Para
decidir qual dos três ficaria com o cargo de regente deu-lhes um ultimo teste.
Cada um
deles deveria governar por um período de cinco anos, províncias afastadas do
reino que tinham sérios problemas. Nenhum deles saberia dos progressos dos
outros concorrentes, e somente uma vez por ano teriam comunicação do reino.
Findos os cinco anos o que melhor se saísse seria aclamado como o novo regente.
O Rei, em
sua generosidade, determinou que fossem concedidos durante os cinco anos de
regência, dinheiro, suprimentos e materiais em partes iguais para cada um dos
pretendentes, de forma que estes pudessem suprir as necessidades da comunidade.
Mas, secretamente decidira que, para cada ano de fartura um ano de penúria se
seguiria até que se completassem os cinco anos. E assim foi feito.
A província
de Abidos seria governada por All Sam que, assim que chegou, distribuiu as
dádivas do rei entre todos, sendo imediatamente aclamado pelo povo.
A província
de Bembidos seria governada por Bam Sam,
o prudente, que determinou que nada fosse entregue ao povo, mas guardado no
palácio para quando se fizesse necessário. O povo o recebeu com desconfiança.
A província
de Causum seria governada por Calcos, que depois de andar pela localidade
ordenou que parte dos donativos fosse entregue à população mais carente e que o
restante fosse guardado no castelo.
Veio o
segundo ano que, como determinado, nada
seria doado pelo rei.
All Sam de
Abidos revelou ao povo que os suprimentos doados pelo rei não haviam sido
entregues mas que ele buscaria resolver a situação e novamente foi aclamado.
Bam Sam de
Bembidos temendo a revolta, cada vez maior, do povo decidiu distribuir o
estoque do palácio e acabou sendo aclamado.
Calcos de
Causum convocou o povo e revelou o seu estudo para corrigir os graves problemas
da província e declarou que haveriam mutirões para reconstrução das estradas,
irrigação das colheitas, criação de áreas de lazer e centros de estudos. Os
voluntários receberiam como pagamento parte dos suprimentos estocados no
palácio. O povo atendeu, mas houve os que levantaram a voz dizendo que era
obrigação do rei cuidar de seu povo sem jogar esse ônus para seus empobrecidos
súditos.
No terceiro
ano os suprimentos chegaram.
All Sam
apressou-se a distribuir os donativos para acalmar o povo que não acreditava
mais em seus discursos de prosperidade vindoura quando fosse eleito novo rei. Quando
os suprimentos chegaram às suas mãos todos o aclamaram novamente...
Bam Sam revoltado com a população
que, em sua opinião, eram um bando de preguiçosos que só queriam
bem-aventuranças e nada de trabalho, decidiu devolver os donativos do rei;
assim este o julgaria o melhor dos candidatos por sequer precisar do auxilio
do rei e o povo teria que se trabalhar se quisesse sobreviver, senão que
morressem de fome...
O povo
julgou que o regente havia ficado louco ou que o rei havia lhe retirado seu
apoio, atacaram a comitiva que retornava e roubaram os suprimentos.
Em Calcos, com
a ajuda do povo, novos trabalhos foram executados para ampliar o que já havia
sido feito. Os poucos que antes reclamavam foram silenciados pelos resultados que
fazia a comunidade prosperar.
Novamente
as provisões do rei foram parte para o povo, parte para as reservas do palácio.
Eis que o
quarto ano chegou e nada foi entregue.
All Sam
procurou acalmar o povo revelando um suposto plano do rei de casa-lo com a filha
e prometeu que iria garantir que no ano seguinte tudo iria melhorar.
Bam Sam
vendo o povo cada vez mais faminto e revoltado, ordenou às suas tropas que reprimissem
toda e qualquer manifestação contraria ao seu governo, em troca teriam todos os
donativos do rei distribuídos entre si.
E o povo foi
fustigado e reprimido com violência, ficando mais revoltado.
Em Causum,
Calcos agradeceu ao povo a colaboração nos mutirões de reconstrução e destinou
parte dos estoques para promover festas para todos, e o povo feliz por não ver
mais necessitados entre eles, e ao ver sua província próspera, aclamou-o e
jurou-lhe fidelidade.
Quinto ano,
nenhum donativo chegou, apenas um mensageiro com uma enigmática mensagem
“Nada mais
poderá ser dado pelo Rei, nada será tomado enquanto o Rei Viver...”
All Sam ao
ver a mensagem, saltou em um cavalo e fugiu, antes que o povo descobrisse a sua
desgraça. Jamais foi visto novamente...
Bam Sam não
teve tamanha sorte, o mensageiro já se comunicara com as tropas revelando que
nada seria entregue, e estas acabaram por se juntar ao povo, que no auge de sua
revolta invadiu o palácio e destruiu tudo e todos que lá se encontravam.
Calcos julgando
que o soberano estava com dificuldades convocou o povo pedindo voluntários. E
novamente o povo o atendeu ao seu chamado. Um exército foi formado e, levando
consigo grandes quantidades de suprimentos, rumou para a capital do reino.
Qual não
foi a surpresa ao encontrarem nos limites da cidade o rei e sua comitiva que
cavalgavam ao seu encontro.
Calcos
aproximou-se de Lucidus e dirigiu-lhe a palavra.
— Meu Rei, que mal lhe aflige? Nada nos
revelaste em tua missiva, mas teu povo aqui está para livrar-te da penúria e de
teus inimigos, somos teus servos para o que precisares...
— Não meu
caro Calcos, como descobriste por teu próprio mérito, o governante é o
servo de seu povo. Aquele que buscar governar para si nada terá e aquele que
para todos governar por todos será atendido.
O Único mal
que pode destruir uma nação é a incompetência de seus governantes, pois assim
como teu corpo, por mais forte e sadio que seja, sem uma cabeça para conduzi-lo
perecerá; também a tua cabeça sem um corpo para executar teus planos, impotente
fica. É desta forma que tem que ser um rei e seu reino.
Hoje, dou-te minha filha por esposa e meu reino para que o sirvas, levai os frutos de
tua sabedoria, que destinavas a mim, para Abidos e Bembidos, restabelece a paz
em teu reino. Tu és Rei e este é teu Povo
E Calcos
foi aclamado por todos e com sua direção a paz e a prosperidade voltaram àquelas terras.
6 comentários:
Gosto de aprender:)!
Parabéns pelo texto.
Bjo
Obrigado, Alvaro,
Aprendemos todos nós e redistribuimos o aprendizado como podemos.
Seja sempre bem vindo ao nosso espaço.
Forte Abraço
excelente texto,misto de conto e resenha!
Valeu, Ricardo,
Esse é um texto antigo do primeiro projeto Retratos da Mente, que deu origem ao projeto atual.
Coisa de "album de família" rsrs, as fotos antigas também tem seu charme e nos lembram da trajetória que percorremos.
Abraços
Belo texto.
Parabéns!!
Beijos!!
Obrigado, Janice,
Embora trate-se de um texto antigo que reeditei especialmente para o blog, está com o timming bem atual, por conta das eleições que estão para acontecer.
Em qual candidato você votaria?
Forte abraço :)
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