Essa é uma pergunta que
muitos usam para defender alguns absurdos da política atual, mas há muita coisa
que deveria ser perguntada anteriormente para que finalmente se pudesse fazer
um correto juízo de valor. Por exemplo:
Qual o sentido da
liderança?
A liderança é a
capacidade de influenciar grupos de pessoas de forma que colaborem para um
objetivo em comum. Não é preciso neste
momento aprofundar para as possibilidades de lideranças positivas ou negativas,
o que nos cabe no momento é perceber a sutil relação que há entre líder e
liderado.
O líder influencia, ou
seja, possui o carisma, a confiabilidade, a aura magnetizadora que atrai e
orienta os liderados polarizando-os de forma a gerar a força necessária para
executar um trabalho. O líder motiva, organiza, mantém o impulso, redireciona,
acolhe, revigora. Em muitos aspectos o líder é o pai e a mãe do grupo, o ícone
a ser seguido, aquele que acumula os valores do grupo.
Por isso mesmo o líder
só tem o poder que o grupo lhe dá, precisa ser escolhido pelo grupo antes de
assumir a função e só então captar outros membros para sua esfera de influência
de forma que todo o grupo cresça como um organismo.
Portanto os liderados
primários são mais próximos do Líder do que os que acabam aderindo posteriormente.
Engana-se quem pensa
que o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. Na verdade o
poder apenas revela, ilumina, fortalece, desmascara, realça, o objeto do poder.
Aquele que possui o poder não o incorpora, é um objeto do poder, algo pelo qual
o poder se expressa. Diferente do que é poderoso, que por si só é fonte e ação
do poder.
Na esfera de liderança
o Líder carismático é poderoso, pois o carisma é sua fonte de poder e emana
dele de forma natural, não pode ser destituído disso. Já o representante é o
que incorpora o poder do grupo, o objeto pelo qual o poder coletivo se expressa
de forma uníssona, organizada.
Quando a democracia foi
criada sua principal fonte de inspiração era a Liderança Carismática,
influenciadora, que orientava e inspirava. Mas a democracia como todas as
formas políticas, do coabitar em comunidade, evoluiu e se transformou.
E quando se fala em
evolução não se pode deixar de citar Darwin e suas teorias de que os melhores
adaptados sobrevivem. Note que não disse “os mais fortes” porque isso seria
incorreto. Adaptado é aquele que resiste e sobrevive ao sistema em que está
inserido e cria soluções para se fortalecer, nem sempre o mais forte consegue
se adaptar, que o diga o finado Tiranossauro-Rex, que na sua época não tinha
adversários, mas foi extinto pelo seu enorme peso e incapacidade de adaptar-se
a um ambiente em mutação, que exigia flexibilidade.
Muitas vezes na
evolução uma simples diferença pode ser fundamental para a construção do
futuro, como no caso dos polegares opositores, aqueles que permitiram a criação
de ferramentas sofisticadas, os mesmos que os imperadores romanos usavam para
determinar se o gladiador vencido sobreviveria ou deveria morrer.
Na evolução da
democracia, não apenas o sistema político mudou, mas as pessoas que o compõem.
Atualmente há poucos líderes carismáticos até porque são raros pela própria
natureza, considerando-se que se houvessem muitos capazes de influenciar,
nenhum seria influente o suficiente. O que vemos nos dias de hoje são as
lideranças representativas, aquelas que são escolhidas por interesses em comum
e que emprestam o poder do coletivo e o aglutinam em volta de propostas
específicas.
Por isso mesmo a
democracia evoluiu para um sistema onde várias lideranças são escolhidas pelo
mesmo grupo, de forma que todos os interesses estejam maior ou menor
representados.
Mas o que não se pode
esquecer é que uma vez escolhido o líder, ele se torna automaticamente um ícone
a ser seguido, ou seja, obrigatoriamente o Líder tem que ter qualidades que
comunguem com o grupo que lhe empresta o poder de forma a inspira-los e
orienta-los no rumo objetivado.
Portanto o grupo não
precisa ter as qualidades desejadas na sua liderança, mas acreditar que o Líder
as possui e possa orienta-los na busca dessas mesmas qualidades desejáveis. Por
isso o líder foi escolhido, por supostamente possuir os qualificativos
desejados pelos liderados.
Então a conclusão
lógica à pergunta de se podemos cobrar dos políticos uma honestidade que não
possuímos de forma plena é um imenso e sonoro SIM!
Não só podemos como
devemos cobrar de nossas lideranças representativas as qualidades que eles
necessariamente deveriam possuir para nos manter como apoiadores de sua
influencia, porque foi exatamente por esse motivo que foram escolhidos, para
serem exemplos do que é desejável, do que é verdadeiro para o grupo, ainda que
não tenha sido alcançado ou se já o foi, que precisa ser mantido e preservado.
Na evolução não há certezas, é sempre necessário
estar preparado para a adversidade, para criar a mudança tanto quanto a
permanência, mas sempre se deve estar atento aos resultados, desejáveis ou não,
de forma que se possa corrigir os rumos oferecendo o nosso apoio ou repúdio aos
que nos conduzem no caminho
para sermos melhores.
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