não importa que tipo de família se tenha.


Surpresa de Natal – Patrícia Martinuzzo

Uma caixa, um simples embrulho enfeitado pode conter qualquer tipo de surpresa. Algumas pessoas simplesmente odeiam ser surpreendidas.


Santa Ceia – Ricardo Delfin

Natal é uma época de doar-se. O melhor de si para os que amamos. O ponto alto é sempre a entrega de presentes e a Santa Ceia onde o espírito natalino se faz presente em carne e sangue.


O Natal de Plínio – Leonardo Grasel

Um saco de veludo às costas na noite de natal, o vermelho sangue a tingir as casas onde os presentes eram deixados. Até que Plínio decide que já era hora de se fazer presente e tornar o natal muito mais interessante.


Um Papai Noel – Alana Félix

Existem pessoas que não acreditam em Papai Noel, não prezam o espírito natalino, e isso não faz nenhum bem a elas, nem aos que a cercam. Mas o bom velhinho não esquece...


Espírito de Natal – Maiara Siqueira de Souza

Qual criança não sonhou em tirar uma foto de Papai Noel entregando os presentes na noite de natal. Às vezes os sonhos se tornam verdadeiros pesadelos...


Anno Domini – Dominic

O pinheiro, a reunião das pessoas, o porco sobre a mesa, o vento frio e cortante, a dor...

O que te faz vivo no Natal? O que te faz sentir a felicidade?


Pa-pai Noel – Alexandre Matheus Bliska

Ano após, ano, uma esperança que vai se estendendo, se esfarrapando, se desgastando até o duro choque de uma realidade fria e dura como o aço cortante


A Magia do Natal – Cavanhasogarotoantigo

Todas as criaturas sentem fome, algumas se alimentam na curiosidade alheia...


A Árvore dos Malditos – Ronaldo Luiz Souza

Escondido em algum lugar, uma cerimônia festeja o nascimento de mais um demônio. Onde há luz, sempre haverá sombras a serem projetadas.


Violentando Dorothy – Silvio Oliveira

Toda família tem seus problemas, e é no seio da família que eles acabam sendo resolvidos.


O Natal de Cindy – Marcos T. Nogueira

A curiosidade infantil é grande, pode levar à desobediência da ordem clara e direta dos pais e expor os pequeninos à surpresas que jamais esquecerão.


Neve Rubra – Rúbia Cunha

Alice não queria dormir, ela sabia o que poderia acontecer se dormisse, mas os pais a obrigaram a isso. Eles a obrigaram...


Presente de Natal – Bettina Stingelin

Laços vermelhos bem apertados a envolver os presentes em volta da árvore, mas não apenas eles...


Natal Insone – Gil Piva

Noites sem dormir, um ultimo trago, e a companhia dos amigos para a ceia final...


Sangue e Neve – O. A. Secatto

Todo ano ele volta, entrando pelas chaminés e nas casas onde é convidado. Ele vai voltar novamente para buscar o que lhe pertence...


Ressurreição – Leandro Moura

Muitos festejam no natal, nem sempre os motivos são os mesmos. A luz comemora o seu nascimento e as trevas a sua morte.


Curiosidade Natalina – Lucas de Oliveira

A certeza é uma coisa boa, permite avançar em quase todos os lugares, exceto na dúvida. Esse nevoento território da dúvida abriga criaturas que a curiosidade não deveria revelar.


Goles de Noel – Carlos Santana Silva Júnior, Iraní da Silva Moraes, Jairo Rodrigues da Silva

Tradições, uma ceia com muita carne e grandes goles de Noel


Isto não é um conto de Natal – André L. Pavesi

Noite de Natal, o encontro de dois velhos amigos que tornaram-se distantes pelas escolhas que fizeram. Mas sempre há uma oportunidade de mudar as coisas.


Uma Visita de Natal – Rodrigo da Rocha Jorge

Uma noite de tempestade, e um estranho entra em sua casa. O que há verdadeiramente dentro daquele saco vermelho?


O Encanto de Noel – Cristiane Urbinatti

Estar no colo de Noel é um encanto que toda criança almeja em algum momento de sua vida. Até que esse encantamento se torna real.


Noite Felina – Rafael Jordan

O que se pode dar de presente de natal? Uma vingança, talvez, porque não?


Presente de Morte – Lino França Jr

Não é bom aceitar presentes de desconhecidos, nunca se sabe o que eles carregam em seu interior.


A Face Encoberta do Natal – Jéssica Bessa

Noite, o território onde os sonhos proliferam, as mentes mais imaginativas se libertam e as sombras ganham vida. O lado sombrio da noite é o pesadelo que se alimenta da vida.


A Véspera – Rafael Araújo

Existe uma crueldade no medo que se provoca nos outros, mas o medo pode ser um fator de sobrevivência também.


Teatro de Bonecos – Caroline R. Neves

Teatro de bonecos é um divertimento que as pessoas gostam de ver. Os bonecos parecem ter vida própria e independência. Talvez tenham.


Critóvão – Tales de Azevedo

O pequeno Cristóvão precisava de toda proteção que poderia ter, e sua mãe faria tudo o que pudesse para dar a todos o que mereciam.


O Vaqueiro Destoado – Félix Maranganha

Em algumas festas determinadas pessoas não são convidadas. Mas elas entram mesmo assim, e sempre causam uma certa agitação.


