Este espaço sempre teve a intenção de levar ao seu
público o prazer da literatura, da informação, do humor inteligente,
preservando sempre a qualidade do que é apresentado e buscando melhorar a cada
dia.
Juntamente por querer levar a informação e a reflexão
da melhor qualidade aos leitores, tenho que apresentar um assunto que está
sendo pouco comentado, apesar da sua importância, provavelmente devido à crise
política e econômica do Brasil.
Alguns talvez tenham ouvido falar da proposta de
limitar e tarifar a internet fixa da mesma forma que já é feita na internet móvel,
quem não ouviu falar ainda, recomendo uma breve pesquisa na internet que
encontrará facilmente vários resultados confiáveis, inclusive a decisão da
ANATEL de “cobrar algumas medidas” antes que isso seja feito. Ou seja, a
ANATEL, responsável pela regulamentação da Internet no Brasil, diz que não pode
fazer nada contra, que não é ilegal, mas quer que o usuário seja “avisado”
antes que haja redução. Até que esse “serviço” seja disponibilizado pelas
operadoras, proíbe a limitação.
Habilmente algumas operadoras tentam contornar a
proposta definida como Marco Civil da Internet, o projeto de lei aprovado em 22/04/2014
que regulamenta o uso da internet no Brasil, buscando ampliar os seus lucros
com o serviço de internet fixa, alegando uma “dificuldade técnica” na prestação
do mesmo, sendo a limitação uma forma de solucionar o problema (deles).
Não vou falar que em outros países desenvolvidos a
qualidade dos serviços é extremamente superior à do Brasil, e que esses mesmos
países buscam ampliar ainda mais a disponibilidade ilimitada e de alta
velocidade da internet. Vou me concentrar apenas na realidade brasileira e no
que, aparentemente, não está sendo visualizado pelos cidadãos, empresários e
políticos daqui.
É fato que, atualmente, boa parte da população utiliza
a internet para o lazer, inclusive assistindo filmes on-line, participando de
redes sociais, etc. Porém, também utilizam para outros fins, como pesquisa
escolar, compras, pesquisas de preços, transações bancárias, etc. Sem falar em
boa parte dos microempresários que utilizam o serviço de internet para divulgar
e até implementar os seus serviços. A lista de atividades comerciais com o uso
da internet é grande, nem vou perder tempo colocando aqui, são apenas alguns
exemplos mais comuns.
O que não está sendo discutido é exatamente isso: O que
as pessoas vão fazer se a sua internet ficar limitada? Aparentemente, na visão
das operadoras, as pessoas vão se dispor a pagar mais para ter o mesmo. Pode
até ser, mas não acredito que seja tão simples assim.
Provavelmente as pessoas não vão querer abrir mão das
redes sociais, que já ocupam boa parte do seu tempo e dos dados utilizados. Sem
poder pagar mais, terão que fazer todo o resto da forma mais “antiga”, ou seja,
presencial.
Entrar no site do banco para pagar as contas? Não, isso
gasta dados, vamos à agencia bancária (que economiza atualmente um bom dinheiro
com serviços on-line).
Compras on-line? Esqueça, demora muito para fazer o
pedido, confirmar e depois pagar. Melhor ir na loja, ou nem comprar, já que não
dá tempo.
Aliás, o que comprar? Não vejo anúncios on-line (a
menos que as empresas se disponham a pagar por esses dados de divulgação. “Entre
na minha página e não se preocupe com a sua franquia, nós cobrimos o serviço”.
Claro que esse valor terá que ser acrescido no preço dos produtos, da mesma
forma que é acrescido o valor da propaganda.
Logo as redes sociais terão também um decréscimo. Por
mais viciados que haja, quem vai ficar perdendo tempo em ver vídeos de gatinhos
fofos que devoram seu tempo disponível? Talvez o twitter amplie ainda mais os
usuários e retornem as listas de ICQ, aqueles fóruns de mensagens da
pré-história da Net.
Fico pensando, quando as empresas vão começar a olhar
para esse lado mais obscuro do controle de dados da internet brasileira? Quando
vão perceber que terão um prejuízo maior que qualquer cidadão? Talvez, ao menos
desta vez, o capitalismo funcione a favor da população e reaja de forma
eficiente, seja obrigando as operadoras a investirem mais em qualidade de
serviços para ampliar os seus lucros, seja criando alternativas para as mesmas.
Pode ser até uma nova forma de comércio, redes privadas
que oferecem internet gratuita aos seus clientes. Também não descarto a
possibilidade de uma involução, um retorno ao CD e ao DVD pirata, ou a redes
clandestinas via satélite ou rádiofrequência. Tudo é possível e, normalmente,
as soluções desesperadas descambam para a marginalidade (no sentido de ser à
margem da lei, o “jeitinho” duvidoso).
Não
sei como as coisas vão se desenvolver, não sou futurólogo, sou apenas um
escritor que utiliza teorias da conspiração como seu material de trabalho. Crio
cenários imaginários, utópicos ou distópicos, para informar e divertir através
de realidades inventadas que podem ou não se tornarem reais. Inteligência e
Imaginação são necessárias para um bom escritor, que dirá para um empresário,
mas parece que alguns ainda não se aperceberam disso. Será?
Danny Marks
Editor Responsável do
Retratos da Mente.
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