quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Autora Desconhecida - Texto Ótimo

 (Autor Desconhecido, supostamente trata-se de uma redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco - (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa. - Infelizmente não foi possivel verificar a veracidade disso, mas o texto é ótimo)
Danny Marks


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Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.

Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo O edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal.

Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010


O mau


Não é teu cheiro
nem tuas idéias que me conquistam.
É mesmo a textura e o calor da tua pele.
Do teu corpo grande
é a tua mão infantil que combina comigo
Ela encontra os meus prazeres
deixa-os totalmente entregues a nós dois.
E a tua boca, os teus beijos invasivos,
as ancas que se prendem,
libertam os suspiros,
os gemidos, os nossos encantos.
E porque és mau me dás o que tens de bom
sem reservas, sem anseios.

Anne Fonseca

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Sábio da Montanha - Danny Marks

 Ele chegou com seu carro importado perseguido por uma nuvem de poeira. O terno bem cortado não era problema naquele sol. Parou ao lado do homem que estava sentado à sombra de uma arvore e lançou-lhe uma baforada fresca e perfumada quando abriu o vidro para perguntar:
            — Meu velho, sabe onde fica a casa do “Sábio da Montanha”?
            — Sim, senhor. Claro que eu sei onde fica.
— E pode me dizer aonde fica?
            — Claro, senhor. Essa informação não vai lhe custar nada não. Está vendo aquela montanha – disse apontando para um lugar próximo, fora da estrada.— No alto dela verá a casa do Sábio da Montanha. É só ir reto que vai chegar lá.
            Ele fez uma careta. Seu carro seria destruído se fosse enfrentar aqueles buracos e pedras na planície sem estrada.
Como se conseguisse ler os pensamentos do estranho o velho disse suavemente. — Com esse carro não dá pra ir por ai não. Precisa de um jipe. Posso lhe alugar um se quiser.
— Sim, vou deixar o carro aqui e pego o seu jipe, então.
Depois de acertada a estadia do carro e o aluguel do jipe, o homem segue em direção a montanha.
Quando estava próximo do sopé o carro parou, tinha acabado a gasolina. O homem olhou em volta e avistou uma cabana, foi até lá pedir alguma ajuda.
Um velho homem arrumava em uma enorme cesta alguns mantimentos.
— Senhor, preciso de gasolina, tenho que subir a montanha e o meu jipe está sem combustível. O Senhor teria algum para me vender?
— Claro! Mas deste lado da montanha as trilhas são estreitas e somente um cavalo consegue subir o primeiro trecho do terreno.
Ele já estava ficando irritado com o calor e o cansaço.
— Droga, onde eu vou arrumar um cavalo?
— Eu alugo o meu pro senhor, faço um preço bem baratinho. Pode deixar que tomo conta do jipe também.
Ele pagou o combustível para o jipe e o preço do aluguel do cavalo.
Subiu durante algum tempo até que a trilha ficou mais íngreme, e o cavalo se recusou a continuar. Com sede começou a praguejar com o cavalo que não saia do lugar não importava o que fizesse. Foi quando viu um velho se aproximando com um burrico.
Sentiu um cheiro delicioso de comida e só então percebeu que estava morrendo de fome. Parou o velho e lhe perguntou.
— Senhor, estou com sede e fome, poderia me dar um pouco dos seus mantimentos? Meu cavalo se recusa a subir a montanha e tenho que chegar a casa do Sábio.
— Pode se servir a vontade, não vou cobrar-lhe a comida. Mas se quer subir a montanha vai precisar de um burro. Nenhum cavalo subiria isso não.
