sábado, 3 de setembro de 2016

Arco-Íris de cores berrantes - Danny Marks


           Um arco-íris de cores berrantes cruzou o espaço e atingiu a terra como um relâmpago destroçando a paz que encontrou pelo caminho fraturando o sorriso.
          Não, não fiquei maluco. O mundo também não está louco. As coisas estão como sempre foram, apenas mais visíveis e, por algum tempo, mais expostas. Engana-se quem pensa o contrário.
          Um campeão olímpico, um ídolo de comportamento extravagante, muitas vezes violento e estúpido, se vê às voltas com uma mentira descarada, que provoca uma terrível e desnecessária confusão. Hércules acaba pagando o preço por seu comportamento e acaba sendo redimido pela ação divina para servir como um símbolo para reflexão.
          Talvez alguns tenham pensado na recente questão envolvendo um atleta da natação e sua trajetória conturbada e as consequências da sua imaturidade que poderia ter criado um problema mais sério e mais difícil de contornar.
          Tem aquele outro caso que emocionou a todos, do garoto desconhecido até então que morreu afogado ao fugir da guerra, ou aquele outro que teve a sua inocência roubada diante da violência dos que, supostamente, lutavam pela sua liberdade. E a violência acabou por lhes roubar tudo o que possuíam, em nome de lhes dar exatamente o que lhes roubaram: vida, liberdade, segurança, paz.
          Não estou me referindo a Alan Kurdi, nem ao Omran Daqnesh, as pequenas vítimas que ganharam o mundo na tragédia Síria, provocada pela ideologia de violência como justificativa para resolver os problemas que possam haver e que, supostamente, não teriam outro meio de serem resolvidos. Estou me referindo a desconhecidas crianças neandertais, vítimas da guerra contra os homo erectus, nossos antepassados que os exterminaram completamente, deixando apenas ossos como registro dessa coabitação nada pacífica.
          A questão está em que somos capazes de nos sensibilizar pela tragédia de alguns que nos causam simpatia, mas ignoramos completamente a tragédia de outros que não conseguem nos comover da mesma forma. E a violência parece ser sempre a resposta mais imediata, até mesmo a um sentimento de revolta diante... da violência.
          Quantas pessoas “de bem” não falaram emocionadas que é preciso “acabar de vez” com esse ou aquele, para que a paz volte? Quantos não berraram indignados que é preciso lutar, ainda que alguns inocentes morram, para se conquistar a paz. Na verdade a Pax Romana era baseada nesse princípio de imposição a força de uma ideologia de paz e progresso, ditados pelos conquistadores.
          Não, o mundo não mudou, não ficou louco de repente. Apenas não aprendeu com as lições antigas, não aprendeu a conviver com as consequências dos atos passados. Os que hoje pedem a vinda de um novo meteoro que exterminou mais de noventa por cento da vida na Terra, incluindo os “vilões” dinossauros e as inocentes plantas e animais menores, dando oportunidade para que os mamíferos construíssem o seu império; são os mesmos que tremiam com o holocausto nuclear possível da guerra fria, o nosso “meteoro” criado especificamente para eliminar vilões e inocentes de forma global, e que, felizmente, não foi lançado.
          As cores vibrantes do arco-íris deveriam nos alertar para um fato que está visível, mas é ignorado constantemente. A cor branca que simboliza a paz é decomposta em todas as cores pelo prisma, que a fragmenta. Só quando as juntamos de novo de forma harmônica podemos recriar a luz branca.
          Esse fato óbvio, cientificamente comprovado, exaustivamente demonstrado, nos leva a pensar que existe alguma lógica na decomposição que cria a beleza das cores, mas que pode causar o caos da decomposição da vida.
          A energia vibrante percorre todas as formas, tem a sua função na natureza e sua existência garantida no universo. Mas como qualquer ferramenta que pode ajudar a construir coisas maravilhosas, carrega no seu bojo a semente da destruição de tudo. O desequilíbrio que movimenta, e o equilíbrio que sustenta, se alternando para que o ritmo seja dado, em um ou em outro sentido.
          E quem determina para que lado estamos indo? Nossos humores que fazem expor os ossos mais evidentes do corpo, na fratura exposta do sorriso ou na união forçada das mandíbulas cerradas, como uma advertência muda contra o futuro.

          O mundo não ficou maluco, apenas ainda não descobriu o que fazer com a sanidade.

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