Esta fábula começa em uma fazenda igual a maioria das
pequenas fazendas. Nela conviviam em relativa harmonia, um rato, uma galinha,
um porco, uma vaca e um casal de fazendeiros idosos.
Mas os dias tranquilos terminaram quando a esposa do
fazendeiro se irritou com as andanças do rato e pediu para o marido comprar uma
ratoeira.
O rato, ao ver o terrível objeto, imediatamente foi
alertar a sua amiga, a galinha.
— Dona Galinha, não sabe o que acabei de ver. O
fazendeiro comprou uma ratoeira!! É uma tragédia. Precisamos fazer alguma coisa
a respeito disso imediatamente.
— Senhor Rato, me desculpe, mas não vejo nenhuma
tragédia. Vivo aqui no meu cantinho sossegada e não entendo o que uma ratoeira
poderia me atrapalhar. Sinto pela sua tragédia, mas não há o que possa fazer.
Chateado o rato se afastou sem dizer mais nada, mas
logo encontrou o porco e imediatamente deu-lhe a horrível notícia.
— Uma ratoeira? Mas meu amigo rato, no que isso me
prejudica? Vê o meu tamanho? Nenhuma ratoeira poderá me afetar. Você deveria
fazer alguma coisa a respeito, mas não sei o que lhe sugerir. Só é uma tragédia
a partir do momento que lhe afeta diretamente.
O rato saiu dali pensando na qualidade dos amigos que
tinha. Sempre julgara que havia um bom relacionamento entre eles, mas os fatos
levantavam questionamentos que nunca antes formulara.
Então teve uma ideia que lhe pareceu ser a mais
adequada. Iria consultar a vaca que sempre tinha uma visão mais ampla das
coisas, além de ser mais solidária.
— Dona Vaca, a senhora entende a tragédia? Compraram
uma ratoeira! Falei com a Dona Galinha e com o amigo Porco, mas não conseguiram
me ajudar. Só a sua sabedoria pode resolver este problema.
— Senhor Rato, que coisa horrível. Estou profundamente
chateada com a sua situação e vou rezar para que se resolva da melhor forma
possível. É realmente uma pena que a sua vida esteja em risco e espero que nada
lhe aconteça. Boa sorte.
Cabisbaixo o rato voltou para a sua toca para meditar
em segurança sobre o que poderia fazer para solucionar o problema, já que não
encontrara nenhuma ajuda eficiente.
Enquanto isso a mulher do fazendeiro foi inspecionar as
diversas ratoeiras instaladas e por não enxergar direito acabou sendo picada
por uma cobra que havia ficado presa em uma das armadilhas escondidas.
Rapidamente o médico foi chamado e como parte do
tratamento, recomendou uma boa canja. E lá foi o fazendeiro no galinheiro com
um machado providenciar o principal ingrediente.
A notícia da enfermidade da esposa do fazendeiro se
espalhou e diversos vizinhos e parentes vieram visita-la. Por conta disso o
fazendeiro foi obrigado a matar o porco para alimentar os que chegavam.
Mas, apesar do tratamento caro, a esposa do fazendeiro
acabou morrendo. Com as dívidas do tratamento e do funeral, o fazendeiro se viu
obrigado a vender a propriedade e para estimular os compradores resolveu matar
a vaca e fazer um bom churrasco.
O rato, coitado, não viu o final dessa história.
Desiludido com os parceiros com quem convivia ha tanto tempo, resolveu se mudar
para outra fazenda. Mas as notícias voam e quando o rato acabou encontrando um
lugar para se instalar, ficou surpreso.
Nesta nova fazenda, todos se preocupavam com ratoeiras.
Um comentário:
O autor não é desconhecido, o nome do autor é Valdecyr dos Santos
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