Hoje tive uma ideia para um romance. É sobre um cara que
mesmo sem ter diploma universitário consegue se tornar empresário e começa a
fazer negócios com o governo. Para ganhar uma grana mais rapidamente, acaba se
envolvendo em um esquema de pagamento de propinas milionário e em pouco tempo
esse empresário do ilícito se torna um dos homens mais ricos do mundo com uma
fortuna avaliada em 30 bilhões de dólares.
Só que um azar danado acontece e o cara vai a falência, e o
pior, acaba sendo indiciado pela polícia como suspeito nos tais esquemas de
propinas. O cara cisca daqui, cisca dali e consegue se sair bem por mais algum
tempo até que outras investigações o colocam na mira da polícia novamente, com
mandado de prisão expedido.
Vários dias depois de ter sido pedida a prisão preventiva,
aquela que é para impedir o cara de fugir, o cara foge para outro país. O
advogado do cara diz que foi apenas uma viagem de negócios, que logo o cara vai
voltar e se entregar. Desconfiada a polícia pede a colaboração da Interpol para
prender o suposto meliante foragido, mas ninguém consegue descobrir onde o cara
foi e suspeita-se que já tem um esquema montado para ir para um pais que não
tem repatriação.
Uma reviravolta acontece quando o cara aparece em um
aeroporto internacional e tranquilamente embarca em um voo comercial para o
pais onde está sendo procurado e, finalmente, é preso com toda pompa e circunstância
que alguém de tanta periculosidade merece.
Políticos que estão envolvidos nos esquemas se preocupam com uma possível
delação do empresário que conseguiu a façanha de perder 30 bilhões de dólares em
um par de anos e que agora pode acabar com o esquema bilionário deles da mesma
maneira.
Mas outra reviravolta acontece, e o perigoso possível delator
de políticos é levado para um presídio em que se encontram outros líderes do
crime organizado e que, como todos os presídios do país em questão, enfrenta
uma crise de superlotação com três vezes mais detidos do que a capacidade. Não
tem arrego, o cara não tem diploma de nível superior, tem que ficar com os
presos comuns, digo, de alta periculosidade igual a ele.
Só que outra reviravolta acontece e o presídio acaba sofrendo
uma rebelião semelhante à dos outros presídios que também saíram do controle
resultando em massacres entre os detentos e que levaram dias para serem
contornados pelo sistema carcerário falido devido às propinas que resultaram na
maior parte dos meliantes que os integram. Na confusão que se forma, um cadáver
com a aparência do empresário é encontrado de forma tão desfigurada que
dificulta a identificação.
Uma força tarefa é montada para descobrir se o cadáver é
realmente do empresário e dados médicos arquivados em hospitais e clinicas
dentárias são solicitados para que se possa confirmar que realmente houve uma
tragédia e o possível delator não pode mais delatar nada porque foi exterminado
pelos chefes de gangues que odeiam delatores. A justiça do crime passando acima
da justiça da lei e cumprindo a sentença com mais rapidez e eficiência.
Alguns dos presos que fugiram na já citada rebelião são
conduzidos para outros presídios e um ou outro que alegam que houve um esquema
organizado para a fuga, acaba desaparecendo em outros motins de forma a cumprir
a mesma lei da Omerta. Em boca fechada não entra facão enferrujado.
Enquanto isso, um homem desconhecido, com as faixas
necessárias à reconstrução facial a que se submeteu, olha o saldo das contas
secretas que manteve ocultas dos olhos curiosos e começa a fazer planos para
uma faculdade, afinal, não se pode brincar com a sorte e é preciso ter muito
conhecimento nesses dias turbulentos.
Essa seria a história que eu iria contar, mas cá entre nós,
é um enredo muito ruim, não dá para acreditar em tamanhos absurdos, certo?
Melhor deixar para lá, isso nunca iria acontecer de verdade. Como é difícil a vida de um escritor tentando compor enredos com a verossimilhança necessária.
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