O Messias – Dalva Contar

Musica, bonecos, enfeites, muitas luzes e efeitos especiais para tornar a festa verdadeiramente inesquecível, para os sobreviventes.


Cantiga de Natal – Rafael Quintanilha

Então é natal, e as pessoas revelam o que trazem dentro de si...


Filho do Medo – Cláudio Alecrim

Algumas crianças sabem que encontrarão surpresas nas árvores de natal. Elas não estão apenas lá, presentes de Papai Noel.


Casa do Senhor – Monica Sicuro

Uma Casa precisa de um senhor que usufrua de seus benefícios. A casa dos sonhos de alguns e dos pesadelos de outros.


domingo, 23 de novembro de 2008

AGONIA – Ana Barreto


Deus, é tão tarde!
Quem ouve agora o meu grito de saudade?
Quem lhe falará da minha agonia
Que torturava a cada vez que você partia?
Quem lhe confidenciará os meus medos
Aos ouvidos em segredos
Quem lhe dirá dos meus receios
E dos incontáveis anseios
Que jamais lhe confessei?
Quem lhe dirá dessa espera
Dessa secreta quimera
Das coisas que calada lhe peço
Ao escrever cada verso
Que você jamais vai ver...

ADORANDO O AMOR – Ana Barreto

Meu amor não me dá as respostas
Quando as quero
E de repente me diz tudo
Quando menos eu espero
E em retribuição
Os sentidos lhe darão
O que meus sentimentos
Já lhe deram
A certeza de que o quero
Morando dentro de mim.
Nos desfrutamos, amor
E por pensamentos somos governados
E a raiz deles, sua fonte de calor
É nosso desejo acalantado,
Nosso voraz ensejo
Nossa sede de beijo
Nossa ânsia de carinho
Nossa carência de um ninho
Construído no corpo do outro.
Nos apegamos assim
Ao que o amor dá a você
Ao que o amor dá a mim,
Cumplicidade e felicidade
E essa é a nossa verdade
E somos felizes assim
Esperando
Cultivando
Namorando
Adorando o amor
E o que ele nos dará, enfim.

ACORDO – Ana Barreto




Apenas quando o silêncio se fizer ouvir
Te deixarei entrar.
Em minha casa, em meu quarto, aqui dentro!
Quero sentir teu desejo
Desnuda-me com teu beijo
O mais louco que guardou pra mim!

Apenas quando as flores esconderem seus perfumes
Me permitirei te provar.
Invadindo teu espaço despertando teus sentidos
A tua pele, o teu gemido
O teu grito permitido
Aquele que a tua boca não consegue sufocar!

Apenas quando a minha boca esquecer o teu sabor
Me deixarei ficar
Sem os anseios que tu ousas despertar
Meu coração audaz, acelerado
Meu desejo contumaz, enamorado
Tudo que sou perto de ti!

Apenas quando a Lua não mais brilhar
E o Sol abrir mão do seu calor
Te deixarei partir
E entre desejo e saciedade
Viverei minha saudade
Dormirei com minha dor.

ABENÇOADOS – Ana Barreto


Nada desfará o que temos
Esse encantamento de almas
Que do nada, sem esperar
Se reconhecem metades
E não se permitem separar.
Nada desfará a mágica fome do beijo
Nossos corpos abrasados de desejo
O calor a despeito do frio
A alegria se sobrepondo às dores
A forma como os nossos amores
Preenchem o que antes era vazio.
Declaro que te amo
E não temo o engano
Pois sondei tua alma
E o que vi foi luz
Desejo que me seduz
Entrega que me acalma.
Sou tua e tu és meu
E é no teu amor que me abrigo
E te sentindo aqui
Em mim abraçado
Sei que nada será um perigo.

A DOR QUE DÓI – Ana Barreto


A dor que dói não é aquela contundente
Aquela que me faz carente
De um afago,
De um beijo teu...
A dor que dói é a da faca cortante
Do silêncio repousante
Em que tu
Optaste descansar...
A dor que dói é a dor de te ver refeito
Enquanto eu vejo meu mundo desfeito
Eternamente
A te esperar...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Desconstrução - Márcia Buhrer


Esta tela eu comecei no auge de uma desconstrução, de uma crise geral em toda minha vida,no esboço não haviam as páginas sendo viradas, mas a medida que fui pintando fui me reconstruindo e daí elas surgiram. A cor fria (verde)como fundo, e um leve tom quente(amarelo) da camisa também tem o significado de sobrevivência (este verde é feito a partir de preto, amarelo e branco).

(Márcia Buhrer)

