Vai pra puta que o pariu!
Não, não, não.
Como assim?
Não funciona, entende? É uma coisa muito longa e
tem que raciocinar e tudo. Não, não dá. Tenta outra coisa.
Mas é totalmente autoexplicativa, como não
funciona? Que raciocínio tem que ter? Já estou falando para onde ir, o tipo de
lugar que vai encontrar e com quem. E de quebra ainda digo que tipo de pessoa
que é, já que falo de filho de peixe...
Esse é o problema, entende? Fica meio que uma
coisa implícita, uma ofensa subliminar por tabela, indireta demais, exige uma
acuidade mental para entender os implícitos no discurso na elucidação da cena
que se deseja representar metaforicamente.
Como é que é?
Tem muitas palavras para funcionar.
Ah, tá, então que tal só puta que pariu? Sem indicativo
de lugar.
Mas ai já vira interjeição exclamativa de espanto,
como se estivesse assustado com algo inusitado, fora do contexto. Não vai
funcionar.
Mas o contexto já diz que se trata de uma ofensa,
não pode simplesmente pegar uma frase e descontextualizar dos antecedentes e
querer que tenha o mesmo sentido.
Engano seu, seria como que um fechamento que
resumisse todo o discurso anterior em uma síntese parafrásica de conteúdo
redundante encerrativo do discurso.
Hein!???
Uma frase de fechamento que remetesse diretamente
ao que foi dito anteriormente e resumisse, ainda que independente do que foi
apresentado, porque possui conteúdo autoexplicativo.
Nossa ficou pior ainda, mas tá, acho que entendi.
Quer resumir tudo o que foi dito antes em algo mais direto e emotivo.
Basicamente isso.
Pode usar uma aliteração, aquela coisa de suprimir
parte da palavra e...
Elipse.
Como?
É elipse, a coisa de suprimir palavras facilmente
entendidas é elipse. Aliteração é repetição de palavras com o mesmo som
tipo....
Tá, então alitera isso logo e vamos embora.
Posso suprimir o “i” do vai e o “o” , já que
suprimiu o primeiro “a” do para.
É, então, faz isso e pronto.
Não vai funcionar.
Por que não?
Porque fica meio que faltando uma coisa depois, um
segundo termo ofensivo para reforço do primeiro, enfraquecido pela vinculação
subliminar a terceiros que não estão expressos no contexto.
E qual o problema?
Estou evitando a redundância, mas não quero perder
a força narrativa da evocação pejorativa como fechamento do contexto em uma
frase sintética que mantenha a coerência textual e que esteja de acordo com a
forma discursiva adotada pelo falante.
Meu...
Quero uma frase que expresse o sentimento de
indignação e ao mesmo tempo de repúdio ao que já foi apresentado como
justificativa, sem perder a verbalização afetiva, ao mesmo tempo que mantém a
carga irônica não associada na contextualização prévia, ainda que remetendo
indiretamente a esta pelo discurso subjetivo do entendimento popular.
Quer saber? Foda-se!
Não, ainda não entendeu? Uma frase só...
Fo-da-se!
Isso, você é um gênio, nossa, é o fechamento
ideal. A carga pejorativa emocional sintetizada e reforçada na separação
silábica que dá ao discurso adotado a entonação irônica na medida certa
reforçando e sintetizando todo o texto precursor em uma frase de efeito e totalmente
de acordo com o vernáculo do falante. Ei! Onde está indo?
Pra puta que O pariu!
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