terça-feira, 1 de março de 2016

A Ratoeira – Autor desconhecido, adaptação Danny Marks


              Esta fábula começa em uma fazenda igual a maioria das pequenas fazendas. Nela conviviam em relativa harmonia, um rato, uma galinha, um porco, uma vaca e um casal de fazendeiros idosos.
              Mas os dias tranquilos terminaram quando a esposa do fazendeiro se irritou com as andanças do rato e pediu para o marido comprar uma ratoeira.
              O rato, ao ver o terrível objeto, imediatamente foi alertar a sua amiga, a galinha.
              — Dona Galinha, não sabe o que acabei de ver. O fazendeiro comprou uma ratoeira!! É uma tragédia. Precisamos fazer alguma coisa a respeito disso imediatamente.
              — Senhor Rato, me desculpe, mas não vejo nenhuma tragédia. Vivo aqui no meu cantinho sossegada e não entendo o que uma ratoeira poderia me atrapalhar. Sinto pela sua tragédia, mas não há o que possa fazer.
              Chateado o rato se afastou sem dizer mais nada, mas logo encontrou o porco e imediatamente deu-lhe a horrível notícia.
              — Uma ratoeira? Mas meu amigo rato, no que isso me prejudica? Vê o meu tamanho? Nenhuma ratoeira poderá me afetar. Você deveria fazer alguma coisa a respeito, mas não sei o que lhe sugerir. Só é uma tragédia a partir do momento que lhe afeta diretamente.
              O rato saiu dali pensando na qualidade dos amigos que tinha. Sempre julgara que havia um bom relacionamento entre eles, mas os fatos levantavam questionamentos que nunca antes formulara.
              Então teve uma ideia que lhe pareceu ser a mais adequada. Iria consultar a vaca que sempre tinha uma visão mais ampla das coisas, além de ser mais solidária.
              — Dona Vaca, a senhora entende a tragédia? Compraram uma ratoeira! Falei com a Dona Galinha e com o amigo Porco, mas não conseguiram me ajudar. Só a sua sabedoria pode resolver este problema.
              — Senhor Rato, que coisa horrível. Estou profundamente chateada com a sua situação e vou rezar para que se resolva da melhor forma possível. É realmente uma pena que a sua vida esteja em risco e espero que nada lhe aconteça. Boa sorte.
              Cabisbaixo o rato voltou para a sua toca para meditar em segurança sobre o que poderia fazer para solucionar o problema, já que não encontrara nenhuma ajuda eficiente.
              Enquanto isso a mulher do fazendeiro foi inspecionar as diversas ratoeiras instaladas e por não enxergar direito acabou sendo picada por uma cobra que havia ficado presa em uma das armadilhas escondidas.
              Rapidamente o médico foi chamado e como parte do tratamento, recomendou uma boa canja. E lá foi o fazendeiro no galinheiro com um machado providenciar o principal ingrediente.
              A notícia da enfermidade da esposa do fazendeiro se espalhou e diversos vizinhos e parentes vieram visita-la. Por conta disso o fazendeiro foi obrigado a matar o porco para alimentar os que chegavam.
              Mas, apesar do tratamento caro, a esposa do fazendeiro acabou morrendo. Com as dívidas do tratamento e do funeral, o fazendeiro se viu obrigado a vender a propriedade e para estimular os compradores resolveu matar a vaca e fazer um bom churrasco.
              O rato, coitado, não viu o final dessa história. Desiludido com os parceiros com quem convivia ha tanto tempo, resolveu se mudar para outra fazenda. Mas as notícias voam e quando o rato acabou encontrando um lugar para se instalar, ficou surpreso.
              Nesta nova fazenda, todos se preocupavam com ratoeiras.

Um comentário:

Anônimo disse...

O autor não é desconhecido, o nome do autor é Valdecyr dos Santos

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