Copo Roubado à Fonte - Danny Marks


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Estavam os familiares reunidos para leitura do testamento do famoso inventor Crisóstomo Anferes, doze horas após o concorrido funeral.
Única nota destoante era a presença do fiel assistente que o acompanhara desde os tempos ruins de mero laboratorista até depois de ter seu talento reconhecido mundialmente.
O advogado leu pacientemente as clausulas do testamento que distribuía os bens do falecido entre os presentes e recolheu as lamúrias gananciosas dos abutres fantasiados de gala.
Apenas o assistente Fernando Carlos parecia satisfeito com o seu legado: Um laboratório conservado dos tempos ruins, mais por sentimentalismo que por utilidade, e uma pequena soma em dinheiro a titulo de indenização para cada ano trabalhado ao lado do multimilionário que o falecido se tornara. Uma gota sequer notada no oceano de riquezas.
O advogado aproximou-se de Fernando antes que este abandonasse a sala e perguntou-lhe intrigado com tamanha dignidade.
_ Ficou satisfeito com sua parte?
_ Crisóstomo era meu amigo e nunca me deixou faltar nada que necessitasse. Foi um péssimo cientista até o final, mas um gênio nos negócios. Aprendi muito com ele e, afinal, o que foi um copo roubado à fonte? Sim, estou satisfeito com a minha parte e já sei o que fazer daqui para frente.
Um brilho de entendimento surgiu no olhar do advogado.
_ Senhor, acaso precisaria dos serviços de um honesto advogado?
_ Claro meu amigo, um dia também precisarei de um testamenteiro. Porque não começar logo?
Rindo os dois fecharam as portas às hienas que nem perceberam que sua fonte secara.

Memórias, Putas e Palavra Tristes - Danny Marks



Pois se não foi do alto de uma manhã, natimorta, como são todas as dos que se atrevem a corromper o vício da saúde com noites de prazer fugaz, que me descobri sábio.
Já em tenra idade fiz de um plágio um estilo de vida, ao adotar como filosofia uma frase: “Os sábios herdarão a terra, pois quem espera, em Sabedoria sempre alcança”.
Sequer sabia o que faria com o mundo quando o herdasse, mesma forma desconhecia serventia da casa que somente adultos freqüentavam nessa espera, e cujo nome sussurravam com ar travesso: Sabedoria.
Acreditava, então, de pronto responder tais questões, quando sobreviesse idade de em Sabedoria estar, e me resignei a esperar.
Ensaiava constantemente para ser um dos sábios, enquanto idade para tal eu não possuía.
Nos folhetins baratos e em tomos empoeirados de livrarias publicas construía alcovas para meus olhos e para palavras, das quais me enamorara.
Tomava nota desses encontros lascivos no roto caderno carregado qual tesouro artístico, raramente exposto.
Usava minhas amadas em formas diversas, feito peças de brinquedo da criança imberbe, julgando com elas fazer belas construções.
Anos se passaram, sem que a espera me permitisse alcançar o intento parvo a que me dedicava de alma e, quando em vez, de corpo presente.
Foi sem aparato especial ou fanfarra que identifiquei o sortilégio de alcançar pensamento original, nunca antes feito adequadamente, emaranhado que estava nos pensamentos de outrem. E finalmente soube, que era um tolo.
Por me saber tolo em todos os momentos anteriores, me tornei um Sábio.
Em Sabedoria pude entender que minhas belas amadas não passavam de putas tristes. Dançavam diante de meus olhos me servindo da mesma forma que logo estavam servindo a outrem desconhecido.
Éramos, enfim, tolos enganados por essas palavras tristes, putas que eram, a jurar nos pertencerem, quando na verdade as possuíamos apenas por breves instantes de lucidez.
Mas alcançada a sabedoria não há retorno que nos satisfaça. Foi o que as salvou de minha ira imediata e rotunda.
Que se sucederia se houvesse eu descoberto, quando tolo perseguia a dita sabedoria, que viria com a idade? Logo se responde, pois que tolos jamais descobrem traição que possa haver.
Hoje as amo como merecem, como Putas Palavras Tristes de quem, nem eu, nem ninguém, jamais será dono. Essas dóceis servas é que são donas da sabedoria, que desde sempre lhes pertenceu, no mundo que as abriga e embala, e no qual somos apenas convidados, a usufruir seu encanto.
Confesso sem remorso de tempos idos que, hoje sim, sei amá-las muito mais, como merecem.
Minhas dóceis amantes, minhas Putas Palavras Tristes.

Dores de Amor - Jenário de Fátima


Dores de amor é mal que não se evita,
Que não se corta, mal que não se doma.
Quando acontece, rouba, furta, toma
Toda alegria que num peito habita.

A partir dele tudo se conflita.
Tudo embolora, tudo perde o aroma.
Um mal que chega e ao primeiro sintoma
Um caos se desmorona n´alma aflita

Somente o tempo a este mal dá cura,
Mas entrementes, cola em nossos traços,
Profundas rugas, marcas da tortura,

De quando a dor delimitava espaços,
E quando sai deixa a triste figura,
De muitos sonhos feitos aos pedaços.

©Jenário de Fatima

Amores Virtuais - Jenário de Fátima


Não brinque com amores virtuais
Eles são como todos os amores,
Provocam as mesmas mágoas, mesmas dores
Daqueles que chamamos de normais.

Estes porém machucam ainda mais,
Pois nunca se dividem os cobertores,
Dos beijos não se provam os sabores,
Nem vão-se pelos ímpetos carnais.

Mesmo assim, quando este amor se acaba
Os dias perdem o brilho, a alegria,
Parece que ao redor tudo desaba.

E a solidão ao cúmulo se revela;
Chorar-se um frágil amor que só se havia,
Na fina transparência de uma tela.



