sábado, 31 de janeiro de 2009
Prêmio Dardos para os Retratos da Mente
Tenho o maior prazer de dizer que apesar do pouco tempo de vida do Blog Retratos da Mente temos recebido várias indicações para o prêmio Dardos.
Isso nos deixa orgulhosos de ter o reconhecimento pelo trabalho que desenvolvemos aqui.
Aos que colaboram para o desenvolvimento do conteúdo e aos que prestigiam com sua presença, o nosso mais sincero obrigado.
Que a Magia se faça e que possamos todos crescer juntos.
Abaixo a lista dos que já indicaram o Retratos da Mente para o Prêmio Dardos e seus respectivos blogs (que eu recomendo)
Luiza Caetano
http://vozdeagua.arteblog.com.br/
Deborah Brandão
http://deborahbrandao.blogspot.com/
Rachel de Moraes
http://oquecintilaemmim.blogspot.com/
Danny Marks
Uma História da Savana - Danny Marks
Quando Olhos Verdes nasceu e sentiu
pela primeira vez o cheiro da savana Amarelão já apresentava os sinais do que
seria uma bela juba.
Quando Olhos Verdes se divertia com os
de sua idade em brincadeiras que lhe permitiam tonificar os músculos jovens e
aprender os princípios da arte da caça. Amarelão já saia com o grupo de caça,
aprendia as técnicas de ataque, de defesa, desgastava o fôlego em longas buscas
por alimento.
Quando se viram pela primeira vez,
Amarelão descansava o corpo de uma longa caçada infrutífera enquanto planejava
o seu futuro.
Olhos Verdes ainda pensava nas
brincadeiras infantis, e ao ver Amarelão descuidadamente relaxado sob a sombra
de uma arvore, decidiu pregar-lhe uma peça.
Aproximou-se furtivamente,
preparando-se para dar um bote certeiro, amarelão parecia dormir
tranqüilamente, os músculos relaxados, apenas as orelhas movendo-se de quando
em quando para espantar as moscas impertinentes.
Quando julgou estar bem próximo,
flexionou os músculos e saltou.
Uma patada o lançou rolando pela
poeira da savana.
— Quando quiser surpreender sua
presa, garoto, aproxime-se contra o vento, pode-se sentir seu fedor a
quilômetros.
Olhos Verdes levou algum tempo para se
recuperar do choque, quando o fez Amarelão já tinha ido embora, o que apenas
aumentou a sua raiva.
A partir desse dia Olhos Verdes
passou a dedicar os seus esforços a superar o maldito Amarelão, mas o que
conseguiu foi acumular derrotas e em cada uma delas um aviso de Amarelão...
“Observe
onde pisa, um galho seco soa mais alto do que o seu choro, garoto”
“Se não consegue correr mais do que o seu objetivo, finja
não estar interessado nele, até estar pronto para atingi-lo”
“Você só vai vencer quanto tiver menos pontos fracos do
que a sua presa, garoto”
“Garoto, persistir com inteligência é sabedoria,
persistir sem inteligência é apenas teimosia”
A cada derrota uma patada para
marcar as palavras.
Olhos Verdes se recuperava melhor
das patadas do que das palavras, essas ele fazia questão de guardar para
usá-las quando finalmente desse uma surra no maldito Amarelão.
O fato de Olhos Verdes ter sido
admitido antes da idade normal para o grupo de caça e se tornar um dos mais
hábeis de todos, foi obscurecido pelo fato de Amarelão ter-se tornado Líder do
Bando, depois de vencer o velho Juba Branca.
Em sua fúria, Olhos Verdes atribuiu
à velhice, a derrota de Juba Branca. Se ninguém o tinha vencido antes é porque
ninguém o tinha desafiado em respeito a sua sabedoria. Apenas o arrogante
Amarelão tinha feito isso.
Agora ficava mais difícil
desafia-lo, ser derrotado significaria ser expulso do grupo, precisava se
preparar melhor para ter certeza de sua vitória, mas sabia que seu dia
chegaria.
Passaram-se meses enquanto Olhos
Verdes se aprimorava em todas as tarefas e estudava os hábitos do grande líder,
sempre aprendendo e desenvolvendo-se.
O grupo nunca havia tido um líder
tão competente, a comunidade prosperava aos olhos de todos. Mas Olhos Verdes
não estava interessado nisso, sua obsessão era vencer Amarelão, vivia para
isso....
Com a temporada de seca na savana a
comida ficou mais rara, tinha-se que ir mais longe e nem sempre se voltava com
alguma coisa.
