Comigo
aconteceu assim, uma vida normal, nada que me diferenciasse de tantos
outros. Os estudos de aprimoramento que serviam de ponto de encontro
com pessoas que jamais conheceria de outra forma. O trabalho
rotineiro sem grandes percalços ou expectativas.
A
vida sempre foi fácil para individuos assim, sem preocupações maiores do que a de
descobrir onde estaria mais tarde, na noite. Quem sabe nos braços de alguma
mulher que jamais veria de novo, ou veria, nos braços do próximo. A fila anda.
Fazer
parte da fila garante que a sua vez chega, em algum momento que não escolheu,
mas que não precisa se preocupar em fazer acontecer.
Seguir
a vibe, surfar na net, trocar perfil e curtir isso ou aquilo.
Tic
tac, o som das horas que não são mais, digitais nem percebem.
Você
se acostuma com a paz do vazio preenchido de superfícies, laminas justapostas.
Um
cara, tempos atrás, disse que havia universos em superfícies branas, membraniversos
que se entrelaçavam em cordas vibrantes. Alguém deveria ter feito um som
maneiro com isso tudo, um Shiva em uma rave cósmica que varava madrugadas até
que...
Acorda.
Karma
diz que tudo volta e é assustador quando as coisas começam a dar voltas e mais
voltas a ponto de não se saber mais onde se está. Olhos fechado a girar e girar
e girar.
Nauseantes
voltas que expõem seu intimo material, visceral. E de repente...
Nada.
O
pensamento vai crescendo dentro de você como um câncer a reocupar todas as
coisas que estavam nos seus lugares certos. Os pensamentos podem ser sombrios
durante o dia. Fontes de luz geram
sombras quando projetadas sobre objetos sólidos que a bloqueiem.
Blocos
de informações desconexas que formam ilhas estruturais de coerência, raciocínios,
metáforas, insights, inspirações, sopro forçado, UFA!
Respire.
O
seu mundo já era e ainda permanece ali, exatamente igual, diferente de tudo.
Não
dá para disfarçar, nem precisa.
Quase
ninguém nota a diferença se continuar fazendo as mesmas coisas que agora são
estranhas. Entranhas se apertando em medo de ser detectado por...
Alguém.
Não
deu pra ver quem era, sumiu. Está lá em algum lugar e você sabe. Eles sabem.
As
ruas, os metrôs, as construções habitadas por milhões e milhões que se
preocupam em inserir mais e mais milhões em contas e nos espaços que
aparecerem, desaparecendo.
Não
há lugar seguro, qualquer um pode ser vitima do próximo assaltassinato,
esquecido novamente e definitivamente por uma estatística.
Não
há como fazer as coisas mais fáceis se tornarem fáceis de serem feitas quando
se sabe que são fáceis demais para serem feitas de forma demorada. Não há naturalidade.
Olhe
em volta.
As
coisas não acontecem apenas por acaso, há intencionalidades ocultas.
Descaradamente ocultas de quem não as pode ver, não quer. Estão ali, está
vendo?
Corre.
O
sangue corre mais rápido nas veias quando se está com medo de algo que se sabe
que está por perto, sempre esteve, mas não se sabia que estava, olhando.
Sobrevivência.
Sempre
é uma questão de sobrevivência, sobre a vida de todos, alguns sobre.
Alguém
tem que estar dirigindo esta coisa toda, mesmo que não se saiba para onde se
vai, ainda assim se vai. Não dá para fugir, no máximo não sentir, não ver, não
pensar.
Pensa.
De
que outra forma as coisas estariam equilibradas, a manutenção do Status Quo de
algo que perdeu o sentido de ser quando quem dirigia se foi. E não havia
ninguém para ficar no lugar desgovernado, manipulando, moldado para ser assim
ad eternum.
O
que você faria?
Se
um dia acordasse pensando novamente? Assim, do nada. Por um surto qualquer de
alguma coisa que estala e clica, tic tac, tic tac...
Desespero.
Sempre
se quer ser igual a muitos, mesmo quando se destaca. Sozinho não dá. Não há
nada o que fazer. Mas quando aparece um devem aparecer outros em algum tempo ou
lugar, é preciso olhar, atento.
Tic
tac...
Então
eles te descobrem porque você pensa, não dá para esconder isso. Quem pensa faz
as coisas diferentes, com conteúdo, mesmo quando se quer esconder.
Eles
vão atrás de você.
Aconteceu
comigo. Eles vieram e então eu soube que não adiantava fugir. O mundo gira, mas
é pequeno para quem pensa. Não há onde se esconder no vazio.
Não
há o que fazer. Alguém precisa dirigir este mundo para que ele não se acabe
definitivamente, alguém tem que fazer alguma coisa e para isso é preciso planejar.
E
quando você começar a pensar, eles vão encontrar você e mostrar que estamos
todos juntos nisso, esperando que todos acordem, esperando que alguém consiga
acordar a todos e nos diga para onde
devemos ir.
Por
isso estamos de olho em você...
6 comentários:
Vocês estão de olho em mim e eu estou na fila que não anda. Bom, acho que não anda. Espero a vezes.
Beijos!!!
Janice,
rsrs, se você PENSA que a fila não anda, então pode acreditar, Eles estão de olho em você. Os outros que não pensam nem notam que estão na fila...
Beijos
Danny ...Isto é incrivelmente perfeito ...a muito que não lia algo tão verdadeiro ...Tudo que disse no seu magnífico escrito a muitos pode até parecer o óbvio mas eles não são diferentes dos que não enxergam porque nada azem para mudar isto ou aquilo ...Mudar tudo...meu amigo ..Meus sinceros parabéns pela sua grande e bela consciência...!!!Neste novo mundo ..Aqui estou pensando e ai você me encontrará ...Para que nas minhas humildes possibilidades possa a te me agregar e somar a outros que assim enxergam ...para implementar não a mudança ...pois seria pretensão...tic tac ...mais fazer com que a VIDA continue a andar tic tac...E na simplicidade de cada coração se revele o bem !!! tic tac ..Apenas e tão somente o BEM !!! Um grande e forte abraço carinhoso tic tac ....Pedro Pugliese
Meu Amigo Pedro,
Agradeço os elogios enfáticos, e mais, agradeço a sua perspicácia e intuição sensível ao deslindar tão brilhantemente os meandros enigmáticos com que compuz este - maquiavelicamente simples - texto.
Diriam alguns que trata-se de uma armadilha sintática e conceitual, estruturada na mimética sombra coloquial, mas - mal sabem eles - são justamente os alvos desta armadilha e a quem ela, por fim, há de servir-lhes de alguma forma.
Um Forte Abraço, meu querido. E parabéns a você!
Danny Marks
Ufa ! O texto é de perder o fôlego ...
Gostei muito , Danny .
Beijos e bom domingo
Obrigado, Marisa,
Uma ótima semana para você, Beijos
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