©Jenário de Fátima

Plágio X Inspiração - Danny Marks


Recentemente o meu amigo, o poeta Jenário de Fátima, que eu tenho o prazer de publicar neste blog, sofreu o triste episódio de ver, novamente, os seus textos plagiados.
Isso me fez retomar a um tema antigo, que autores e amigos muitas vezes me perguntam: Como se defender do Plágio? O que fazer para acabar com essa prática mesquinha?
Existem alguns mecanismos que podem auxiliar a combater o plágio, como, por exemplo, registrar os textos e idéias na Fundação Biblioteca Nacional ( http://www.bn.br/portal/ ) o que garante o direito de processar o plagiador nos conformes da lei.
Claro que fica difícil registrar cada um dos textos que se produz, por isso é comum os autores enviarem para si mesmos cópias dos textos, pelo correio. Basta colocar no envelope uma referência ao conteúdo e mantê-lo fechado, O lacre do correio e a data de postagem são aceitos no tribunal, onde será aberto o envelope, como prova contra o plágio. Assim, reunidos em um volume razoável pode-se formalizar com calma o registro.
Mas o que eu quero falar aqui é sobre o motivo do plágio.
Ao meu ver, o plagiador é alguém que não consegue ser nem um leitor, ou teria o prazer em dizer a todos quais os autores que está lendo e porque. O leitor sente prazer no que lê e quer compartilhar esse prazer com os outros, levar a mensagem do autor a todos os cantos, sendo o arauto desse seu ídolo. E de tanto levar mensagens de sabedoria, acaba absorvendo parte dessa, podendo tornar-se um escritor também. É fato que alguns nascem com um dom inacreditável para escrever, mas é fato que todos podem aprender a se expressar melhor com o estudo e a dedicação necessária.
No princípio, todos somos plagiadores, como a criança que não sabendo ler inventa roteiros para as figuras que vê nas histórias em quadrinhos, ou o estudante que amalgama os seus conhecimentos aos dos mestres do presente e do passado para produzir o seu próprio contexto.
Eu já escrevi textos sobre plágio, como “Memórias, Putas e Palavras Tristes” que escrevi imbuído no espírito do meu adorado escritor Gabriel Garcia Marques, logo após ter lido o divertidíssimo, “Memórias de minhas putas tristes”. O meu título e o estilo do conto é inspirado no livro, embora com um sentido diferente mais vinculado ao conto. Em “Copo roubado à fonte” eu falo de um plágio direto, um verdadeiro roubo de idéias e como a sabedoria da “fonte” soube usufruir desse pequeno delito sem se deixar envenenar.
Exageros ficcionais à parte, acredito que o plágio é capaz de envenenar, se for usado com malícia. Há o plágio inocente, um simples esquecimento de colocar os créditos do autor, ou da inspiração no outro por se sentir-se incapaz de fazer por si só ou porque se amou demais uma idéia que ela passou a nos direcionar por um breve momento.
Mas a fonte não seca se for roubada em um copo, e deve evitar envenenar-se por esse roubo, ao contrário, pode sentir orgulho de poder proporcionar uma parte de si ao mundo, ainda que não da forma como deveria.
Quantos heróis anônimos fazem o bem sem se preocupar em ter o reconhecimento? O mundo torna-se melhor porque eles continuam sendo a fonte benfazeja.
Claro que todos gostamos de ter o justo reconhecimento ao que somos e produzimos, e ele sempre acaba vindo inevitavelmente pois aquele que transborda em criatividade será visto e reconhecido, reduzindo-se o problema ao quando.
Então como evitar o plágio, como evitar que ele envenene a fonte? Como evitar que o reconhecimento justo e correto venha no seu devido tempo?
Divulgando, ensinando a fazer, mostrando o caminho a qualquer um que possa e queira chegar lá pelas próprias pernas e com o próprio esforço.
Eu tenho textos aqui e em vários lugares, públicos, abertos a críticas e ao plágio, porque acredito nas idéias que coloco em palavras, acredito em fazer melhor a cada dia, com a ajuda dos que me apóiam e dos que me criticam, porque os amigos nos ajudam a superar as dificuldades e os adversários nos ajudam a ver onde estamos precisando melhorar.
Um autor tem que estar aberto ao mundo, seja para elogios, seja para critica, seja para ser copiado, com autorização ou não, porque é para o mundo que ele cria, e é no mundo que ele se completa, em cada leitor, em cada pessoa que aprende com ele a se expressar.
Eu espero que os meus leitores se inspirem nos meus textos, seja para produzirem os seus ou apenas para olharem o mundo de forma diferente. Alegra-me os que respeitam os créditos autorais porque demonstram estarem no caminho certo para se tornarem pessoas melhores. Entristece-me os que usam o plágio, porque estes ainda terão muito o que crescer para deixarem de ser crianças tão tristes e vazias.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Réquiem para o Natal



Sinopse:

Natal. Época de paz, amor e fraternidade. Mas não para você. Esqueça-se de tudo que seus pais lhe contaram quando criança e prepare-se para conhecer o lado negro do Natal em 44 histórias sobrenaturais, de suspense e terror. Nada de amor e fraternidade. A única paz que encontrará aqui é a paz eterna. Atreva-se a abrir este presente.

Neste livro Danny Marks apresenta seu conto "Em Família", o seu natal nunca mais será o mesmo depois disso

O lançamento está marcado para 07/12/2008, às 17 horas no espaço WN - http://www.espacown.com.br/

Anno Domini


Uma antologia da Andross Editora, organizada pelos escritores Claudio Brites e Helena Gomes. A obra reune tanto contos ambientados na realidade histórica quanto aqueles passados em universos mágicos inventados pelos próprios autores.

