O Cabeça
está morto. É o que estão dizendo.
Um
murmúrio baixinho que vai ganhando força.
Começou com vocês, do seu lado.
Eles até pensaram que era um plano dos meus, mas não. Agora até Eles estão
pensando assim, há algum tempo. Os meus talvez pensem, mas não vão
falar, nem mesmo pensar, na minha presença.
Ninguém sabe do Plano. O Cabeça
nunca revelou. Não há como saber se ainda está valendo, se sobreviveu. Dentro
de algum tempo isso não vai importar tanto.
Dentro de algum tempo vai haver
guerra. Coisa feia, inevitável. Todas são assim, para os que desejam a guerra.
É isso que acontece quando as informações são limitadas, as escolhas reduzidas
na ilusão de livre arbítrio.
Quantos realmente tiveram isso? Entre
os meus, os Deles, entre os Seus? Não muitos, e sempre deu merda.
Deveriamos ser diferentes, todos
nós, escolhidos de lugares e tempos distintos. No entanto as escolhas vão se
reduzindo e nivelando a todos em qualquer lugar.
Seria esse o plano? O Cabeça
nunca disse o que esperava de nós, o objetivo. Apenas ordens aqui, ali, lá.
Faça isso!
Não dá pra discutir com o Cabeça. Ninguém mais tenta.
Não dá pra discutir com o Cabeça. Ninguém mais tenta.
De tempos em tempos um de vocês é
escolhido no mesmo sistema que nós fomos. Uma formula simples de deslocação
completa. Esse é o modelo, alguém não muito próximo do inicio, não muito
próximo do fim, suficientemente distante do ponto de atuação para não haver um
vinculo genético, emocional, de reconhecimento.
Nada.
Sem vínculos, é melhor quando se explode a limitação e se dá o poder de escolha livre.
Sem vínculos, é melhor quando se explode a limitação e se dá o poder de escolha livre.
Vocês nunca notaram. Alguém que nasceria morto é salvo e levado
para outro lugar, outro tempo, outra família. Alguém que deveria existir de uma
forma é ressincronizado para aceitar o Coringa, é como os meus chamam. Eles
chamam de Desajustado. Fora do Plano, fora de controle Deles. Só o entorno que não, no inicio.
Se alguém percebesse eles dariam
um jeito de ajustar as coisas. Forçar o Plano a aceitar o Desajustado. Alterar
memórias, plantar dúvidas, alterar os fatos se necessário. Eles fazem um
trabalho perfeito.
Tem que fazer ou os meus entram em ação.
Tem que fazer ou os meus entram em ação.
Nós limpamos a merda que Eles
fazem, limpamos as merdas que Vocês fazem, vigiamos os vigilantes e ajustamos
as coisas. Do nosso jeito.
O Cabeça não gosta disso, mas foi
para isso que ele nos trouxe, para sermos odiados e manter as coisas nos eixos.
Todos Eles seguem as ordens do
Cabeça sem pestanejar, todos Vocês seguem as opções que o cabeça deixa pra
vocês, sem perceber que estão limitados a isso.
E quando alguém sai da linha, Nós
entramos em ação.
Alguns acabam passando para o
lado de cá, mas a maioria apenas desaparece como sujeira diluída escorrendo
pelo esgoto, realimentando o sistema.
Essa é a parte do plano que todos sabem e são obrigados a aceitar.
Quando as dúvidas crescem a guerra acontece e dura o bastante para que muitos
desapareçam e o equilíbrio seja restabelecido. O Cabeça só assiste.
Eu fui escolhido na primeira
Guerra. Contive a segunda, e já sinto o cheiro podre da terceira se
aproximando.
O Cabeça deve estar morto, o
plano deve estar morto, todos devem estar mortos em breve. É o que andam
pensando, e começam a dizer.
Não os meus! Estes sabem o que
acontece quando se faz merda. Do lado de Vocês, apagamento, ressincronização;
do lado Deles, podem acabar aqui ou desaparecer. Do nosso lado... não, ninguém
se atreveria.
As coisas tem sido bem simples
até agora.
Vocês pensam que agem, Eles
vigiam e os fazem continuar pensando que são livres. Nós vigiamos todos vocês e
limpamos as merdas que fazem. E o Cabeça
olha tudo, escreve o Plano, dá ordens. Reescreve tudo se for preciso e depois
ordena.
O Cabeça ordena.
Agora o cabeça está morto e o
Plano que ninguém conhece pode estar perdido.
O que resta? A guerra? Sem um Plano até mesmo isso fica sem sentido,
desapareceria tudo antes que houvesse uma solução. Sem Plano não tem solução.
Sem o Cabeça não tem um Plano, e eu preciso dar um jeito nessa merda toda.
Colocar as coisas nos eixos.
Seria fácil se eu tivesse aquilo
que Vocês acreditam possuir, mas só tenho duas escolhas. No fim, tudo se
resume a escolher um lado.
É melhor você escolher o seu. Não
importa mais o Plano.
4 comentários:
Danny, que prazer encontrá-lo! Por acaso, passeando entre blogues, achei este seu. Uma satisfação poder apreciar seus textos, que considero magníficos.
Abraços/!! Vou te seguir, lógico.rs
Rosa, que gostoso a sua presença, seja muito bem vinda no nosso blog.
Eu também adoro os seus textos que combinam com a pessoa linda que você é.
Um grande beijo mágico.
Querida amiga
Há constuções textuais
tão bem feitas,
que nos invadem
os pensamentos
e nos transportam
para o próprio texto,
nos transformando
em personagens do mesmo.
Que a alegria seja
um rio a correr
em tua vida.
Ja tinha lido esse la na PP. Mto bom...
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