Os mais jovens começaram a morrer de
fome e de sede, e foi nessa ocasião que Amarelão desapareceu...
Olhos Verdes ficou furioso, o
maldito covarde havia abandonado o grupo à própria sorte; sua fúria atingiu o limite,
decidiu ir atrás do desertor e acabar com ele.
Era chegada a hora da verdade, só um
retornaria vivo para o bando.
Farejou as pistas e seguiu o cheiro
de Amarelão por quilômetros, até que avistou uma movimentação estranha. Posicionou-se
no alto de uma elevação para poder ver melhor.
Um bando de hienas atacava um leão
que já estava seriamente ferido.
Controlou o impulso de avançar
diretamente, chegaria exausto e ainda perderia o fator surpresa. As hienas
deviam estar famintas para atacar um leão, mesmo um leão ferido. Estavam
tentando enfraquece-lo antes de matá-lo.
Olhos Verdes deu a volta para se
posicionar contra o vento e foi aproximando-se furtivamente. Estava bem próximo
quando notou quem era a vitima; ora se não era o maldito Amarelão.
A seus pés um enorme Gnu abatido,
grande o suficiente para matar a fome do seu bando. Só então Olhos Verdes
compreendeu tudo.
Amarelão não tinha abandonado o
grupo, tinha ido buscar comida porque os outros estavam fracos demais, mas
havia superestimado a sua força. Exausto de arrastar a caça e fraco pela fome,
tinha virado presa fácil para as hienas que logo devorariam os dois.
Provavelmente ainda teria forças
para abater uma ou duas hienas, mas o bando iria vencê-lo, era uma questão de tempo.
Olhos Verdes viu a sua oportunidade,
bastaria aguardar as hienas fazerem o serviço, depois ele avançaria sobre as
sobreviventes e salvaria a carcaça do Gnu para o seu bando, seria aclamado como
o novo líder e se livraria do antigo adversário.
Os olhos de Amarelão cruzaram com os
Olhos Verdes e como se tivesse entendido as intenções deste, redobrou a fúria
contra as hienas.
Com uma patada certeira quebrou o
pescoço de uma hiena em pleno ar, conseguiu enfiar as presas em outra que se
atreveu a aproximar-se demais rasgando-lhe a jugular, dava para perceber que
consumia suas ultimas energias.
Nesse momento Olhos Verdes tomou a sua
decisão. O passo que deu quebrou um galho seco chamando a atenção das hienas, no
mesmo instante em que Amarelão tombava exaurido de suas forças.
Quando Amarelão acordou, já era
noite, o bando se reunia em torno do Gnu e das hienas abatidas. Havia comida a
sua frente, mas seu olhar foi atraído por dois olhos verdes que o vigiavam.
— Vai sobreviver, mas terá que
abandonar o posto em breve, suas feridas foram profundas o suficiente para
debilitá-lo permanentemente.
— Então vai assumir o comando,
garoto?
— Ainda não, tenho muito para
aprender, mas quando resolver deixar a liderança estarei pronto...
— Sempre soube que seria um bom
líder, garoto, desde o primeiro dia eu vi isso.
— Somente hoje percebi o que estava
fazendo comigo, obrigando-me a superar minhas deficiências. Estava realmente
disposto a morrer para salvar o bando? Seria uma grande perda para nós se eu
permitisse isso.
— Você estaria lá para conduzi-los...
— Você ainda precisa ensinar-me
algumas coisas. Desta vez estarei mais atento para suas lições. E nunca mais me
chame de garoto ou eu mesmo o mato.
Olhos Verdes virou-se para ir embora e
recebeu uma suave patada na cauda.
— Cuidado com os galhos secos...
garoto.
Olhos Verdes sorriu e continuou se
afastando enquanto dizia.
— Tomarei cuidado, velho... tomarei
cuidado.
Quando Amarelão morreu, choveu na
savana, até o céu chorava a perda do grande líder que partia e Olhos Verdes
assumiu o comando como havia prometido. Nunca sentira tanto medo quanto naquele
dia.
Estava pensando em seu amigo que se
fora, abrigado da chuva sob a copa de uma arvore, olhos fechados, quando ouviu
um galho se quebrando...
Seus músculos reagiram
instantaneamente tirando-o do caminho do jovem brincalhão que saltava sobre ele
ao mesmo tempo em que desferia uma violenta patada.
Olhou para Pernas de Gazela, que
rolava na lama meio atordoado pela patada, e sorriu...
— Cuidado com os galhos secos, garoto.
