domingo, 12 de maio de 2013

Ensaio sobre o Amor – Danny Marks


 É preciso falar sobre o Amor.
Não vamos falar sobre o amor dos corpos, que tem mais a ver com o sexo e a paixão.
Não vamos falar sobre o amor incondicional, familiar, que é como um efeito do Amor, e não se faz necessário merece-lo, conquista-lo, apenas aceita-lo ou não.
Hoje vamos falar do Amor entre dois seres humanos que, por imperfeitos que sejam na condição de humanos, necessitam se complementar no outro através do Amor.
                O amor pode aparecer de várias formas e cada uma delas há de se desenvolver com características próprias, como uma semente que lançada ao solo fértil se transforma em arvore, mas algumas serão macieiras e outras, carvalhos.
                As afinidades são importantes, porque fortalecem o amor incipiente tornando-o forte no seu desenvolvimento. E erra quem pensa que ama logo à primeira vista. Isso se chama paixão, desejo, ilusão, interesse ou qualquer outro nome que se possa usar para cada caso.
                Amor precisa de tempo para se formar, para se firmar, para florescer e germinar. Precisa cuidado e condições favoráveis, ou pode se tornar encruado, recuado, recolhido, doentio.
                O amor precisa de liberdade para crescer e se expandir. Um amor preso em si mesmo ou limitado torna-se doente e contagioso corrompe as estruturas que deveria ajudar a florescer. Multiplica-se como um câncer que destrói relações rapidamente e de forma dolorosa.
                Quando o amor se sente livre ele fica e cresce, mas quando se sente preso ele tenta fugir ou morre.
                Essa é, talvez, a maior diferença entre o amor dos homens e das mulheres.
                O homem que ama e se sente livre, fortalece as raízes do amor, lança os seus galhos protetores e amplia a sua sombra, busca dar frutos mais doces para os seus e se ergue aos céus com imponência e confiança. O amor do homem se expande para fora em busca do que alimentar o amor.
                A mulher quando ama em liberdade se sente acolhida e se entrega mais profundamente, cria uma camada protetora que serve de sustento e esteio para os seus, ganha força e resistência e torna-se o abrigo e a fonte para o amor descansar.
                Mas quando a liberdade é comprometida, o respeito pelo amor do outro e pelo próprio é desconsiderado, o amor adoece e o homem tenta fugir em busca de outro amor que o complete, e a mulher tenta aprisionar o amor que julga lhe pertencer e ambos se devoram, se afundam em pesares e magoas, e se rompem e se rasgam em ódios.
                Porque a diferença entre o remédio e o veneno esta na dose e o mesmo amor que cura, também pode matar. O mesmo amor que dá fôlego pode sufocar. E quando não contribui para o prazer, contribui para a dor.
                Por isso é preciso falar sobre o Amor, para que se aprenda a cuidar dele sem julga-lo seu, pois quando se dá o amor que se tem é que se ganha amor que se precisa. Assim como as sementes da mesma arvore lançadas lado a lado competem entre si e, quando muito, apenas uma sobrevive, assim também os amores precisam ser diferentes para não se destruírem.
                Para cada amor deve haver um espaço e um respeito que lhes é de direito, e quanto mais amores houver e mais espaços forem criados e mais respeito se fizer, mais fortes serão os laços que unem os amados. Como a sombra da arvore que favorece o florescimento da orquídea, que por sua vez atrai os insetos que polinizam as flores da árvore e traz os pássaros que levarão as sementes para longe.
                Amor é complemento no outro que se fecha no completar-se a si mesmo. E quando alçam voo, erguem-se juntos; mas quando se tornam um lastro, afundam-se completamente.
                É preciso falar do Amor antes mesmo que se viva o amor, para que se possa acreditar que existe e se possa encontra-lo e reconhecê-lo. Porque só se encontra o que se busca, e só se busca o que se sabe existir e ser possível alcançar, e manter, e prosperar.
                Mas também é preciso saber que há mais formas de amar e que não há uma melhor ou pior que a outra, e cada uma delas pode se tornar esta ou aquela e se transformar e continuar se transformando.
                O importante é manter o Amor saudável, e para isso é necessário saber que o amor quando ferido, fere; mas que com cuidado se cura e sem cuidado se torna fera.
                É preciso saber que o amor é tão forte quanto foi tornado forte, mas que mesmo o mais forte amor se desgasta e se rompe se não continuar sendo alimentado, respeitado, libertado, amado.
                Porque o Amor se alimenta do amor, se liberta pelo amor, se respeita por amor e volta porque se sente feliz e renovado no amor.
                E não importa o quanto tenha sido ou será dito, nunca se falará o suficiente para compreender o Amor em toda a sua plenitude, mas sempre se poderá ter o necessário para vivê-lo e crescer junto.
                E quando estiver vivendo o Amor, nada mais precisará ser esclarecido.

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