É a
gota d’água, ficar olhando acima de todos. Ninguém olha para cima, a menos que
lhes jogue algo sobre as cabeças desnudas.
Os
decotes são mais visíveis do alto, cortes nas roupas mal feitas, sapatos
estragados pelo andar torto, vicissitudes perdidas na multidão. O padrão é ser
diferente, esquisito.
Apressados
carneiros, assados ficam mais apetitosos, as peles avermelhadas marcadas por
tons mais claros como tatuagens tribais. Canibais.
Devoro
cada um deles em fantasias compondo um carnaval de melodias, nota a nota.
Notem,
sou eu que estou tocando sem mãos, a olhos vistos. Antenas portáteis que cruzam
espaços preenchidos por corpos deformados na lente, gente.
Teleguiados
é o que são, emissários de algo imaterial que se lança de um espaço ao outro. Entre
o ponto A e o B, explodindo em risada, choro, rosnado, grunhido e passos largos
de cacófagos. Bacteriófagos a inocular através da grande ocular.
Atiro
letras picadas ao vento, insultos desmembrados que não podem ser compilados. Complicados,
ninguém lê. Ofensas não sobrevivem sem destinatários risíveis.
Vivem informados apenas pelos donos, arrastando
suas tripas tensas para compor uma melodia sinistra, sol2 ou sol6, enquanto o
arco se arrasta, evolui e em desafino rompe a estratégia das notas.
Uma
luz cortante que apaga todas as outras. E à gota d’água se juntam tantas
outras.
No
escuro apenas os dentes brancos aparecem. Obrigado, Deus!
A
hora da caça chegou.
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