Posso ouvi-los mais longe do que o seu choro.
E afastou-se lentamente, um novo líder
precisava ser preparado para o dia em que ele, Olhos Verdes, pudesse retornar a
ver o seu velho amigo Amarelão. Nesse dia veriam quem era o melhor.
E Sorriu a esse pensamento...
(Danny Marks - 20/11/2005)
domingo, 25 de janeiro de 2009
Altas Esferas - Danny Marks
Era exótica aquela figura. Por várias vezes havia dado
entrevista para a televisão. Era uma celebridade no folclore local: Um Profeta
de Rua. Desde sempre estivera na cidade, no coreto da pracinha, a sua
moradia. Vestia as roupas que lhe deixavam, a comida que preparavam e, em
troca, lhes dava a voz das Altas Esferas.
Qualquer um que se aproximasse poderia ser agraciado com
uma profecia, meio presságio, meio enigma, recitada em repente de cordel e
deixada no ar para que cada qual a interpretasse por si só. Logo se calava
dançando ao som da música que, das esferas vindo, só ele ouvia.
O repórter lhe perguntara, certa vez, que esferas eram
essas. Ao que ele lhe respondera sério com o dedo em riste apontado para o céu:
— Ouvir estrelas? De certo me dirás que perdi o senso, e te
direi no entanto; não só poeira delas recebes e, nem esta, tu percebes. Quem é
o néscio, portanto?
Quis o destino que um dia o governador do estado, em plena
campanha pela reeleição, por ali passasse e desgostasse da figura folclórica. Mandou
seus assessores removerem o “lixo” da praça do coreto, pois ali pretendia
discursar. E o que parecia caso fácil para tão nobres senhores se tornou algo
complicado, frente à ação popular.
Os primeiros a comprar a briga na defesa do profeta das
estrelas esféricas, foram os moleques que, com suas atiradeiras, deitaram
pedras nos capangas de terno, pagando com isso velha dívida adquirida com o
mestre, nas dicas dadas à moda de cordel sobre matéria de prova por fazer.
Veio a polícia, relutante, para ajudar a restabelecer a
ordem pública. O governador haveria de desculpar, homens bravos e fieis no
cumprimento do dever, podem enfrentar sem medo qualquer bandido foragido e
perigoso matador, mas não há nenhum homem neste mundo capaz de enfrentar a
própria mãe, esposa e sogra unidas em defesa do profeta cantador.
Quando a imprensa local se juntou ao tumulto, o governador,
político renomado que era, aproveitou para desfazer o engano. Anunciou que
ordenara aos assessores, demitidos sumariamente, apenas a remoção do lixo que
pudesse haver na praça, morada do distinto cidadão, a quem viera consultar em
sua sabedoria sobre os desígnios reservados para a eleição.
O Ilustríssimo profeta não se fez de rogado, aceitou de
pronto o que lhe foi solicitado e, em particular, no coreto da praça,
encontrou-se com o governador. Antes tivesse sido decretado feriado, o povaréu
amontoado com olhos e ouvidos bem abertos, compareceu.
O profeta foi logo jogando na cara do governador, a sua
moda costumeira, seus desígnios que recebia em primeira mão do alto. Aquele
homem, que o povo anteriormente escolhera em boa fé, e que novamente ao povo
recorria, haveria de receber o prêmio que merecia se no dia do pleito em
questão, viesse até o coreto, antes que o dia clareasse completamente, e
acendesse uma vela no lugar marcado, em prece ao Santo Padroeiro da Cidade.
Ainda havia mais um pedido a fazer, este escrito em papel para somente os olhos
do governador ver.
Ao ler o dito cujo, o governador empalideceu e abriu a
boca, mas o profeta já estava a anunciar ao povo que, cumpridas todas as
exigências feitas, naquele mesmo lugar, haveria de cair uma rica chuva que
traria fortuna a todos na cidade, mas que apenas quando a poeira das estrelas
abaixasse é que poderiam tocar no que caíra.
Cada qual interpretou a sua maneira o tal desígnio, todos
cientes que tudo dependia apenas do governador para a tal riqueza surgisse. Este,
encurralado entre o papel que exigia vultosa soma a ser entregue com instruções
detalhadas no dia do pleito, ou a perda dos votos certos de todos ali
presentes, decidiu que haveria de embarcar nessa encenação para depois dar cabo
do canastrão.
No dia marcado, logo ao nascer do sol, quando as últimas
estrelas ainda podiam ser vistas, lá se foi o governador, com os volumes
arrumados, para o local combinado. Tão logo chegou no coreto, encontrou vela e
fósforo prontos para homenagear o Santo Padroeiro Protetor das Virtudes
Simples.
