Foto de Dirceu Garcia Junior (http://objetivaesubjetiva.blogspot.com/)
Texto: Danny Marks
— Obrigado por ter vindo. Eu...
— Não poderia deixar você passar por esse momento sozinho.
— Eu não teria conseguido se não fosse por você, sabe? A morte parece tão...definitiva.
— Era o melhor a ser feito. Ela merecia isso.
— Foram tantos anos juntos... talvez se eu tivesse feito de outra forma...
— Não se culpe. Precisa continuar sendo forte. As coisas vão ficar melhor agora, acredite.
— Espero que sim. Ainda fico pensando que vou encontrá-la em casa quando chego. Daquele jeito, largada em um canto. Obesa. As coisas reviradas e...
— Não pense mais nisso. Acabou. Foi melhor assim. Ela estava sugando a sua vida, não estava mais se cuidando. Não saia mais. Você precisava dar um jeito. Tem coisas que por mais terríveis que possam parecer são o certo a ser feito e...
— Eu me sinto culpado, de alguma forma... Mas você está certa, eu tinha que fazer alguma coisa.
— De qualquer forma ela ia morrer mesmo, era uma questão de tempo. Estava muito doente...
— Não, claro que não. Só estava muito gorda, mas saudável, ou quase.
— Você havia dito que ela tinha câncer!
— Não, que é isso? Claro que não, minha mulher fazia exames frequentemente. Era relaxada com muitas coisas, mas tinha medo de ficar doente.
— Mulher? Mas não disse que era casado.
— Não disse? Mas todo esse tempo, as coisas que me falou, pensei que...
— Não era a sua gata? Pelo que disse a sua gata estava morrendo e estava pensando no que fazer... Eu sugeri acabar com o sofrimento dela...
— Minha gata? Ela já morreu há dois meses! Pouco depois que começamos a nos encontrar.
— Então... O que você fez?
— Segui a sua recomendação. Dei cabo da minha mulher para podermos estar juntos. Foi isso que me pediu. Não foi?
— O quê?...Deus! Eu... Olha, eu preciso ir ao banheiro...
— Você está bem? Parece pálida. Ei...espere... podemos viver juntos agora. Aquela desgraçada não vai mais impedir a nossa relação... Espere! Eu fiz tudo por amor, eu amo você e...
....
— O senhor deseja alguma coisa mais?
— Não.. Aquela moça que estava comigo...
— Ela acabou de sair pela porta dos fundo. Estava apressada. Acho que foi algo inesperado. Não sou de ficar ouvindo as conversas alheias, mas parece que ela estava com problemas com a polícia, pelo que ouvi falando no celular... Ei, senhor, não vai esperar o troco?
2 comentários:
Mas que preserpada...rsrs.
Muito bom, Danny!
Obrigado, Márcia,
Fiz uma desconstrução da foto do Dirceu, acho que por essa ele não esperava rsrs.
Bom te ver por aqui. :)
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