Danny Marks participa com o conto O Príncipe, um conto sobre os jogos de poder e as armas da sobrevivência em um mundo onde os papeis são definidos, mas não definitivos.


para adquirir: dannymarks63@gmail.com

Caminhos do Medo


CAMINHOS DO MEDO – CONTOS SOBRENATURAIS, DE TERROR E DE SUSPENSE
Organizada pelo editor de livros, escritor e roteirista de HQ Edson Rossatto, CAMINHOS DO MEDO reuniu autores de diversas partes do Brasil e seus contos sobrenaturais, de suspense e de terror.

Danny Marks participa desta antologia com “Apenas Árvore”, uma lenda urbana sobre da fictícia cidade de Alamos Valley e sua floresta viva.

Para adquirir este livro: dannymarks63@gmail.com

Paranóia! - Danny Marks




Eles estão por toda parte, em todos os lugares e coisas para onde eu olho. Sempre estiveram.

Eu é que não os via. Até que ele me mostrou.

Mais um cliente para a clínica, coitado, uma vida destroçada, perdeu os laços familiares, perdeu o emprego, perdeu a dignidade, quase perdeu a vida em uma tentativa mal sucedida de suicídio. Quantos eu havia visto assim antes dele?

Tive que conversar com ele, analisar a necessidade de medicação. Um suicida mal sucedido sempre tenta de novo e de novo até que consegue, apenas espera a melhor oportunidade que pode ser a qualquer momento, basta que veja o sinal.

― Não vou me matar, doutor, não preciso mais. Já estou morto.

― Entendo! Se está morto e falando comigo, significa que está em uma nova vida, além da morte então. Pode iniciar uma nova jornada e alcançar os seus objetivos, não é mesmo?

― Que merda, já disse que estou morto, agora é deixar o corpo ir apodrecendo aos poucos e quando os ossos virarem pó, deixar a consciência se esvair de vez. Não percebe que tudo o que sou é apenas uma ficção? Eu não existo, você não existe, nada do que você chama realidade existe. É tudo uma idéia que se perde.

― O que o faz pensar assim? O que aconteceu para que visse o mundo dessa forma? Pode me dizer?

Ele estava tranqüilo, mesmo sem medicamentos, apenas deitado na cama olhando para algum ponto infinito no teto, não me olhava no rosto, como se eu não importasse de fato.

― Eu apenas vi, tive uma revelação!

Droga, mais um viciado que havia visto Deus em uma bad trip e acabara desacreditando do universo. Era o centésimo só neste mês.

― Uma Revelação? E como foi isso?

― Como acender uma lâmpada em um lugar completamente escuro. Em um instante você imagina tudo o que está ali a sua frente, sente como se soubesse cada uma das coisas que estão em volta e, de repente, você passa a ver de fato. O sentido por trás das coisas.

― Interessante, e qual seria esse sentido? Talvez eu possa entender mesmo sem ter visto a luz...




Ele virou-se para mim e sorriu de uma forma como eu jamais havia visto alguém fazer. Se o Diabo sorrisse deveria ser daquele jeito, malicioso, erótico, sarcástico, nojentamente depravado, invasivo e imoral, de uma sensualidade lasciva e mesquinha.

― Você quer? Precisa querer de verdade, é assim que a coisa acontece. Está tudo dentro da sua cabeça apenas. Da idéia da sua cabeça. O que busca é o que encontra.

Mesmo contra as regras, decidi que precisava fazer alguma coisa, uma reação de defesa contra aquele sorriso que me despira e me possuíra a alma de forma tão ilícita.

― E quem me diz que não é isso que aconteceu contigo? Que não é da sua cabeça essa idéia de Revelação? Você queria ter uma revelação e ela se fez para você, não?

Ele sentou-se e me encarou com aquele sorriso.

― Sim, eu queria isso. Busquei Deus em templos e nas esquinas mais escuras que encontrei, no alto das montanhas e no banheiro, e em cada lugar que eu ia, eles estavam lá!

― Eles? Quem seriam eles?

― Os sinais! Os sinais de que Deus nunca existiu, nada existe, é tudo apenas uma grande mentira inventada por alguém. Já viu quantas mentiras são ditas no SEU mundo? Olhe bem de perto e vai ver uma mentira sórdida em cada canto. Não existe amor, não existe desejo, não existe Luz, é tudo fruto da imaginação. Cada formato, cada pessoa, cada situação, só existe durante o tempo em que a idéia perdura, pelo interesse de...

Calou-se, havia intensidade no que dizia, mas não fúria. Uma intensidade que existe quando se fala uma verdade profunda e desesperadora, acompanhada da resignação revoltada de não se poder mudar os fatos incontestáveis da vida. Eu precisava mais...

― De quem? O interesse de quem?

― Eu não sei. Não importa.

― Deus? Seria esse, então, o Deus que você procurava? O idealizador de toda a mentira?

Ele riu, gargalhou profundamente, histericamente. Se jogou na cama em convulsões de riso. Eu precisava sair dali, mas algo me detinha. Algo me acorrentava. As paredes brancas, os lençóis amarrotados, o sapato virado no canto do quarto.

― Eu não preciso acreditar em Deus, eu o conheço! Vi os sinais e sei o que Ele vai fazer daqui a pouco. Vai me matar. Era essa a idéia desde o princípio.

Jung, o homem citava o descobridor dos arquétipos, se colocava em uma posição de SER um arquétipo. A coisa estava fora de controle, eu tinha que fugir dali.

