quarta-feira, 30 de junho de 2010

Símbolos - Danny Marks


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Essa coisa toda é muito maluca. Símbolos. O que eles são de verdade? Nada!
Fico vendo as pessoas carregando os seus símbolos por ai como se fossem amuletos contra alguma coisa, escudos protetores, armas engatilhadas e apontadas, brandidas contra qualquer outro símbolo ridículo que o outro possa ostentar.  Um uniforme, uma batina, um paletó e uma gravata acompanhados de uma indefectível pasta preta e óculos escuros.
Que merda vocês pensam que são essas coisas? Tiram a roupa e ficam nus, como se os seus próprios corpos não pudessem esconder a sua alma, se ainda possuem uma.  Talvez não, nunca tenha existido.
A grossura do cordão de ouro define o status social. Se grosso é um traficante ou alguém que saiu do submundo para uma vida estereotipada da qual nunca fez ou fará parte. Se fino demais, coitado, mais um fracassado tentando ser alguém, dizer que tem o que na verdade está empenhado em prestações de longo prazo.
Olha aquele ali carregando uma caixa de televisão. HDTV, Full HD, Super Slimm, touchpad e full screen. De todas as coisas que está levando nem um décimo vai ser usado, não sabe para que serve, jamais vai ler o manual de instruções de seu carrasco. Algoz, carregado no colo com orgulho maior do que teria se o substituísse por um filho.
Anel de brilhante, aliança, carro, mulher ou homem bonito, corpo, roupa, título, penteado, postura. O que é escondido e o que é mostrado, retalho reconstruído de fantasia.
Cego que vê apenas o que lhe mostram, mapa para lugar desconhecido, fantasia que matou o sonho, desejo emprestado.  Cercado, morto, movimentado por um fôlego que não lhe pertence, devorando cérebros de outros em busca de si mesmo.  Zumbi, Vampiro, Besta no Apocalipse, homem feito animal, lobisomem, homem tigre, galinha, vaca, piranha, veado, cachorra, verme, bichaaa!
No fim, apenas mais um símbolo o pedaço de chumbo aquecido pelo atrito rápido contra o cano e o ar que separa o ponto de partida do destino. Estatística.
Seis na esquerda, seis na direita, não importa nada, já estão todos mortos, não percebem isso? Apenas símbolos de um apocalipse que jamais foi revelado.
Dá tempo de carregar mais cinco, agulhas da morte, ossos balançantes, caveira com sorriso perfeito, aparelho nos dentes, óculos escuros, carro de luzes piscantes.
Hora do segundo ato.
Um.. dois... três... quatro... O que estão esperando? Cinco... Se....

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