terça-feira, 27 de março de 2018

Entrevista de Danny Marks para o Almanaque Literário, com Nell Morato




ENTREVISTA: Danny Marks

Sua Biografia:
Danny Marks é o nome artístico de Daniel Teijeira Claro. Nascido em Santos, atualmente morador de Praia Grande. Formado em Administração e Letras, pós-graduado em Alfabetização e Letramento. Metalúrgico aposentado dedica-se atualmente a profissão de escritor, palestrante e professor de Técnicas de Redação e Escrita Criativa.
Sua carreira literária oficialmente inicia-se com a participação na antologia Anno Domini da editora Andross, onde posteriormente organizou a antologia Dias Contados.
Foi editor da editora Multifoco, onde lançou a coletânea Universo Subterrâneo. Publicou independente pela Amazon os livros Amor, sexo e outras tragédias (contos) e Sob o Signo de Tanatos. Pela editora Dragonfly, publicou O Escultor de Ossos (policial) e Deus Vapor (steampunk). Tem participações em diversas outras antologias de editoras diversas, algumas em vias de produção.

Suas Obras:

Escultor de Ossos trabalha com o nascimento de um assassino serial na cidade de São Paulo. Na história, uma repórter fotográfica acaba cruzando inadvertidamente o caminho de um homem que rouba ossos dos cemitérios, para esculpi-los e apresentá-los como obras de arte e acaba tendo um envolvimento amoroso. Lançado em eBook e como parte da coleção Criminal da Editora Dragonfly.
Deus Vapor é uma história steampunk voltada para o público jovem adulto. Trata sobre a vida de um rapaz que busca compreender os segredos da natureza e da misteriosa tecnologia do Vapor. Entre o romance com uma jovem da cidade, as questões éticas e politicas do choque cultural de novas tecnologias em comunidades rurais, há a descoberta de si mesmo, do amor, da ciência e da aventura de viver em um universo cheio de surpresas e riscos, onde não há espaços para erros e nenhuma certeza dos resultados.


O Jogo é um romance mítico, trabalha com a questão do Livre Arbítrio usando uma linguagem arquetípica em forma de romance. Um trabalho complexo de arte literária que não tem a mínima pretensão de ser comercial. A grande vantagem é que a história é mutante, ela se ajusta ao momento do leitor e induz a reflexões e apropriações que mudam completamente a história para quem a lê. Tem recebido ótimas críticas dos leitores.

Segundo O Jogo é uma nova história envolvendo os eventos posteriores ao que ocorre no primeiro livro, mas é totalmente independente. Trabalha também com arquétipos, mas desta vez supre uma visão que não foi abordada pelo primeiro livro, a perspectiva do Feminino. Nesta nova trama as relações interpessoais e a busca pela compreensão do sentido da vida se inicia com uma ausência presente. Também é um romance mítico e de difícil leitura, mas que tem encantado aos que se aventuram nessa possibilidade de mergulhar no Si Mesmo e descobrir-se.


Amor, Sexo e Outras Tragédias é um uma coletânea de contos que trabalham a questão da sexualidade sob várias perspectivas, incluindo as que podem ser consideradas trágicas e cômicas.


Sob o Signo de Tanatos é uma autobiografia romanceada com os primeiros passos de um aprendiz de bruxo. Traz verdades, muitas mentiras e ensinamentos mascarados em uma linguagem literária que tem a pretensão de ser isenta de tudo, ou quase.



Como surgiu o escritor Danny Marks?
É chavão dizer isso, mas no meu caso é verdade. Escrevo desde a infância, meu primeiro personagem era um anti-herói, uma criatura desenvolvida por monstros para salvá-los...dos humanos rsrs. Desde antes de ser alfabetizado via HQs que não conseguia ler e inventava histórias para as figuras. Quando comecei a ler de fato, devorava todo tipo de livros e cheguei a assustar a bibliotecária pública ao pegar livros que “não eram adequados à minha idade” como Jorge Amado, Gabriel Garcia Marques e outros, mas ela percebeu que entendia as histórias e passou a trocar comigo argumentações e recomendações de livros.
Mas foi Isaac Asimov quem me “incentivou” a me tornar escritor, porque li em vários livros dele sua trajetória como autor ainda na infância, seus sucessos e fracassos. Li toda a obra de Asimov, até mesmo os livros científicos e as antologias que organizou e isso marcou muito meu estilo pessoal, a diversidade de interesses, ainda o tenho como meu grande Mestre em Escrita por sua linguagem simples, em histórias complexas e bem amarradas, inclusive na questão da verossimilhança e lógica textual.
O nome Danny Marks, porém, é anterior a carreira de escritor. Aos treze anos me interessei por misticismo e cheguei a estudar e me iniciar em diversos estilos de magia, chegando a criar um grupo de estudos e desenvolver a Ciência Evolucionária, um ramo da magia tecnológica vinculado à psicobiofísica. Como na época era proibido usar nomes pessoais nos trabalhos, inscrevi minhas teses A Ciência Evolucionária, O Caos Contido e A Lei da Completude, com o pseudônimo, uma corruptela do termo “A marca de Daniel” ou Danny’s Mark, que virou Danny Marks. Eu já lia Asimov e muito do orgulho dele pelo trabalho que fazia me inspirou também rsrs.
Desde a infância sempre publiquei em pequena escala, ganhei prêmios literários menores e sem repercussão, mas só depois de adulto e próximo de aposentadoria que realmente me dediquei à carreira literária, até porque viver de escrita no Brasil é para poucos e é preciso pagar as contas.


Você exerceu atividades na área editorial. Fale a respeito do mercado.