Tão logo o fósforo foi riscado, a explosão se fez,
sacudindo todas as casas das redondezas. Do coreto tão somente pedaços miúdos,
que caíram antes mesmo que a poeira baixasse, mas qual não foi a surpresa de
todos que acudiram ao lugar, ao ver a chuva de dinheiro que descia lentamente.
Analisada a causa da explosão, ficou-se sabendo que sob as
propriedades havia um imenso bolsão de gás natural que escapara por uma fissura
na terra se acumulando sob o piso do coreto. Do pobre governador só sobraram os
benditos pedaços em meio ao concreto.
Venceu a eleição, postumamente, mas não pode levar o cargo
para onde foi mandado. Do curioso profeta, não se teve mais notícias, uns dizem
que o vento levou sua voz como leva poeira para longe, para onde outros
necessitados aguardavam. No íntimo, muitos acreditam que nas estrelas fez sua
morada e juram de pés juntos, portanto, que quando chamado em prece de noite,
na lua cheia, altas esferas respondem, piscando.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Prêmio Dardos
O prêmio Dardos, que vem reconhecer o desempenho de blogueiros, no campo cultural, criativo e ético, tem também como objetivo estreitar laços, diminuindo assim, ainda mais as barreiras à comunicação e à amizade.
É para mim uma honra enorme poder receber esta distinção, ainda mais vinda de uma pessoa que admiro muito, Luiza Caetano, pela sua integridade moral, por seu talento, por sua inteligência, enfim pelas inúmeras qualidades que a tornam uma grande amiga e um dos excelentes exemplos que tenho de Humanidade.
Pelas regras do prêmio e com um prazer especial para mim, quem recebe e aceita o prêmio deve:
1. exibir a distinta imagem
2. linkar o blog pelo qual recebeu o prêmio
3. escolher quinze (15) outros blogs a que entregar o “Prêmio Dardos”
É o que faço a seguir, indicando na desordem costumeira e carinhosa que habita o meu coração. Estão sempre junto e isso é o que importa de fato.
Voz de Água – Luiza Caetano
http://vozdeagua.arteblog.com.br/
Ella Fragmentos
http://dedosnaobrocham.blogspot.com/
Deborah Brandão
http://deborahbrandao.blogspot.com/
Pasquim da Taverna
http://pasquimdataverna.blogspot.com/
Jana Lauxen
http://janalauxen.blogspot.com/
T.R.Freitas
http://joguepedranaescritora.blogspot.com/
Ana Terra
http://anaterrarecife.blogspot.com/
Jenário de Fátima
http://www.orizamartins.com/autores-jenario-de-fatima.htm
Cristiane Urbinatti
http://www.estradasdesilencioesonhos.blogspot.com/
Ezequias Neto
http://olharbeheca.blogspot.com/
Ana Barreto
http://mulherinlove.blogspot.com/
Ana Cristina Souto
http://nasescuridoes.blogspot.com/
Claudio Zed Brites
http://www.hipocentro.blogspot.com
Rachel Dias de Moraes
http://oquecintilaemmim.blogspot.com/
Nazarethe Fonseca
http://nazarethefonseca.blogspot.com/
Apreciem, acompanhem, usufruam desse talento que é dado de boa vontade e com muito carinho, no intuito único de tornar o mundo um lugar melhor, para todos.
Danny Marks
Microcontos Diversos
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No Meu Rosto
Tuas Mãos
No Meu Rosto
Eis que escorre em meu rosto, reflexos do teu olhar.
Surpreendo-me a sorrir de tristeza, embora quisesse chorar de alegria.
O Mundo dá voltas poderosas que centrifugam a vida.
Surpreendo-me a sorrir de tristeza, embora quisesse chorar de alegria.
O Mundo dá voltas poderosas que centrifugam a vida.
Céus! Uma luz que seque a minha face.
Permanece em meu rosto, o teu, preservado na lágrima seca.
Tuas Mãos
Te dei meus olhos. Não vi o que fazias, quem tu eras.
Depositei meu coração em tuas mãos.
Senti o aperto que o fez escorrer, aos pedaços, por entre os dedos.
Não morri, então.
Já estava morto, quando te dei meus olhos!
Depositei meu coração em tuas mãos.
Senti o aperto que o fez escorrer, aos pedaços, por entre os dedos.
Não morri, então.
Já estava morto, quando te dei meus olhos!
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