Recentemente o meu amigo, o poeta Jenário de Fátima, que eu tenho o prazer de publicar neste blog, sofreu o triste episódio de ver, novamente, os seus textos plagiados.
Isso me fez retomar a um tema antigo, que autores e amigos muitas vezes me perguntam: Como se defender do Plágio? O que fazer para acabar com essa prática mesquinha?
Existem alguns mecanismos que podem auxiliar a combater o plágio, como, por exemplo, registrar os textos e idéias na Fundação Biblioteca Nacional ( http://www.bn.br/portal/ ) o que garante o direito de processar o plagiador nos conformes da lei.
Claro que fica difícil registrar cada um dos textos que se produz, por isso é comum os autores enviarem para si mesmos cópias dos textos, pelo correio. Basta colocar no envelope uma referência ao conteúdo e mantê-lo fechado, O lacre do correio e a data de postagem são aceitos no tribunal, onde será aberto o envelope, como prova contra o plágio. Assim, reunidos em um volume razoável pode-se formalizar com calma o registro.
Mas o que eu quero falar aqui é sobre o motivo do plágio.
Ao meu ver, o plagiador é alguém que não consegue ser nem um leitor, ou teria o prazer em dizer a todos quais os autores que está lendo e porque. O leitor sente prazer no que lê e quer compartilhar esse prazer com os outros, levar a mensagem do autor a todos os cantos, sendo o arauto desse seu ídolo. E de tanto levar mensagens de sabedoria, acaba absorvendo parte dessa, podendo tornar-se um escritor também. É fato que alguns nascem com um dom inacreditável para escrever, mas é fato que todos podem aprender a se expressar melhor com o estudo e a dedicação necessária.
No princípio, todos somos plagiadores, como a criança que não sabendo ler inventa roteiros para as figuras que vê nas histórias em quadrinhos, ou o estudante que amalgama os seus conhecimentos aos dos mestres do presente e do passado para produzir o seu próprio contexto.
Eu já escrevi textos sobre plágio, como “Memórias, Putas e Palavras Tristes” que escrevi imbuído no espírito do meu adorado escritor Gabriel Garcia Marques, logo após ter lido o divertidíssimo, “Memórias de minhas putas tristes”. O meu título e o estilo do conto é inspirado no livro, embora com um sentido diferente mais vinculado ao conto. Em “Copo roubado à fonte” eu falo de um plágio direto, um verdadeiro roubo de idéias e como a sabedoria da “fonte” soube usufruir desse pequeno delito sem se deixar envenenar.
Exageros ficcionais à parte, acredito que o plágio é capaz de envenenar, se for usado com malícia. Há o plágio inocente, um simples esquecimento de colocar os créditos do autor, ou da inspiração no outro por se sentir-se incapaz de fazer por si só ou porque se amou demais uma idéia que ela passou a nos direcionar por um breve momento.
Mas a fonte não seca se for roubada em um copo, e deve evitar envenenar-se por esse roubo, ao contrário, pode sentir orgulho de poder proporcionar uma parte de si ao mundo, ainda que não da forma como deveria.
Quantos heróis anônimos fazem o bem sem se preocupar em ter o reconhecimento? O mundo torna-se melhor porque eles continuam sendo a fonte benfazeja.
Claro que todos gostamos de ter o justo reconhecimento ao que somos e produzimos, e ele sempre acaba vindo inevitavelmente pois aquele que transborda em criatividade será visto e reconhecido, reduzindo-se o problema ao quando.
Então como evitar o plágio, como evitar que ele envenene a fonte? Como evitar que o reconhecimento justo e correto venha no seu devido tempo?
Divulgando, ensinando a fazer, mostrando o caminho a qualquer um que possa e queira chegar lá pelas próprias pernas e com o próprio esforço.
Eu tenho textos aqui e em vários lugares, públicos, abertos a críticas e ao plágio, porque acredito nas idéias que coloco em palavras, acredito em fazer melhor a cada dia, com a ajuda dos que me apóiam e dos que me criticam, porque os amigos nos ajudam a superar as dificuldades e os adversários nos ajudam a ver onde estamos precisando melhorar.
Um autor tem que estar aberto ao mundo, seja para elogios, seja para critica, seja para ser copiado, com autorização ou não, porque é para o mundo que ele cria, e é no mundo que ele se completa, em cada leitor, em cada pessoa que aprende com ele a se expressar.
Eu espero que os meus leitores se inspirem nos meus textos, seja para produzirem os seus ou apenas para olharem o mundo de forma diferente. Alegra-me os que respeitam os créditos autorais porque demonstram estarem no caminho certo para se tornarem pessoas melhores. Entristece-me os que usam o plágio, porque estes ainda terão muito o que crescer para deixarem de ser crianças tão tristes e vazias.
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