sábado, 22 de fevereiro de 2014

Canto Norte à Princesa de Gelo – Danny Marks


          Escute, princesa distante, o som que vem do meu coração ...
e diga-me histórias que me façam dormir.
Acolhe em teu regaço os meus pensamentos e os cobre
com a neve dos teus olhos para acalmar a febre que me queima.
Sorria para mim as tuas mais belas mentiras e mostra a beleza
dos campos congelados dos sonhos que perdi.
Estáticos estarão pela eternidade ilusória das lendas
contadas no entorno das fogueiras do tempo.
Acaricia os meus cabelos com o som dos teus desejos
que, talvez, se tornem meus também
e canta para mim a surda canção dos séculos
que carregas com tanta majestade,
que te atribuiria mil sabedorias e verdades.
Dançamos no fim dos dias e essa lembrança
tem me acompanhado como o balsamo amargo
do que foi criado irrealizável.
Ainda me agarro aos momentos que impossivelmente teremos
no medo de perder o que não possuo
ao te buscar em meus delírios desiludidos.
Não me desejes piedade
a menos que tuas penas me deem asas de liberdade
que só conquistei ao perder tudo de mais precioso
que carregava como lastro
e que jamais me permitiriam alçar do chão as raízes
que me acorrentaram em solo fértil.
Deita-te ao meu lado para que possa sentir novamente
o toque evanescente da tua pele sobre a minha
sugando-me as energias de que não preciso,
para viver um ultimo momento de lucidez e loucura.
E quando o dia voltar e me encontrar desnudo
que possa fingir que as águas que me banham
são o teu suor, o teu corpo desfeito e retornado no vento norte...
E não as lágrimas da tua ausência em mim.


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