Não sou bravo nem forte.
Mas, como a vida amei
Quero te amar, ó morte,
— Minha morte, pesar
Que não te escolherei.
Do amor tive na vida
Quanto amor pode dar:
Amei, não sendo amado,
E sendo amado, amei.
Morte, em ti quero agora
Esquecer que na vida
Não fiz senão amar.
Sei que é grande maçada
Morrer, mas morrerei
— Quando fores servida —
Sem maiores saudades
Desta madrasta vida,
Que, todavia, Amei.
Manuel Bandeira - Antologia Poética (Nova Fronteira / 2010)
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