— E, por acaso, o senhor pode alugar o seu burro, para mim?
— Porque não? Posso alugar o burro e o senhor leva também a comida. Levo o cavalo para baixo e o coloco no estábulo.
Acertado os valores Ele subiu outro trecho, estava quase no topo quando se deparou com um paredão de rocha.
— E essa agora? Só com um equipamento de alpinismo consigo subir isso.
— O Senhor quer equipamento de alpinismo? Eu posso alugar um...
Foi quando pode perceber um velho sentado em um tronco de arvore meio caído. Ao seu lado um equipamento de alpinismo.
Depois de algumas horas de escalada, chegou ao topo. Cansado, suado, com as roupas destroçadas, mas satisfeito. Tinha conseguido superar as dificuldades e alcançado o topo.  Agora era só procurar o Sábio.
Olhou a volta e viu um carro importado se aproximando. No volante um velho bem vestido. O carro parou ao seu lado e abriu a porta. Só então ele reconheceu o carro.
— Ei! Esse é o meu carro, e você... É o velho do jipe....
— Sim! Isso é verdade.
— Espere. Também foi você que me alugou o cavalo, o burro, o equipamento de alpinismo...
— Vai entrar ou vai continuar a pé?
Entrou rapidamente como carona de seu próprio carro.
— Mas... Como chegou aqui?
— Pela estrada do outro lado da montanha. De onde estava bastava seguir em frente mais meia hora e pegar a pista a esquerda.
— E porque não disse isso logo?
— Porque não me perguntou. Queria saber onde era a casa do Sábio da Montanha e lhe mostrei. Depois decidiu pegar o caminho mais curto e eu lhe ajudei. Veio disposto a encarar qualquer dificuldade para adquirir a sabedoria e foi o que lhe dei. Em qualquer ponto da jornada teria sido mais fácil voltar e começar de novo, mas você preferiu insistir. Superou as dificuldades e merece o mérito por isso. Mas, isso é persistência; Sabedoria é escolher o caminho correto.
— Agora vai me dizer que não existe esse Sábio da Montanha, não é?
— Claro que existe. Eu sou o Sábio da Montanha. Já fui um empresário muito rico, mas por achar que a persistência venceria qualquer dificuldade fui perdendo os bons conselhos que os sábios a minha volta me davam. Não demorou para os sábios irem embora também, até só restar esta montanha e algumas terras ao redor. Não produzia nada, não tinha valor algum. Fui obrigado a vir morar aqui e passei a repensar tudo o que tinha feito de errado. Descobri que havia sempre duas formas de encarar um problema, com coragem ou com sabedoria. Ao aprender isso resolvi meu problema, construí um hotel no alto da montanha e uma estrada de acesso que fica do outro lado. Dei o nome ao hotel de Sábio da Montanha, e espalhei algumas histórias sobre quem encontrasse o segredo da montanha teria o mesmo conhecimento do Sábio que morava lá no alto.
— Seu trapaceiro. Isso é enganar as pessoas....
— Não, isso é propaganda! O segredo da montanha é que existem dois caminhos que levam ao topo, um fácil e um difícil, mas você só aproveita o fácil corretamente se tiver pego o caminho difícil ou já for um sábio.
— Deixa pra lá. Dê-me o carro e vou embora.
— Já que está por aqui, porque não toma um banho e descansa? Temos uma excelente hospedagem, uma loja de roupas, um bom restaurante...
Ele pensou um pouco e acabou aceitando. Então lhe veio a cabeça uma coisa que deixara escapar...
— Espere ai! Como você conseguiu chegar sempre antes de mim em todos os lugares?
— Isso não é obvio? Se não conseguisse fazer isso, não seria o Sábio da Montanha, não é mesmo?
E os dois foram rindo o resto do caminho.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CARCAVELOS BY NIGHT

