(Passeando pela
internet encontrei um texto creditado a Luiz Moreno (2014) chamado de “como
irritar seu professor” e achei bem interessante. Acredito que muitos alunos
devem tê-lo lido, pois é muito comum que o citem – inadequadamente, devo dizer,
não fazem referência ao autor. Marcelino Freire (2014) diz que gosta de escrever
sobre aquilo que o incomoda. E este texto me incomodou por não ter as respostas
que acredito o “professor” poderia ter dado de forma que houvesse um dialogo
completo. Então resolvi, fazer a minha própria versão privilegiando essa parte.
Obviamente trata-se de um texto literário que, como afirma Compadre Washington
(2014), é completamente “inocente, não sabe de nada”.)
Texto Original abaixo:
Depois que o professor já escreveu
até a metade da lousa um aluno pergunta:
— É para copiar?
— De forma alguma! É que tenho uma compulsividade para preencher espaços
vazios com palavras.
—
É
pra responder?
— Qual pergunta? A sua ou as
minhas?
— É pra fazer agora?
—
Se preferir pode deixar para o próximo
ano quando estiver cursando esta mesma série.
— Vai valer ponto?
— Não só ponto como também virgulas, acentos, concordância verbal e nominal, coerência, coesão...
— Cai na prova?
— Se não cair na prova é que caiu durante o percurso...
— É pra trazer o
livro?
— Claro que não, basta você
decorar ele inteiro.
— Posso usar o
celular?
— Só se for no
banheiro...
— Quantas linhas eu
pulo?
— Todas que ficarem entre a
imaginação e a inteligência.
— Que dia é hoje? (a
data do dia já estava na lousa desde o início da aula)
— Depende da perspectiva.
Pode ser o primeiro dia do resto da sua vida, ou o resto da sua vida.
— É pra copiar de
caneta ou de lápis?
— Faça a lápis se quiser economizar caderno para o próximo ano, ou a caneta se não quiser escrever tudo de novo.
— Você é professor de qual matéria mesmo? (aluno do 2o bimestre)
— Você é professor de qual matéria mesmo? (aluno do 2o bimestre)
— De estudos comparativos
entre Élfico e klingon na perspectiva Grega. Ainda não tinha percebido?
— Como é seu nome
mesmo? (aluno no 30 bimestre)
— Em qual língua?
— Você só da aula ou
também trabalha?
— Na verdade eu só estudo. Isto aqui é meu Mestrado para Serial Killer.
— Meu caderno acabou,
o que eu faço?
— Pegue as bolinhas que atirou nos colegas, desamasse e as use corretamente desta vez.
— Esqueci o trabalho
em casa, posso entregar na próxima aula?
— Não precisa. Guarda ele para o
próximo ano.
— Minha resposta está
certa? Falta alguma coisa? (durante a prova)
— Deixe-me ver... Estudar
mais?
— Eu não sei a
resposta, deixo em branco?
— Claro, preencho depois em vermelho. Lembra da minha compulsão?
— Ué, hoje tem prova?
— Não,
é só um ensaio sobre o que vai dizer aos seus pais quando for reprovado.
— Do
que vai dizer aos seus pais quando for reprovado?
— Vai ser de
consulta?
— Sim,
pode ser. Comece consultando o início da folha onde diz “Prova individual, sem consulta”.
— Pode ser em dupla?
— Claro,
se junte o seu neurônio com o do seu colega ali, se juntarem alguns milhões vão ter um cérebro.
— Trabalho? Que
trabalho?
— Aquele
que você conseguiria se tivesse estudado.
— É pra responder com
as minhas palavras?
— Não precisa, só me diz de
quem copiou para poder dar a nota pra ele.
— Esqueci de estudar,
posso fazer a prova amanhã?
— Posso estudar a sua
proposta e responder amanha?
— Professor, quando o
senhor vai faltar?
— Provavelmente
no mesmo dia que você
— Professor, o senhor
nunca fica doente?
— Ate
hoje não tinha ficado.
— Você sabe se a
gente vai sair cedo hoje?
— Eu
tenho que ficar ate o final, aquela coisa de que o capitão afunda com o
navio...
— Vai ter que
escrever muito hoje?
— Claro
que não, só até você aprender.
— Quanto você ganha?
— Para os
políticos mais do que preciso, mas cada vez me parece menos do que mereço.
(...)
— A reunião vai
demorar? (mãe do aluno antes que a reunião sobre o seu filho comece)
— Depende, a senhora
pretende matricular o seu filho nesta escola no próximo ano?Texto Original abaixo:
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