segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Histórias de Fim do Mundo - Anny Lucard



Matéria publicada originalmente em http://www.oestadorj.com.br/cultura/historias-de-fim-do-mundo , no dia 06/01/2013

   Histórias sobre o fim do mundo sempre fizeram parte do imaginário humano, seja em lendas antigas e mitologias, até a criação da pura ficção apocalíptica, onde autores viajam na ideia do mundo um dia deixar de existir. A maioria nesse meio é de autores de literatura fantástica, onde os apocalipses zumbis e vampirescos são os favoritos em suas histórias, mas o tema é farto e há para todos os gostos. Após a passagem do ano 2000, que muitos achavam que seria o fim de tudo, por conta de algumas crenças religiosas, uma nova data foi agendada para o apocalipse, 21 de dezembro de 2012, que é o dia que o ciclo do calendário Maia termina e outro começa. Passado o apocalipse, enquanto os adeptos a ideia de fim do mundo pensam em nova data, o assunto para os autores de literatura fantástica continua rendendo ótimas histórias. Só esse ano vários livros com o tema foram publicados, entre eles está ’2012 – Uma Aventura No Fim Do Mundo’ da autora Vanessa Bosso e ‘ As Crônicas do Fim do Mundo – A Noite Maldita’ do autor André Vianco.
            Também foram publicadas várias coletâneas de contos apocalípticos, como a antologia ’2013 – Ano Um’. No entanto, muito antes de 2012 chegar a Editora Andross publicava sua antologia apocalíptica ‘Dias Contados’, que atualmente tem 3 volumes.
Organizando o fim do mundo
            Inspiração para destruir o mundo não parece faltar entre os autores, mas a motivação de editoras e organizadores em continuar a publicar histórias do gênero é diferente.   Do ponto de vista de editoras e organizadores de antologia, o fascínio pelo tema também implica em várias questões e o debate é necessário. Um dos organizadores do volume 1 de ‘Dias Contados’, escritor e professor Danny Marks, falou que no início questionou o parceiro na organização, Ricardo Delfin, sobre a possibilidade de ampliar a perspectiva para o fim do mundo.“Chegamos a um consenso que o melhor seria dar a liberdade de um final subjetivo, além da possibilidade de um final objetivo. A ideia era brincar com o que seria um fim de mundo para uma mãe, um adolescente, para a humanidade, para um relacionamento,” revelou Danny Marks. “Muitas vezes o mundo como conhecemos termina, uma tragédia pessoal, mas para as outras pessoas nada aconteceu.” A ideia do livro partiu do escritor e editor da Andross, Edson Rossatto, que convidou Ricardo Delfin e Danny Marks para o projeto. Já a ideia de tratar o fim do mundo não apenas como a destruição do planeta, mas também de forma metafórica, para ter uma variedade maior de contos, foi algo idealizado pelos organizadores.  Ricardo Delfin fala da busca por diversidade para o livro, “se tivéssemos optado pela destruição literal, teríamos limitado a criatividade dos autores e a possibilidade de histórias”. Já a ideia para a antologia ’2013 – Ano Um’, organizada por Daniel Borba junto com a editora da Ornitorrinco, Alícia Azevedo, que também é escritora, surgiu num bate-papo.“A ideia partiu dela”, revela Daniel Borba. Ambos pensavam na possibilidade de organizar uma antologia de ficção científica juntos que, em vez de mostrar o fim do mundo, cheio de catástrofes, invasões alienígenas ou guerras globais, teria a ideia do recomeço de tudo. Mudando o foco e deixando a causa do fim do mundo de lado, apresentando apenas o “pós-apocalipse”.            Além do ponto de vista diferente, mesmo com um tema em comum, as antologias também contam com uma boa variedade de autores e estilos, seja porque a ’2013 – Ano Um’ conte com autores convidados somados a alguns jovens talentos, escolhido através de concurso, ou o fato da ‘Dias Contados’ ter apenas autores selecionados por concurso.
            A forma como uma coletâneas de contos é organizada pode variar, mas o objetivo da publicação sempre visa ter uma boa variação para alcançar um público maior e não a minoria habitual de leitores. Variação de gêneros e estilos é importante, pois há quem goste das clássicas histórias trágicas de fim do mundo, mas também há vários leitores que buscam as histórias com heróis, que diante do fim, vão conseguir impedir a destruição de tudo.  As mentes dos autores são uma Caixa de Pandora, como é o caso da autora Ana Lúcia Merege, que revela ter gostado do resultado da antologia ’2013 – Ano Um’, livro onde tem um conto. Porém a experiência a inspirou e atualmente aceitou o convite para ser uma das organizadoras da antologia pós-apocalíptica ‘Meu Amor é um Sobrevivente’, que faz parte da coleção Amores Proibidos da Editora Draco.            “Achei uma grande sacada, pois o imaginário dos leitores esteve e ainda está bem focado nos temas apocalipse e distopia, a partir das discussões em torno do fim do mundo maia, livros como ‘Jogos Vorazes’, séries sobre zumbis…”, comenta Ana. “Além de tudo discute-se muito o futuro do planeta, as possíveis catástrofes que viriam do aquecimento global… Tenho certeza de que haverá muitos interessados em ler histórias ambientadas nesse tipo de cenário.”
            Quando questionada como surgiu a ideia do conto para o livro ’2013 – Ano Um’, onde é uma das convidadas pelos organizadores Alicia Azevedo e Daniel Borba, a autora fala que logo de cara resolveu desenvolver uma ideia sobre uma comunidade isolada.            Sobre o conto de Ana Lúcia Merege, Daniel Borba comenta que a autora “apresenta uma sociedade com os mesmos problemas, mostrando que o ser humano é sempre o ser humano”.Os principais critérios para a escolha foram a qualidade literária e a adequação ao tema”, revela Ricardo Delfin. “Líamos todos os contos recebidos e trocávamos pareceres. Alguns autores eram bem novos na escrita, então analisávamos também o potencial dos autores e suas histórias. Quando  necessário, trabalhávamos em parceria com um autor para que pudesse explorar melhor seu potencial, sempre respeitando a ideia original.”
            “Não queríamos apenas um conto que se ajustasse ao tema e ao formato exigido, era preciso que fosse o melhor que o autor pudesse oferecer”, completa Danny Marks.            Independente do tema parecido, editores, organizadores e autores sempre buscam algo diferente para destacar seus livros. Ana Lúcia Merege fala que apesar do tema pós-apocalipse,  o foco de ‘Meu Amor é um Sobrevivente’ são histórias românticas. “A ideia é mostrar que mesmo em meio à catástrofe, ao desespero e a condições muito adversas o amor pode florescer.”
            “Enfim, cada autor trabalhou a catástrofe de maneira diferente,” conclui Daniel Borba.

2 comentários:

Lídia Borges disse...

“A ideia é mostrar que mesmo em meio à catástrofe, ao desespero e a condições muito adversas o amor pode florescer.”

É esta uma ideia a reter neste mundo conturbado e imprevisível.

Um beijo

Danny Marks disse...

Concordo com você, Lidia,

embora catastrofes possam sempre ocorrer, temos que continuar acreditando que podemos superar-nos e construir algo bom e duradouro.

beijod

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