Moment Of Peace - Gregorian

(tradução) Gregorian  
VERSO 1:
Em um momento de paz.
Venha agora, venha para o nosso lado
Um lugar onde você pode se esconder
Nós somos o brilho do Sol
Descanse sua alma aqui e você encontrará
Nós somos a energia
Nós damos o mundo a vós
Mantenha seu coração forte agora
Nós vamos apaziguar a dor da sua mente
REFRÃO:
Em um mundo sem perigos,
Onde a destruição está próxima
Você pode vir conosco aqui.
Onde as pessoas são estranhas
Você vai descansar aqui comigo
Em um momento de paz.
(Repete)
VERSO 2:
Ilumine a escuridão abaixo
Veja através das estrelas
Alcance o fluxo da Terra
Vagueie na alegria de nossos corações
Libere a energia
Saboreie do vinho
Beba como uma alma que sabe agora
O poder divino
REFRÃO
Em um momento de paz.

http://www.vagalume.com.br/gregorian/moment-of-peace-traducao.html#ixzz17L0gMVWQ

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sobre Homens e Tulipas - Danny Marks


          O Jovem parou em frente ao portão de ferro que guardava a entrada da mansão, tocou a campainha e aguardou.
            Estava com seu terno novo, e apesar do calor, tremia. Não era de frio, apenas nervoso. Tinha enviado seu currículo para uma empresa e fora convidado a comparecer naquele local.
            Um homem idoso, se aproximou e lhe disse.
            — O que deseja?
            — Eu fui convocado para vir aqui, estou interessado em ocupar a vaga que ofereceram e...
            — Ah, sim, venha comigo.
            Abriu o portão e começou a se dirigir para um local afastado da casa.
            Enquanto o recém chegado andava atrás do velho, reparou que este usava roupas gastas sujas de terra. Deve ser o jardineiro, pensou.
            Ao chegarem próximos de um canteiro de tulipas o velho lhe disse.
            — São muito delicadas e precisam de certo cuidado para plantá-las. Já plantou tulipas?
            — Não, nunca tive oportunidade...mas é que...
            — Venha! Vou lhe mostrar como se faz.
            E com todo cuidado mostrou ao rapaz como se plantava a tulipa. Depois pegou outra e a entregou ao jovem.
            — Tente você agora...Talvez não tenha outra oportunidade para aprender a fazer corretamente...
            O jovem ficou indeciso, poderia se sujar todo e ficaria mal apresentado quando fosse ser entrevistado, mas o velho era simpático e parecia achar aquilo muito importante. Quem sabe se tomasse cuidado...
            Pouco a pouco foi fazendo como o velho lhe dizia e acabou plantando a tulipa, porém, sujara a roupa.
            — Caramba, e agora, preciso me apresentar bem para o seu chefe. Deste jeito ele nem vai querer me ouvir...
            — Posso lhe emprestar uma roupa.
            O jovem ficou pensando, que tipo de roupa o jardineiro teria para lhe emprestar, mas para não desagradar o homem resolveu aceitar.
            Foram até uma pequena casinha onde o velho lhe deu uma roupa limpa mas, gasta pelo uso.
            E lá se foi meu emprego, pensou o rapaz. Talvez se pudesse explicar o ocorrido... Perguntou para o jardineiro onde poderia encontrar o local das entrevistas.
            — Ali na casa grande, já tem alguns esperando lá...
            — Então deixe-me ir, já devo estar atrasado. Obrigado por me ensinar a plantar tulipas. Talvez precise arrumar emprego de jardineiro.
            — Ora meu jovem, tudo o que se aprende é usado, até quando menos se espera.
            Apressado o jovem foi até onde o velho lhe indicara, e lá encontrou com mais três que esperavam ser atendidos. Imediatamente viu o olhar de zombaria dos outros, todos de terno, e ele com as roupas do jardineiro.