― Eu creio que a idéia de que todos vão morrer um dia é algo que nos assombra tão logo nos percebemos vivos. Então não há porque antecipar algo que irá acontecer inevitavelmente. Por outro lado não é preciso haver sofrimento, pode ter uma vida boa até que...

― O que? Até que descubra que tudo não passa de uma farsa? A mulher grávida que carrega o filho que não é do marido, o sexo que substitui o amor, o emprego que paga as contas que você não teria se não quisesse ter o que não precisa para mostrar aos outros o que você não é? Não percebe que é tudo uma farsa? Personagens que alguém criou para entreter os outros. Alguém está te olhando, Doutor. Alguém está acompanhando cada passo seu. Seus pensamentos e suas palavras, a todo instante. Você não passa de uma alucinação da cabeça de alguém para que outros te vejam. Nada disto aqui existia antes, alguns minutos atrás e nem eu, nem você, existíamos, e daqui a pouco eu não vou mais existir. Já nasci morto, e só estou vivo porque aquele que está olhando ainda não percebeu isso. Mas já estava determinado que eu estaria morto. Desde o começo.

Eu me virei. Definitivamente precisava ir embora dali antes que...O que? Antes que eu passasse a acreditar? Abri a porta e me voltei para ele.

Os vermes já o devoravam em plena cama, pequenos vermes como larvas de varejeira a comer a carne podre. Um piscar de olhos e ele não estava mais ali. Desaparecera como se nunca tivesse estado. O quarto vazio, limpo, estéril em todos os sentidos. A brancura da inexistência da idéia.

Quando saí para o corredor eu vi a luz brilhante invadindo a minha alma.

Olhei a minha volta e lá estavam eles, todos eles. Todas as coisas que sempre estiveram ali e que daqui a alguns minutos não vão estar mais.

Minha vida se resumia a existir enquanto havia alguém, que eu não sabia quem, estivesse olhando para mim. Me acompanhando em cada passo e pensamento.

Até que a página fosse virada.

M. C. Escher

Mauritus Cornelis Escher

(1898 – 1970)

Mauritus Cornelis Escher, nasceu em Leeuwarden na Holanda em 1898, faleceu em 1970 e dedicou toda a sua vida às artes gráficas. Na sua juventude não foi um aluno brilhante, nem sequer manifestava grande interesse pelos estudos, mas os seus pais conseguiram convencê-lo a ingressar na Escola de Belas Artes de Haarlem para estudar arquitectura. Foi lá que conheceu o seu mestre, um professor de Artes Gráficas judeu de origem portuguesa, chamado Jesserum de Mesquita.

Com o professor Mesquita, Escher aprendeu muito, conheceu as técnicas de desenho e deixou-se fascinar pela arte da gravura. Este fascínio foi tão forte que levou Mauritus a abandonar a Arquitectura e a seguir as Artes Gráficas. Quando terminou os seus estudos, Escher decide viajar, conhecer o mundo! Passou por Espanha, Itália e fixou-se em Roma, onde se dedicou ao trabalho Gráfico. Mais tarde, por razões políticas muda-se para a Suíça, posteriormente para a Bélgica e em 1941 regressa ao seu país natal.

Estas passagens por diferentes sítios, por diferentes culturas, inspiraram a mente de Escher, nomeadamente a passagem por Alhambra, em Granada, onde conheceu os azulejos mouros. Este contacto com a arte árabe está na base do interesse e da paixão de Escher pela divisão regular do plano em figuras geométricas que se transfiguram, se repetem e reflectem, pelas pavimentações. Porém, no preenchimento de superfícies, Escher substituía as figuras abstracto-geométricas, usadas pelos árabes, por figuras concretas, perceptíveis e existentes na natureza, como pássaros, peixes, pessoas, répteis, etc.



Escher, sem conhecimento matemático prévio mas através do estudo sistemático e da experimentação, descobre todos os diferentes grupos de combinações isométricas que deixam um determinado ornamento invariante. A reflexão é brilhantemente utilizada na xilografia "Day and Night", uma das gravuras mais emblemáticas da carreira de Escher.

http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2000/icm33/Escher.htm

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O Homem que Via - Danny Marks