Leia a entrevista completa em:

sexta-feira, 23 de março de 2018

O Caminho do Meio - Danny Marks



 Está cada dia mais difícil conviver com as pessoas de forma civilizada, por isso que muita gente acaba fazendo trilhas off-road, para relaxar o espirito e ter um contato melhor com a natureza. O problema é que, em tempos chuvosos, o carro fica parecendo bife à milanesa, com aquela crosta envolvendo por todos os lados, que até desanima.
          Mas quem tem uma lava jato como o meu vizinho de frente, não se assusta com a coisa por mais ruim que pareça, e os problemas vão se dissolvendo rapidamente diante dos poderosos efeitos dos jatos da limpeza, que arrancam qualquer sujeira, por mais escondida que estivesse. Revelando no processo as histórias passadas em lugares sombrios e escorregadios.
          E voa sujeira e lama grossa para longe, enquanto a verdadeira e brilhosa tinta da civilidade vai sendo revelada. Que o diga o vizinho do lado esquerdo do meu vizinho de frente. E diz! Com gritos que atravessam a rua e chamam a atenção do bairro todo.
          Imediatamente começa uma campanha para terminar com essa operação da lava jato que está sujando completamente o seu quintal. Nem adianta dizer que aquela sujeirada toda não estava lá antes, e que é completamente ilegal fazer algo daquele jeito. Ameaça de todas as formas possíveis e imagináveis, faz campanha para mobilizar e até passeata colorida, com bandeirinhas e tudo.
          O vizinho da direita do meu vizinho de frente ao ouvir o clamor da multidão embalada pelas músicas que se criaram no calor do momento para dar ritmo à manifestação, logo toma partido, defendendo a decência de retirar a sujeira doa a quem doer. Como assim não havia sujeira no seu quintal se todo mundo sabe que sempre esteve lá. Está é contra a operação da lava jato porque gosta mesmo da sujeira, e a prova está lá naquele carro que só vê agua quando chove ou alaga. Como o carro não é seu se quem usa é a sua família? Que empresa que nada. E tem mais, já dá para sentir o cheiro de que tem algo muito podre lá para o lado da esquerda.
          Enquanto a briga rola solta, o da direita brigando com o da esquerda (com direito a passeatas, bandeirinhas, bandas de música que aproveitaram para fazer o comercial do seu show, e até um ou outro artista que aproveita para ensaiar uma pantomima), o vizinho da frente termina um dos lados e começa a limpar o outro, e tome sujeira voando para o outro lado.
          Aí o bicho pega feio, o da direita reclamando que assim não pode ser, que na verdade isso foi uma manobra da esquerda para tumultuar toda a situação, que vai acionar as autoridades máximas para acabar com a bandalheira. O da esquerda começa a tirar um sarro, dizendo que vai voar lama no telhado de vidro e no jardim japonês. Quer mais é ver as carpas nadando na lama para ver como é a vida de peixe pequeno. Onde está o apoio que estava dando agora que a coisa virou de lado?
Como o barulho estava alto que ninguém mais se entendia, logo apareceu um megafone, carro de som e até chamaram a reportagem para apresentar os fatos incontestáveis. E a notícia foi se espalhando tanto que logo tinha jornaleiro vendendo até revista encalhada para garantir um trocado. Até veio gente do outro bairro para assistir a briga, e não demorou para aparecer uma turma com mascaras ninja distribuindo cartão, divulgando os seus serviços, mão de obra pronta para entrar em ação. Até quiseram dar uma demonstração, mas a multidão acabou abafando o caso, vai que a polícia aparece e acaba com a festa.
          Não demorou muito para ter barraquinha vendendo lanche, camisetas deste ou daquele lado, utensílios simbólicos, placas feitas na hora e fogos de artifício. Um outro lá da ponta começou a alugar cadeira na calçada para os que queriam tomar partido de longe, mas teve que levantar uma cerca no meio da rua para evitar confrontos que destruíssem o seu investimento.
          Quando a coisa parecia que não podia piorar, a turma que estava vendo tudo pela TV, na sala do vizinho da frente, começa a reclamar do barulho exigindo uma compensação em salgadinhos, pipoca, refrigerantes e cervejas. Uma dona sobe na mesa e grita que só aceita de vinho para cima, que de pobreza já chega os que estão em volta, e logo uma galera protesta ofendida com o comentário, exigindo explicações.
          Quase exaurido com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, a lava jato já ficando sem força de tanta gente pisando na mangueira, e sem ter para onde correr diante da catastrófica situação, o vizinho da frente resolve tomar uma atitude impensável até então e, em um ato completamente autoritário e totalmente reprovável, pela minha perspectiva, pega o carro e vem me devolver sem terminar o serviço, pelo qual, é claro, não vou querer pagar, não adianta.
Agora estou com esse problema em mãos. Como vou poder fazer o próximo off-road com o carro daquele jeito? E, cá entre nós, não dá para suportar conviver com esse tipo de vizinhança sem dar uma escapada de vez em quando. Ninguém merece essa barbárie toda.


Então fica o meu apelo, compungido: Alguém por aí sabe de alguém que tenha uma lava jato e faça um serviço confiável?

(25/08/2016)

sábado, 17 de março de 2018

A Gota - Danny Marks

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Um dia uma gota fez derramar o copo.
Houve muitos protestos, não pelo copo derramado, mas porque a gota era de óleo e não houve comoção por todas as gotas anteriores que haviam caído.
Debatiam o valor da gota, não a existência do vazamento.
Uma gota de óleo, não se misturava na água, não importava.
Poderia ter sido lágrima, sereno, suor, sangue, mas era óleo.
Até que o copo transbordou.
E ninguém sabia lidar com isso.

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