            Pensou em ir embora, mas o que tinha mais a perder? Resolveu ficar.
            Logo entrou um senhor com um belíssimo terno e um sorriso cativante, cumprimentou a todos e abriu uma pasta onde se estavam alguns papeis.
            — Vejo que todos foram aprovados nos testes iniciais, e gostaria de lhes dar os parabéns, mas nossa empresa necessita de Pessoas Especiais para o cargo que estão angariando.
            — Eu tenho vinte anos de administração, sou....
            — Sim, claro. — disse o senhor interrompendo o candidatos afoito — Sei que quase todos aqui, têm experiência em empregos anteriores, exceto nosso jovem amigo...
             O jovem que já estava sem jeito pelas roupas acabou tendo que suportar o riso mal disfarçado dos colegas.
            — Porém, buscamos experiência de outro tipo. — Continuou o anfitrião — Como já disse, nossa empresa precisa de pessoas especiais, com qualidades especiais. Para isso preparamos um ultimo teste, aquele que conseguir passar, terá o emprego.
            Conduziu-os até uma sala onde se viam tulipas esperando para serem plantadas em vasos.
            — Plantem uma Tulipa e sejam nossos novos funcionários. — disse o anfitrião, sério.
            O jovem agradeceu mentalmente a sorte que teve e fez como o jardineiro havia lhe ensinado. Não se preocupou com as roupas, compraria outra para o jardineiro como agradecimento.
            Os outros evitando se sujar acabavam quebrando a delicada planta.
            — Isso é ridículo. — disse um dos candidatos furiosos.— O que plantar tulipas provará sobre minha capacidade de trabalho que minha experiência anterior não tenha provado?
            — Prova muito! Para mim.
            Todos olharam para aquele que havia entrado na sala, Era o velho do jardim, só que agora usando roupas bem cortadas.
           — Todos vocês passaram pelo mesmo teste. A cada um de vocês chamei para ensinar como plantar tulipas, mas somente um se dignou a aprender. Somente um mostrou respeito por um desconhecido e ignorando seus problemas pessoais procurou ser gentil. Quando as dificuldades aumentaram, poderia ter desistido, se rendido a uma situação, mas não o fez. Não me importa o motivo, me importa a atitude.
            — Mas... Você é o jardineiro....— disse outro candidato.
            — Desculpem, foi uma falha minha, senhores! — Interrompeu o anfitrião — Quero lhes apresentar o contratante. Este é o patrão! Ele adora tulipas. Poucas pessoas tocam em suas espécies raras. Essas mesmas que estavam manipulando com...um certo cuidado.
            — As tulipas são como as pessoas — disse o patrão — precisam mais do que técnicas, precisam de respeito, que as tratem como se fossem únicas de sua espécie, porque muitas vezes o são. Técnica eu posso ensinar a qualquer um, mas vivência e respeito, somente a vida pode ensinar.
            — Mas isso é um insulto, ser discriminado por não saber plantar tulipas.
            — Não, rapaz! Não vou contratar alguém tão arrogante que não queira aprender algo novo, ou tão imaturo que necessita ver cargos e não qualidades para ter respeito. Minha empresa precisa de pessoas que comandem as máquinas, não o contrário. Saiam! Melhor sorte da próxima vez. — então voltou-se para o único que conseguira plantar a Tulipa — Quanto a você, meu jovem amigo, no bolso de sua calça está o contrato de trabalho. Se ainda quiser pode assiná-lo e devolve-lo junto com as roupas. Não sei quando elas poderão ser úteis novamente.