Em um tempo já esquecido, em um local obscuro de algum lugar, nasceu o homem que via. A principio, ninguém percebeu que ele via, porque em seu mundo ninguém tinha olhos somente ele tinha um, no centro da testa.
Com o tempo foram percebendo que ele era diferente, não conseguia trabalhar ou andar sem cair, no escuro, coisas simples que todos faziam com a maior naturalidade, ele parecia retardado...
Ele percebeu que tinha um olho e que ninguém mais tinha, e por vergonha, escondeu esse problema de todos enquanto pode, mas foi descoberto. Por acaso alguém passou a mão em seu rosto e notou a sua deformação, logo todos o evitavam, depois passaram a zombar dele, por fim o expulsaram do seu meio. Isolado, começou a chorar, coisa que mais ninguém em seu mundo fazia, até que teve uma grande ideia, tentaria ser igual a todos. E cobriu o seu único olho com uma venda.
Por longo tempo buscou ser como todos, completamente cego, mas constantemente lhe vinha um sentimento estranho, saudade de sua visão...
Começou a perceber que, ao privar-se da visão perdia parte do seu mundo, não via mais as cores, as formas, as variações de sombras e luz.
Impossibilitado de abandonar definitivamente essa parte de seu ser, decidiu ir embora, deixando para traz todo o seu passado.
Andou por muito tempo sem rumo até que ouviu som de vozes, rindo, aproximou-se meio escondido e viu um grupo de pessoas, e tomou um susto, elas não eram cegas, nem tinham um olho apenas, e sim dois olhos...
Aproximou-se e pediu ajuda, no que foi atendido, levaram-no para um lugar onde todos tinham dois olhos, e todos o tratavam bem embora de forma estranha.
Com o tempo percebeu que sentiam pena dele, porque tinha um olho só, tentou mostrar que sabia fazer coisas sem ver, mas isso os horrorizava, era considerado um ser inferior, e pouco a pouco o discriminaram.
Ele tentou ser igual a eles, mas não conseguia ver tantas coisas que eles viam e foi ficando triste. Decidiu sair dali.
Andou por muito tempo, decidiu desistir de tudo, foi quando ouviu um grito e correu para ver o que era. Uma jovem tinha caído em um buraco e não conseguia sair, em seu socorro vinha um grupo maior, que para horror do homem, não conseguiam perceber que iriam cair também, pois nenhum deles tinha olhos...
_ Parem – gritou – Eu a tirarei do buraco onde caiu.
E fez o que tinha dito, sendo imediatamente aclamado por todos.
Foi conduzido até a cidade, sendo apresentado a todos como um sábio estrangeiro que os alertara do perigo iminente e tinha pessoalmente salvado um deles.
Quando ia falar como tinha feito algo simples para ele, calou-se ao ver um jovem em canto escondido, um jovem com um olho só, no meio da testa.
Aproximou-se do jovem e falou:
_ Sou realmente um sábio estrangeiro que foi enviado para mostrar a vocês um caminho melhor, onde o respeito às diferenças implica em benefícios para todos, eu os ensinarei e aprenderei com vocês, pois todos temos para aprender e ensinar.
E abaixando-se falou ao ouvido do garoto.
_ Ver é muito mais que ter olhos, é sentir dentro de si que somos todos iguais mesmo sendo diferentes, porque todos buscamos ser aceitos, e às vezes precisamos entender como os outros nos vêem e não apenas como os vemos.
Logo o sábio tornou-se Rei e o menino seu aprendiz, e todos progrediram juntos.




História de Pescador


Esta é mais uma Historia de Pescador, mas eu tenho certeza de que aconteceu em algum lugar mais ou menos assim...

Um Sábio ao andar por uma cidade encontra um homem com fome. Como sabia da existência de um rio próximo, ensina o homem a construir uma vara de pesca e a pescar, e vai embora.
Ao preparar o primeiro peixe para comer, o aroma agradável atrai um administrador que por ali passava. Vendo o pobre homem e seu peixe, decide ajuda-lo. Convence-o de que deveria vender seu produto e com o dinheiro comprar uma vara de pesca e desta forma poder ampliar seu estoque.
De posse de uma nova vara de pesca, mas ainda com fome, o homem põe-se a pescar e consegue vários exemplares vistosos.
Um publicitário que o vê com tantos peixes convence-o, ao troco de alguns deles, a fazer sua campanha de vendas de forma que ele pudesse ganhar muito dinheiro.
As vendas iam bem, até que chegou um fiscal e lhe pediu a licença de pesca comercial. Sem tê-la o homem é autuado em flagrante delito e conduzido à cadeia.
Na cadeia o homem conhece um advogado que, apiedado da história, resolve defende-lo. Consegue reduzir a pena à uma multa que junto com os honorários do advogado, leva todo o dinheiro que o homem havia ganho com os peixes.
Livre, novamente, e ainda com fome o homem põe-se a chorar...
Seu sofrimento atrai um filósofo que interessa-se pela historia do homem sem sorte.
Após lhe pagar um almoço, decide ajuda-lo.
Junto com ele passa a dar aulas de pesca para as pessoas que desconheciam a excelente técnica aprendida com o sábio. Ao ganhar algum dinheiro resolvem criar uma escola de pesca. Contratam o administrador para gerenciar o negócio que se expande, o advogado para resolver as questões legais que começam a surgir, e o publicitário para divulgar seu novo negócio.
Hoje o filósofo e o homem, ambos ricos, passam o tempo passeando e ajudando àqueles a quem, um dia, o sábio ensinou a pescar....

Moral da História:
Nenhuma, quem falou que deveria haver moralidade em uma história de pescador? Um sábio? Ora, vá pescar...

