segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Saia Justa - Danny Marks


          Em meados da década de 50, em um certo país republicano, aconteceu um incidente que viria a se tornar uma lenda.
          Uma instituição de caridade, aproveitando o êxtase do período eleitoral, resolveu dar um jantar beneficente convidando o candidato que melhor se situava nas pesquisas para fazer um discurso.
          Por uma falha de comunicação, não apenas o candidato à senador Richard Elmm foi convidado, mas a sua concorrente Eva Thompson.
          Como os dois compareceram, a solução foi dar um espaço de tempo para cada e pedir que os discursos não envolvessem política, apenas para evitar um conflito.
          Richard subiu ao palco e fez um longo discurso sobre as qualidades de liderança do Homem. Seu poder e força de comando frente às dificuldades.  Um ataque direto à concorrente, feminista assumida e em notória desvantagem nas pesquisas.
          Foi a vez de Eva Thompson discursar.
          Vestindo um “tailleur” de um grande estilista da época, foi forçada a dar passos miúdos em direção ao púlpito pela saia justa que ia até os joelhos e restringia os seus movimentos.
          Eva quase teve um ataque ao perceber que a plataforma do púlpito era alta o suficiente para impedir que subisse nela com aquela maldita saia.
          Usando de todo o autocontrole que pôde reunir, puxou as saias bem para cima e apoiando-se no oratório conseguiu “escalar” o degrau.
          Com isso o microfone caiu e ela, em um impulso instintivo, abaixou-se para pegá-lo, forçando a costura da saia, que rompeu.
          Definitivamente a noite estava contra ela, mas decidira ir em frente, fosse como fosse.
          Fez um breve discurso sobre a capacidade intelectual superior da mulher que usava a criatividade, no lugar da força masculina, para superar as adversidades.
          Richard enfureceu-se e, levantando-se à sua mesa, rebateu:
          — Srta. Thompson, todos pudemos observar a suposta “superioridade da criatividade feminina”, quando teve dificuldades até para subir nesse púlpito. Coisa que qualquer homem faria com facilidade.
          A audiência congelou, os repórteres aguçaram os ouvidos.
          Todos queriam saber como Eva poderia responder àquilo.
          Ela deu uma piscadela e um sorriso maroto.
          — Sr. Richard, isso só prova a superioridade feminina nos mínimos detalhes. Se este púlpito fosse construído por uma mulher, seria mais baixo e até uma criança estaria segura nele. E se esta Saia Justa tivesse sido projetada por uma mulher, seria muito mais confortável.
          E virou a saia de forma que a costura ficasse de lado e terminou de rompê-la até o joelho, expondo uma bela e sedutora coxa.
          Com passos largos e graciosos, desceu do púlpito sob os aplausos de pé, da audiência.
          Em uma única noite Eva Thompson cunhou a expressão “Saia Justa”, criou a sensual saia com corte lateral que se tornou sucesso imediato e ainda conseguiu vencer as eleições por maioria absoluta de votos, contra todas as pesquisas em contrário.
          Pesquisas feitas por homens. É claro.

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