O quê é o Belo? Variantes da Beleza Feminina.

Só de Sacanagem - Elisa Lucinda (também na voz de Ana Carolina)



Só de Sacanagem - Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam
entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo
duramente para educar os meninos mais pobres que eu,
para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus
pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e
eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança
vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança
vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o
aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus
brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao
conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e
dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva
o lápis do coleguinha",
" Esse apontador não é seu, minha filhinha".
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido
que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca
tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica
ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao
culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do
meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo
o mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse
o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu
irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a
quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o
escambau.
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde
o primeiro homem que veio de Portugal".
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente
quiser, vai dá para mudar o final!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um Dia no Hospício - Danny Marks

Um jovem psiquiatra foi visitar o hospício em que iria começar a trabalhar no dia seguinte. Foi recebido pelo diretor do local que o levou para conhecer as instalações.
Logo de inicio ficou impressionado com as belas pinturas que enfeitavam as paredes.
— Que beleza — disse — Quem pintou?
—  Essas? Ninguém... Não sabia que aqui Ninguém é pintor? — respondeu o diretor
O Recém chegado, sem compreender muito bem, continuou a seguir o homem e acabou dando de cara com uma excelente escultura em tamanho natural, de uma bela mulher.
—  Puxa vida! É linda, não, é perfeita...
—  É, essa é a mulher que Ninguém conheceu...
—  Mas, é uma obra de arte, só um gênio faria algo assim...
—  Digamos que neste lugar, Ninguém é um gênio. Mas venha, estão todos lá no pátio...
Foram até o pátio central e o desconcertado jovem observou que haviam várias pessoas formando um círculo. No meio delas encontrava-se um homem deitado se debatendo...
Aproximou-se apressadamente e então percebeu que o homem não se debatia, apenas girava como um pião sobre o seu ombro direito enquanto todos o observavam...
Ia perguntar ao diretor o que estava acontecendo quando o paciente parou de girar. Todos aplaudiram e ficaram aguardando....
Dois outros se aproximaram e o viraram sobre o ombro esquerdo, e este imediatamente começou a girar sobre si mesmo outra vez....
— O lado “B” é o melhor — disse o diretor — tentei convence-lo a gravar em cd, mas ele ainda prefere o vinil, acha que dá mais “cor” pro som.
— Mas quem é esse cara? — perguntou o psiquiatra
— Aquele ali? Ninguém, é claro! Vai dizer que não sabia que aqui Ninguém é musico.
— Mas... esse cara é louco!!
— Claro que é, onde você pensa que está?
O jovem ficou assustado com o olhar do diretor, mas tentou manter-se firme.
— Eu... acho que há alguma coisa muito errada por aqui...
— Sério? Diga o que é que Ninguém vai dar um jeito nisso. Alias... sabe quem faz quase tudo por aqui?
— Ninguém? — respondeu com uma careta o visitante, já com os nervos a flor da pele.
— Isso!!! Você vai se dar muito bem...
Transtornado o rapaz decidiu fugir o mais depressa possível. Saiu correndo, sem nem mesmo olhar para trás.
Chegando no pátio de estacionamento encontra um homem com os braços abertos em cruz, uma lâmpada em cada mão, bem em frente ao seu carro.
— E mais essa agora? Quem é você?
— Eu sou o Poste. Notei que ia precisar de uma luz aqui...
— É...? E pra quê?
— O pneu do seu carro? Não vai precisar de luz para arrumar?
Só então o médico notou o pneu furado. Tremendo, tratou logo de trocar pelo estepe. O que mais poderia dar de errado? Tentava não responder isso, ainda mais com o “Poste” observando atentamente cada movimento...
De tão nervoso acabou deixando cair os parafusos do pneu em um bueiro.
— Droga!!!...Droga!!!...Agora não saio nunca mais... — e caiu em uma crise de choro.
— Calma! Isso tem solução. Tire um parafuso de cada pneu e coloque nesse, assim cada roda fica com três parafusos. Vai dar para chegar em um borracheiro e comprar os outros parafusos — disse o Poste.
— Ei!! Essa ideia é ótima. Até que você não é tão mal assim...
— É, Ninguém me disse isso. Postes não gostam de cachorros, mas não tem nada contra burros.
O rapaz fez o que o Poste tinha sugerido e foi embora sem dizer mais nada.
Nunca mais voltou...
Ninguém sabe o que aconteceu...
Ninguém disse que ele abandonou a medicina, acabou virando um escritor e se dedica a escrever os Retratos da Mente em um site na internet...
Você duvida?!
Pois fique sabendo que neste lugar Ninguém mente!!!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010


Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

Fernando Pessoa

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Tentação de Mr Jones



             Mais um dia de trabalho duro no escritório. Sempre tenho a impressão que todas coisas esperam para acontecer nas sextas feiras. Preciso fazer o fechamento até segunda.
            Deveria fazer como alguns colegas, vir trabalhar no sábado, só para não perder a “esticada” de sexta. Decidi ficar só por causa da “Miss G”.
            Fiquei observando ela desfilar, com seu tailer a realçar as curvas dos seios e a bunda empinada pelo salto alto, por todo o dia.
            Cada vez que a vejo, perco um tempão para me recompor. E quando ela se debruça sobre a mesa de alguém exibindo aquela bunda deliciosa ainda mais? Cara, ainda lembro daquela vez que ela se debruçou sobre a minha mesa. Dois botões abertos na blusa, e aquele Grand Canyon. A plenitude dos seios maravilhosos, completamente soltos e firmes, expostos ao meu olhar. Suei frio até ela ir embora e eu, discretamente, correr para o banheiro. Que tortura!
            Ah, ela é muito simpática, nem liga quando eu a chamo de “Miss G”, apenas sorri e muda de assunto como se não entendesse do que estou falando. Ela sabe que é gostosa, mas não fica cheia de si por isso, como algumas mulheres.
Eu bem que gostaria de recheá-la, um pouco pelo menos.
            E, logo hoje, estamos nós dois a sós no escritório, todos já se foram. Apenas nós dois ficamos para terminar o trabalho.
            Ela se levanta da mesa dela e me pergunta, desfilando ao meu lado:
            _ Vou fazer um café, você quer, Jones?
            _ Claro que eu quero, obrigado, ajuda a ativar a mente.
            E depois quero transar com você, gostosa, isso me ativaria por inteiro.
            Ela se afasta com aquela bunda rebolando toda, na minha frente, em direção ao cubículo onde montamos a nossa “copa”. Deliciosa.
            Calma, Jones, pense no trabalho, homem. Apenas no trabalho.
            Porra, o trabalho que se foda. Não dá para pensar em mais nada, droga.
            Talvez se eu me recostar na cadeira e fechar os olhos, consiga me concentrar. Vamos lá, respirar fundo, mãos na nuca, deslocar a mente para o futebol, contas a pagar, as pernas da Miss G, ela tomando banho toda nua...
Caralho! Assim não dá.
            Do cubículo vem o barulho de água correndo, ela deve estar debruçada no balcão da pia...
            Chega! Tenho que resolver isso agora, de uma vez por todas.
            Levanto decidido a colocar as coisas no lugar. Ah! Bota lugar nisso. Já não penso em mais porra nenhuma mesmo, é agora ou nunca.
            Chego na “copa” e a porta está aberta, ela enchendo a jarrinha da cafeteira para fazer o café, de costas para mim, ligeiramente curvada.
            Aquelas nádegas me encarando é a gota d’água. Agarro ela por trás e lhe cheiro a nuca encostando o meu pênis duro em sua bunda para que ela sinta todo o tesão que me provoca.
            Ela solta a jarra, que se parte na pia, soltando um gemidinho disfarçado, um protesto desanimado.
            _ Não, Jones, por favor. Não faça isso...
            É tarde. O meu cérebro já se mudou para Cingapura com passagem só de ida e o que restou do meu corpo tem outros planos. Nada de pensar em bobagens, quero é fazê-las, todas! Agora!
            Viro-a para mim, rude, quero encarar aquela gostosura de frente. Mantenho ela apertada em meus braços para que não fuja. Colo a minha boca na dela e a penetro com a minha língua, bem entre os dentes ligeiramente abertos, ela fica resistindo e gostando. Ah, safada! Como eu gosto disso.
            Ela me pega pela cabeça e me devora com sua boca, completamente excitada agora, estamos em brasa os dois.
            Uso as minhas mãos para abrir a porra da blusa. Queria saber quem foi o filho de uma puta que inventou botões pequenos para colocar nesta merda.
            Liberto aqueles seios lindos de sua prisão. Sou um revolucionário argentino lutando por uma causa democrática: mulheres deveriam andar com os peitos de fora, Viva a Liberdade! Que visão do paraíso.
            Apalpo, amasso, beijo como posso, minhas mãos parecem em brasas, meu corpo tremendo todo. Deixo a boca dela de lado, preciso sugar aqueles seios maravilhosos,  o cheiro do perfume dela invadindo o meu corpo.