Pagina em Branco - Danny Marks



Hoje eu sentei em frente ao computador e fiquei olhando para aquela página em branco do processador de texto. Há muito tempo não escrevo e a intimidade que desenvolvera com as palavras parece ter desaparecido. Eu ri quando lembrei do tempo em que sentava em frente a uma página de caderno com o coração pulsando de sentimentos que o cérebro não conseguia traduzir em palavras, somente após muitas tentativas fracassadas eu conseguia algo razoável aos meus olhos.
Os amigos incentivavam, mas não foi somente por eles que eu continuei, foi por uma razão mais egoísta, uma necessidade de fixar de forma indelével meus sentimentos, focar os sentidos no mundo que se escondia por tras das formas, dos rostos, da ilusão do cotidiano.
A necessidade de ver o que as pessoas eram, fez-me continuar. Escrevi poesia e vi rostos cansados ganharem vigor, descrevi cenas do cotidiano e vi corações pulsarem descompassados, escrevi sobre filosofia e observei olhos se iluminarem... até que, um dia, parei.
Nenhum motivo, medo talvez. Mas algo me chamava e hoje eu cedi ao pedido e encaro a folha em branco. Aonde estão minhas musas? Cadê a minha criatividade? O que quero dizer que mereça ser lido, falado, ouvido, comentado?
Foi somente quando comecei que percebi o que queria transmitir para a página em branco: Eu mesmo.
Somente hoje percebi que busquei ver a mim mesmo em cada palavra que escrevia para ser lida por outros. Fiz dos outros o meu espelho de forma a ver meus sentimentos nos sentimentos transmitidos pelas palavras, tornando cada leitor um ator, um artista, um interprete da vida. Pelos olhos deles eu via a mim mesmo e o interior deles, conseguia perceber que não era o único a sentir. A musica refletia nos corações e fazia o meu pulsar diferente, a cada reinterpretação das minhas palavras aprendia o que tinha ensinado.
Ao olhar para a página em branco percebi que o futuro é assim, uma página em branco que pode permanecer aguardando eternamente, mas que pode ser preenchida por algo muito importante, eu mesmo.
Ao me colocar nas páginas em branco que a vida me oferece, posso me perceber em cada rosto, porque todos somos semelhantes em nossas diferenças. Você que olha para mim através destas palavras, percebe a si mesmo, esquece que estamos distantes no espaço e passo a habitar a sua mente, eu sou você amanhã, o inicio, o fim e o meio, aquele que surpreenderá a todos não por ser exótico, mas por ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio, afinal, fruto do mundo somos os homens, sonhador que acredita estar acordado.
A sua frente está uma página em branco, e você a preenche sem perceber, sem dar-lhe importância. Nela você escreve o que é, e alguém a lê.
Cada livro, cada foto, cada paisagem, cada rosto que você vê, é você. Seu passado, seus valores, seus desejos, seus atos, estão em suas interpretações do mundo, e assumem o colorido que você lhes dá. O mundo é o que você quer que ele seja, não importa quem falou o que você agora pensa, foi você que sem perceber escreveu em uma página em branco e alguém leu e ao escutar-se na voz dos outros percebeu-se...
Amanhã, depois de amanhã uma nova página em branco espera que você a preencha, o que vai estar escrito nela?
Eu sei que vai estar escrito... Lá estará escrito: VOCÊ.

Como Publicar na Net


“Lembre-se que o mundo está a sua frente, não aos seus pés.”

(Danny Marks)

Pode parecer simples a publicação de um texto na Internet, principalmente devido a facilidade de fazê-lo. Qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento de informática pode criar uma comunidade em um site de relacionamentos, um blog ou um texto informativo ou dissertativo e apresentá-lo ao mundo.

Existe, porém, uma diferença entre publicar um texto e obter o resultado desejado com o mesmo. Devido a esse fato, vou enumerar alguns pontos básicos.

Michel Charolles, pesquisando sobre a coerência nos textos, chegou a quatro regras básicas que chamou de meta-regras da Coerência, muito bem apresentadas por Antônio Suárez Abreu.

Veja o que o que ele nos diz, usando uma adaptação livre do texto:

- Meta-regra da Repetição – nada mais é do que aquilo que chamamos de coesão textual. O fato de, em uma frase, recuperarmos termos de frases anteriores, por meio de pronomes, elipses, elementos lexicais ou substitutivos constitui um processo de repetição ou recorrência. A coesão textual é, portanto, a primeira condição para que um texto seja coerente.

- Meta-regra de progressão – diz que um texto deve sempre apresentar informações novas à medida que vai sendo escrito.

- Meta-regra da não-contradição – Cada pedaço do texto deve “fazer sentido” com o que se disse antes

- Meta-regra de Relação – estabelece que o conteúdo do texto deve estar adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis.

Claro que apenas isso não torna o texto publicável, são os elementos primordiais a se ter em mente quando for produzir qualquer tipo de texto. A escolha do público alvo – pessoas que se pretende sintonizar com a idéia apresentada – e suas características é outro fator primordial.

Quando se publica na Internet, deve-se levar em consideração a abrangência que essa publicação poderá ter. Por isso a escolha do meio – mídia – é importante.

Um texto de apresentação em um tópico de comunidade de relacionamentos tem que ser indutivo, já que o objetivo é orientar e apresentar idéias para um debate interativo.

Já um texto feito para um blog, por outro lado, deve ser sintético e atrativo, para prender a atenção do leitor e passar o maior número de informações objetivadas em um espaço pequeno. O leitor de internet tem pressa e está sempre buscando coisas importantes para ele e semelhantes.

Por isso, não basta ter algo importante para ser dito, tem que ser claro e rápido, sem perda do conteúdo.

Está provado cientificamente que a Internet criou uma forma diferenciada de leitores e escritores e, um cuidado maior com o que é dito e como, é recomendável, já que a visibilidade dos conteúdos, além de ser maior, é abrangente podendo edificar carreiras ou destruí-las.

Na próxima vez que ler um texto na Internet ou postar o seu, lembre-se que o mundo está a sua frente, não aos seus pés.

Leitura recomendada – Curso de Redação – Antonio Suárez Abreu

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