            Vou subindo dos seios para o pescoço e dali para a sua boca, só para descer tudo de novo.
            As costas dela parecem feitas de seda, desço as mãos pelas nádegas até o limite de sua saia, depois subo levantando tudo no caminho.
            Uma calcinha vermelha, rendada, quer servir de escudo entre eu e aquela preciosidade. Ah! Basta um puxão rápido e pronto, mais nada me impede.
            Ela me beijava com volúpia e me abre as calças mais rápido que eu conseguiria no estado em que me encontro.
            Segura o meu membro duro em suas mãos e se curva para chupá-lo.
            Um choque percorre a minha espinha todinha. Deve estar ligada em 440 v, que loucura isso.
            Puxo-a para cima e a sento sobre a mesinha derrubando tudo no caminho, enfio a minha cara entre suas pernas e passo a língua pelas coxas, beijando seus pêlos, acariciando as dobras antes de penetrar-lhe na intimidade, umedecendo-a, preparando-a.
            Ela arqueia as costas e se abre ainda mais para mim, as pernas sobre os meus ombros, me prendendo. Como se eu quisesse fugir.
            Quando ela não agüenta mais me puxa pelos cabelos buscando a minha boca e me forçando a ir mais longe, mais rápido.
            Cruza as pernas na minha cintura enquanto guia o meu pênis duro para dentro dela. Assim que estou encaixado eu me arremeto de uma vez, com força, invadindo definitivamente para que ela sinta toda a minha virilidade.
            Ela solta um gritinho que me alucina de vez. Lá vou eu, entrando e saindo cada vez mais rápido acompanhando cada gemido, com um prazer que quase me sufoca. Ela goza rapidamente e relaxa, mas eu ainda quero mais, muito mais. Tanto tempo esperando por isso, é hoje que me acabo.
            Deito-a de bruços sobre a mesa expondo suas nádegas nuas.
            _ Não, por favor, isso não...
            Ela suplica, mas não se move do lugar, eu entendo o recado...
            Abro caminho com as mãos e penetro violentamente, de uma estocada só enquanto ela grita e geme de dor e prazer.
            Isso me deixa completamente louco. Acelero o ritmo o mais que posso.
            _ Desgraçado! Vai logo com isso... Goza seu filho da puta, maldito...aaaiiirghhh...
            Ela já está suando por todos os poros, eu já me derreti a muito tempo, consumido pelo fogo do tesão.
            Os dois completamente enlouquecidos, como animais, urrando e gemendo. Não resta mais nada inteiro sobre a mesa que já dá sinais que vai desmontar também.
            Agarro os cabelos dela e a obrigo a virar de lado, beijando a sua boca e não consigo mais me segurar. Gozamos juntos nos beijando, sem fôlego, suados.
            Continuamos nos beijando até que o tesão diminua e então eu saio dela, libertando-a.
            Olho para aquela bagunça toda, pó de café espalhado por todos os lados, tudo quebrado....
            _ Jonas, o café vai esfriar.
            O que? Cacete! Eu cochilei? Miss G completamente vestida com uma xícara de café fumegante me esperando, bem em frente a minha mesa.
            Agradeço sem jeito e tomo um gole, preciso ficar lúcido.
            Porra, foi tudo um sonho? Mas que Merda!!!
            Bom, já que estou no embalo mesmo...
            _ Muito gostoso o seu café, verdadeiramente uma delícia.
            _ Obrigada, meu marido também adora.
            _ Marido?!?! Não sabia que era casada, nem usa aliança.
            _ É que eu não gosto de comentar minha vida particular. Vou indo, Jones. Ele me ligou, está me esperando na portaria, vamos jantar. Tenha um bom fim de noite. Não vai se matar de trabalhar, você não parece nada bem.
            Caralho!!! Eu quero me matar. Espere um pouco, vou ali pular pela janela e já volto. Meeeerrrrrrrdaaaaaa!!!
            _ Estou bem, só um pouco cansado, não se preocupe. Tenha uma noite gostosa.
            Ela ri e sai, rebolando. Eu fico olhando para a porra da pilha de papeis, parecem duas pernas abertas me esperando. Ataco com toda a minha fúria.
            Segunda-feira vai estar tudo pronto. Eu nunca mais vou fazer hora extra nesta porra. Nunca mais!!!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CANÇÃO DE OUTONO - Cecília Meireles


Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Meireles

Inferno Passado - Danny Marks


 
            Ela olhava pela janela enquanto as chamas consumiam o tapete feito à mão. Tapete antigo que nas chamas azuis passavam do branco alvo ao negro.
            Seu rosto ficou impassível enquanto as chamas consumiam a mobília lentamente, subindo pelas cortinas e alcançando as paredes pintadas com esmero.
            Soltou um sorriso mordaz ao ver as fotos nos quadros ficando amarelas e desaparecendo, fotos de um passado que se consumia, destituído de seu antigo poder que a dominara tão profundamente.
            Deus, como pudera se deixar levar assim por tantos anos?
            Agora era ela, a Deusa mortal, que assistia a tudo com uma frieza distante, que assustava até a si mesma.
Então era assim que os Deuses se sentiam? Esse poder de vida e morte que possuíam era inebriante a ponto de deixá-los indiferentes ao destino que aplicavam a outros?
            As chamas pareciam ter vida própria, uma vida faminta de tudo a sua volta, consumindo e correndo, crescendo e se multiplicando.
            Já subiam as escadas e alcançavam os quartos. Sobre a cama de dossel o vestido de noiva, amarelado pelo tempo, repousava como mortalha de uma mártir que logo seria entregue ao seu ultimo suplicio.
            Quantos sonhos tivera com aquele vestido, com aquela casa, com aquele que descansava sentado no quarto ao lado, alheio ao seu destino.
            Em breve não sobraria mais nada daqueles momentos antigos, ressequidos e empoeirados. Já podia ver as chamas consumindo os corpos que se dissolviam em uma pasta amorfa, em cinzas e fumos tóxicos.
            Talvez fosse a fumaça que, agindo sobre os seus olhos, provocaram lágrimas. Talvez. Queria acreditar nisso.
            Não poderia admitir que aquilo ainda a afetasse. Não depois de sua decisão tomada, da necessidade de exterminar aquela vida parasitária que poderia destruir tudo a sua volta.
            Engraçado que, olhando a casa de bonecas que tanto amara na infância, com o casal outrora apaixonado, hoje roto e quebrado, que a habitava, onde construíra sonhos de felicidade infantil, pensava na sua vida.
            Guardara com tanto empenho aquele ícone de felicidade, apenas para descobri-lo infestado pelos cupins, mofado pelo tempo, destruído pelo abandono, supostamente guardado seguro quando na verdade era descaso e esquecimento.
            Teria sido assim que a sua vida ruíra? O descaso disfarçado de segurança? O pensar-se e não fazer-se?
Quanto daquilo era sua vida, e quanto havia sido sonho.
            Obrigou-se a olhar as chamas que já declinavam, seu trabalho quase concluído, transformando sonhos em cinzas, esperanças em fuligem que o vento sopraria para longe.
            Um banho de água fria a exterminar de vez o trabalho, uma pá para recolher os restos e um saco preto como ataúde.
O inferno que consumira o seu passado não poderia contaminar o seu futuro. Não poderia permitir-se isso.
            Ajeitou as roupas, secou as lágrimas, limpou a fuligem do rosto e respirou fundo o ar puro que a cercava.
            Depositou o saco preto dentro da lata e tampou definitivamente aquela sombra que tentara se agigantar.
            Deu uma olhada na porta de sua casa, trancada, segura. Sorriu.
            Decidiu que compraria uma outra casa de bonecas, maior e mais linda para a sua filha, e desta vez seria diferente. Desta vez seria melhor.
            Precisava acreditar nisso.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Adoraria voar - Leila

(um presente da minha amiga Macy)

Entre quatro paredes
eu tenho o mundo.
De um pedaço de céu
da janela eu vôo
E o meu violão
é uma orquestra completa
É tão fácil nadar
numa gota de chuva
e dormir abraçando
um raio de luar.
Bastou que eu olhasse bem fundo
em teus olhos.
Pra ter tudo isso
não preciso sonhar.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Há Mestres - Homenagem aos Amigos de Letras


Há Mestres


Por que tento levar o conhecimento onde não está?
Se há tão pouco que conheço e tanto mais que necessite buscar?
Estrada tortuosa daqueles que ensinam o que necessitam; conhecimento que há
Antes nos dessem a todos o mesmo quinhão, o mesmo desejo, o mesmo trôpego deslize,
porque na queda se encontra o chão e se busca o alto.
Então que caia em si, cada um,
daquilo que não sabe e do que lhe faz fortuna saber e transmitir.
Desta forma, resposta dada, terei encontrado motivo para levar o pensar
antes que, apesar de ser e de não ter, estar próximo ao saber me fez portador
e assim, devedor do que foi-me dado, retribuo não ao passado,
mas ao futuro que, um dia, ainda hei de viver.

(Danny Marks)

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